Mafra lança concurso de 4,5 milhões de euros para construção do Arquivo Nacional do Som

por Lusa,    24 Dezembro, 2024
Mafra lança concurso de 4,5 milhões de euros para construção do Arquivo Nacional do Som
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A Câmara de Mafra deliberou ontem lançar concurso para a construção de um edifício para instalar o Arquivo Nacional do Som, um investimento de 4,5 milhões de euros previsto para esta vila do distrito de Lisboa.

A proposta de concurso foi aprovada por unanimidade em reunião pública do executivo municipal.
A empreitada, financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), tem um prazo de execução de um ano após o seu início e um custo de 4,5 ME, segundo a proposta a que a agência Lusa teve acesso.
O PRR financia em 4,5 milhões de euros a construção e em mais dois milhões de euros a aquisição dos equipamentos.

O projeto do Ateliê Carvalho Araújo Arquitetos prevê a construção de raiz de um edifício enquadrado na zona envolvente, tirando partido do declive do terreno, com jardim de uso público e espaço para ampliação futura do arquivo.

O edifício vai ter cinco pisos: um primeiro enterrado com a entrada com zonas de serviço, outro aberto para infraestruturas técnicas, o piso de entrada com gabinetes administrativos e as zonas de maior interação com visitantes, outro com laboratórios e o último para os depósitos.

O Arquivo Nacional do Som vai reunir todo o património em espaços de depósito adequados à sua conservação e proceder à sua digitalização.

A estrutura de missão criada em 2019 para o Arquivo Nacional do Som encontrou “documentos sonoros ameaçados” pela degradação física ou tecnológica dos suportes em que foram gravados, disse à agência Lusa o seu coordenador, Pedro Félix.

Foram identificados meio milhão de registos pertencentes a várias entidades, 90% das quais se situam na Área Metropolitana de Lisboa, daí o interesse da localização do arquivo em Mafra.
Do Arquivo vão constar desde os primeiros cilindros de cera e discos de sulco largo da viragem do século XIX para o século XX, até aos recentes CD, sem esquecer os documentos “nado digitais”, que tanto podem ser gravações de paisagens sonoras e sons de pássaros até música publicada em plataformas digitais e ‘podcasts’.

O projeto resultou de uma parceria estabelecida entre o Município de Mafra e a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e tem sido desenvolvido por uma estrutura de missão tutelada pelo Ministério da Cultura e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

A criação do Arquivo Nacional do Som foi sendo adiada desde 2006 e voltou a ser referenciada em janeiro de 2016, quando o então Governo o incluiu nas Grandes Opções do Plano, o que foi visto como cumprimento de uma das promessas do programa eleitoral do PS.

Em março de 2018, a Assembleia da República recomendou ao Governo a criação de um Arquivo Nacional do Som, prometido desde 2006, com o objetivo de conservar a produção musical e registo fonográfico e radiofónico nacionais.

Um ano depois, o Governo aprovou a criação da equipa de instalação do Arquivo Nacional do Som, liderada pelo investigador Pedro Félix, cujo mandato foi renovado em 2021 para que os trabalhos fossem concluídos.

Em 2022, a estrutura de missão entregou o dossiê técnico do Arquivo Nacional do Som, em que são identificados “mais de 500.000 suportes de som, dos quais 170.000 necessitam de urgente intervenção”, podia ler-se no comunicado divulgado aquando da conclusão do levantamento efetuado.

Segundo a equipa, “esses documentos vão desde som musical a transmissões radiofónicas, de entrevistas a sons da natureza, de audiolivros a peças de teatro radiofónico”.

Os documentos identificados datam do final do século XIX à atualidade e encontram-se em suportes tão distintos como cilindros de cera e fio de arame até à cassete e aos ficheiros áudio, passando por bobinas de fita magnética e discos de todas as tipologias.

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