A Covid-19 parece uma distopia, mas a história tem outra versão
Aconselho mesmo que vejam o vídeo que aqui partilho da RTP Ensina. Ajudou-me a desmistificar esta distopia e a perceber um pouco melhor o que estamos a viver. Todos já ouviram falar da gripe pneumónica (erradamente conhecida em Portugal como gripe espanhola). No tempo dos meus bisavós, as pessoas morreram aos milhões por conta desta gripe. Foi a pandemia mais implacável de sempre, precisamente há 100 anos. Em dois anos, matou mais do que a Peste Negra num século e que a Segunda Guerra Mundial.
É certo que a ciência e as condições de vida no mundo ocidental mudaram imenso, mas a mobilidade dos povos também não tem comparação. No entanto, não nos esqueçamos dos campos de refugiados e de que só agora o vírus está a chegar ao hemisfério sul.
Curiosamente, as medidas tomadas foram muito semelhantes, as dificuldades dos governos idênticas e os princípios comparáveis. Já existia contra-informação e também tiveram que lidar com muitos oportunistas que deixaram semente para hoje. Este vídeo é de 2015 e acredito que o historiador Fernando Rosas não suspeitasse que, em tão curto período de tempo, estaríamos neste lugar.
Não é um vídeo alarmante. É a história e a sua importância. Eu fiquei mais pragmático, condição essencial para os meses que se adivinham.
Como o microbilogista René Dubos (1901-1982) afirmou, as epidemias foram, muitas vezes, mais influentes do que estadistas e soldados a moldar o curso da História.
Texto de Luís Sousa Ferreira
O Luís é diretor do 23 Milhas, projeto cultural do município de Ílhavo. Fundador e diretor artístico do Bons Sons entre 2006 e 2019. Foi comissário do Caminhos do Médio Tejo, programa cultural em rede em 13 municípios, entre 2017 e 2019. Trabalhou no Centro de Estudos de Novas Tendências Artísticas e na experimentadesign. Em 2018, foi Membro do Grupo de Trabalho de Aperfeiçoamento do Modelo de Apoio às Artes e, desde 2019, é Membro do Conselho Consultivo Portugal Expo 2020 Dubai. Co-criador do colectivo cultural -mente.”