A constância dos Little Dragon em ‘Season High’
Os Little Dragon, banda originária da Suécia, celebram o seu décimo aniversário com um novo álbum . Desde o lançamento do primeiro LP, homónimo, que o seu som é um reflexo do synthpop como ele se apresenta atualmente: por vezes introspetivo, por vezes mais upbeat, e sempre com a constância das harmonias vocais de Yukimi Nagano, cuja voz também pode ser encontrada em colaborações com Gorillaz ou Kaytranada.
Season High saiu este mês, e não se distancia dos padrões do reportório da banda. Podemos facilmente dividi-lo em duas metades: uma primeira que começa forte, realçando a mais-valia dos elementos dos Little Dragon enquanto criativos, e o alcance e versatilidade vocal de Nagano. Celebrate e The Pop Life destacam-se pela utilização de tons mais altos, agudos; e, no caso da primeira, pela articulação da distorção da guitarra com os sons computorizados. São duas músicas quentes que em nada disso se tentam disfarçar, e que invocam noites de reunião e celebração entre amigos – ainda que isso seja mais uma caracterização do estado de espírito gerado pelas músicas, do que propriamente da música em si. High, por outro lado, evidencia a quietude sensual que a banda já tinha exibido em Machine Dreams, com Come Home ou Blinking Pigs. Mas se High é a melhor amostra vocal do álbum, Sweet é o melhor exemplo rítmico, que constata o porquê dos Little Dragon continuarem a ter sucesso após tantos anos no mundo da música. A canção é uma junção estilística do ambiente refrescante produzido pela banda em temas como Shuffle a Dream e Ritual Union, com a urgência de pace criada por Merrill Garbus no projeto tUnE-yArDs.
A segunda metade do álbum perde um pouco a voracidade da primeira, e cai numa excessiva redundância estilística, que em muito é causada pela repetição do beat – Push parece só uma versão mais acelerada de Strobe Lights – e dos sintetizadores a insistirem em tons mais graves. Don’t Cry, ainda que não tenha muito mérito rítmico, faz brilhar mais uma vez a voz de Nagano, o que justifica a tamanha procura da cantora por parte de outras bandas que fazem música dentro do mesmo estilo musical (ou, pelo menos, semelhante).
Liricamente, todo o álbum revolve em torno dos habituais “está / não está” das relações amorosas; contudo, parece evidente que neste projeto a letra nunca foi o foco principal, sendo somente um veículo para a cantora se expressar harmonicamente.
Assim se afere que Season High é um álbum que, mais ou menos bem, satisfaz os padrões da banda; esta não se aventura, mantém o nível, e, ainda que fazendo boa música, não procura exceder-se. Seria curioso tentarem enveredar por novos caminhos: rítmica, lírica e mesmo instrumentalmente.