Parlamento português aprova por unanimidade voto de pesar pela morte da poetisa Adília Lopes

por Lusa,    10 Janeiro, 2025
Parlamento português aprova por unanimidade voto de pesar pela morte da poetisa Adília Lopes
Adília Lopes / Ilustração de Marta Nunes / CCA (@martanunesilustra)

A Assembleia da República aprovou hoje, por unanimidade, um voto de pesar do PSD e PS pela morte de Adília Lopes (sabe mais), no qual se considera que constituiu uma “perda significativa” para a literatura e cultura portuguesa.

Adília Lopes, licenciada em Literatura e Linguística Portuguesa e Francesa pela Universidade de Lisboa, faleceu no passado dia 30 de dezembro, aos 64 anos.

Assinado pelos líderes parlamentares do PSD, Hugo Soares, e do PS, Alexandra Leitão, no voto refere-se que Adília Lopes, pseudónimo literário de Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, “distinguiu-se pela originalidade da sua obra, que combina humor, ironia e uma visão singular sobre o quotidiano e os temas universais”.

“Além de poetisa, Adília Lopes desempenhou um papel relevante enquanto tradutora, cronista e documentalista, tendo trabalhado nos espólios de Fernando Pessoa, Vitorino Nemésio e José Blanc, depositados na Biblioteca Nacional. A sua obra é amplamente estudada no meio académico, refletindo a sua importância na cultura nacional”, refere-se no texto comum dos grupos parlamentares do PSD e PS.

No voto, assinala-se que Adília Lopes obteve em 1999 uma bolsa de criação literária do antigo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, o que lhe permitiu, entre outras coisas, reunir inéditos, publicando, em 2000, pela primeira vez, a sua produção literária num só volume, “Dobra”, com ilustrações de Paula Rego.

“Já no século XXI, editou, entre outros, A mulher a dias, bem como mais três edições da poesia reunida em Dobra, a derradeira das quais em 2024, quando completou 40 anos de vida literária dedicada a temas do quotidiano, tratados com humor e autoironia, candura e crueza, assumindo referências como Sophia de Mello Breyner, Nuno Bragança, Ruy Belo, Roland Barthes, a Condessa de Ségur ou Enid Blyton”, indica-se no mesmo texto.

No voto sustenta-se ainda que “a singularidade da sua voz poética, aliada à coragem de abordar temas como a saúde mental, garantiu-lhe um lugar especial entre os leitores e a crítica, consolidando-a como uma das figuras mais marcantes da literatura portuguesa contemporânea”. 

“A Assembleia da República manifesta o seu profundo pesar aos amigos, leitores e família de Adília Lopes, homenageando o seu legado literário e cultural, produto de uma vida e obra que trabalhou um outro modo de ver a realidade e uma maneira de dizer o mundo com outra gramática, empenhada na construção de uma democracia concreta”, lê-se ainda no voto apresentado pelo PSD e PS.

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