Parlamento português aprova por unanimidade voto de pesar pela morte da poetisa Adília Lopes
A Assembleia da República aprovou hoje, por unanimidade, um voto de pesar do PSD e PS pela morte de Adília Lopes (sabe mais), no qual se considera que constituiu uma “perda significativa” para a literatura e cultura portuguesa.
Adília Lopes, licenciada em Literatura e Linguística Portuguesa e Francesa pela Universidade de Lisboa, faleceu no passado dia 30 de dezembro, aos 64 anos.
Assinado pelos líderes parlamentares do PSD, Hugo Soares, e do PS, Alexandra Leitão, no voto refere-se que Adília Lopes, pseudónimo literário de Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, “distinguiu-se pela originalidade da sua obra, que combina humor, ironia e uma visão singular sobre o quotidiano e os temas universais”.
“Além de poetisa, Adília Lopes desempenhou um papel relevante enquanto tradutora, cronista e documentalista, tendo trabalhado nos espólios de Fernando Pessoa, Vitorino Nemésio e José Blanc, depositados na Biblioteca Nacional. A sua obra é amplamente estudada no meio académico, refletindo a sua importância na cultura nacional”, refere-se no texto comum dos grupos parlamentares do PSD e PS.
No voto, assinala-se que Adília Lopes obteve em 1999 uma bolsa de criação literária do antigo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, o que lhe permitiu, entre outras coisas, reunir inéditos, publicando, em 2000, pela primeira vez, a sua produção literária num só volume, “Dobra”, com ilustrações de Paula Rego.
“Já no século XXI, editou, entre outros, A mulher a dias, bem como mais três edições da poesia reunida em Dobra, a derradeira das quais em 2024, quando completou 40 anos de vida literária dedicada a temas do quotidiano, tratados com humor e autoironia, candura e crueza, assumindo referências como Sophia de Mello Breyner, Nuno Bragança, Ruy Belo, Roland Barthes, a Condessa de Ségur ou Enid Blyton”, indica-se no mesmo texto.
No voto sustenta-se ainda que “a singularidade da sua voz poética, aliada à coragem de abordar temas como a saúde mental, garantiu-lhe um lugar especial entre os leitores e a crítica, consolidando-a como uma das figuras mais marcantes da literatura portuguesa contemporânea”.
“A Assembleia da República manifesta o seu profundo pesar aos amigos, leitores e família de Adília Lopes, homenageando o seu legado literário e cultural, produto de uma vida e obra que trabalhou um outro modo de ver a realidade e uma maneira de dizer o mundo com outra gramática, empenhada na construção de uma democracia concreta”, lê-se ainda no voto apresentado pelo PSD e PS.