Podes fazer download gratuito do estudo ‘Igualdade de género ao longo da vida. Portugal no contexto europeu’
O livro que se apresenta dá conta dos principais resultados da pesquisa Igualdade de género e idades da vida que pretendeu responder de forma genérica à seguinte questão principal: como se caracterizam e estruturam as relações de género nas diferentes idades da vida, em diferentes contextos geográficos e sociais? Para responder a esta questão desenvolveu‑se uma estratégia de investigação procurando cumprir quatro objectivos principais.
“Acho que o estudo traz uma consciência real para perceber que de facto, apesar de muita coisa ter mudado, há ainda um longo caminho a percorrer”, defendeu a investigadora e coordenadora do estudo Anália Torres à agência Lusa.
O estudo considerou fundamental, em primeiro lugar, analisar as relações de género numa perspectiva dinâmica tendo em conta as seguintes fases da vida: a primeira que inclui a infância e a juventude (até aos 29 anos), a segunda que se designou por rush hour of life (dos 30 aos 49 anos) e a terceira, a chamada fase tardia da vida activa (dos 50 aos 65 anos). A fase da vida posterior aos 65 anos não foi incluída no estudo por necessidade de fechamento do campo analítico e para não aumentar a já complexa e extensa consulta a fontes estatísticas diversificadas.
Em segundo lugar, o estudo tratou, no essencial, de mapear e caracterizar as diferenças e semelhanças entre mulheres e homens analisando as relações que se estabelecem entre género e contextos sociais em Portugal e nos outros países europeus. Este mapeamento passou por identificar, numa perspectiva de género, os aspectos mais relevantes em cada idade da vida: educação, trabalho, articulação trabalho‑família, violência e causas de morte, saúde e valores accionando sempre que possível um conjunto de variáveis susceptíveis de produzir efeitos diferenciadores ou homogeneizadores: escolaridade, posição perante o mercado de trabalho, condições de vida e família, rendimentos, classes sociais.
“Em todos os países da Europa e em todas as profissões, as mulheres ganham menos do que os homens”, constatou a coordenadora em declarações à Agência Lusa.
A identificação de perfis de países europeus e de homens e de mulheres constituiu, em terceiro lugar, um objectivo relevante, que se concretizou através de uma análise de clusters, recorrendo a variáveis chave. Esta análise permitiu a identificação de perfis que aproximam ou afastam mulheres e homens de diferentes países europeus. Também a análise das classes sociais para alguns dos países permitiu, por um lado, identificar essa divisão no caso português e, por outro, verificar, como os lugares de classe de mulheres e de homens se comparam entre si na Europa.
Em quarto lugar, embora se trate no essencial de uma abordagem extensiva e de mapeamento e caracterização global, o estudo procurou avançar hipóteses explicativas para as diferenças e semelhanças encontradas entre homens e mulheres e nas diferentes idades da vida, a partir dos contributos das teorias de género e das ciências sociais. Também se recorreu aos resultados de estudos que abordam o tema e que se integraram na análise dos dados, quer ao longo do texto, quer em caixas específicas.
O fosso salarial atinge também os trabalhadores não qualificados, havendo uma diferença de 203 euros entre os salários de homens e mulheres. “É brutal, é muito dinheiro, e nos salários baixos esta desigualdade é fortíssima”, sublinhou Anália Torres à mesma fonte.
Procedendo à sistematização e análise de dados de fontes secundárias, nacionais e internacionais, numa trajectória que atravessa as três idades da vida e se funda numa perspectiva de género, o livro desdobra‑se em cinco capítulos. No primeiro capítulo, apresentam‑se as opções metodológicas e conceptuais que orientaram a pesquisa. Os capítulos seguintes tratam das diferentes idades da vida, seguindo uma estrutura semelhante. Em todos se analisam os temas do mercado de trabalho, da família e condições de vida, da violência e do crime, dos valores; também se identificam perfis de países e de homens e mulheres e se compara a distribuição das classes sociais por sexo num conjunto de países seleccionados. Mas esta abordagem inclui a variação necessária que permite enfatizar, em cada uma das idades da vida, as temáticas que se revelaram mais pertinentes em função da idade considerada. Assim, no capítulo 2, que se debruça sobre a Infância e Juventude, as questões da construção social do género nos diferentes contextos de socialização e a educação assumem particular destaque. Já na fase da rush hour of life, tratada no capítulo 3, os domínios do trabalho, da família e da articulação entre ambos, ganham ainda maior expressão. Por fim, na fase tardia da vida activa, apresentada no capítulo 4, abordam‑se todos os outros temas transversais mas surge de novo o tema da saúde. No capítulo 5, apresenta‑se uma perspectiva global e comparada das três idades da vida para os principais indicadores, situando Portugal no contexto Europeu.
O livro termina com um capítulo de Notas conclusivas, onde se sintetizam os principais resultados alcançados com este estudo e se tecem algumas considerações finais.
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