A harmonia de ‘Bringer of a Good Time’ deixa-nos rendidos aos The Lazy Faithful
The Lazy Faithful voltam ao estúdio depois do aclamado Easy Target em 2014. Dotados de criatividade singular, preenchem o vazio da nossa existência e o silêncio que nela existe com composições que nos transportam além das nossas sensações. O seu novo trabalho, lançado no passado dia 31 de Março, intitula-se Bringer of a Good Time. A 13 de Abril a banda apresenta o novo trabalho na cidade do Porto, no Maus Hábitos, e no dia 22 de Abril será a vez de Lisboa, no Musicbox.
O álbum tem início com “Minefield”, e, logo ali, deparamo-nos com a monumentalidade deste trabalho: repetimos a música várias vezes antes de conseguir avançar, tal é o poder cativante deste início. Um começo de leve, contudo, assertivo, e que nos preenche o silêncio como um raio de sol numa manhã cinzenta. O baixo, que irá culminar numa fusão singular, destaca-se aqui com um compasso certo, parecendo nunca ser ouvido vezes suficientes. Segue-se “Nukin’ in the Cookin”, tendo sido este o primeiro avanço deste trabalho. Vislumbra-se aqui a criatividade imensa impressa neste trabalho, numa música que, uma vez mais, parece nunca ser ouvida vezes suficientes. Com “Bringer of a Good Time“ começamos a perceber que afinal não são apenas as músicas que não parecem ser ouvidas vezes suficientes; é o álbum que merece ser repetido vezes e vezes sem conta. Uma rendição onde os instrumentos, voz e arranjos estão em perfeita harmonia.
Se havia dúvidas em relação aos arranjos e composições da banda, “Queen Anne” vem dissipar todas essas dúvidas. Uma composição singular onde vislumbramos nuances de Foo Fighters e Queens of the Stone Age, mas na forma já tão única a que os The Lazy Faithful nos têm vindo a habituar. “Never Got to Know” pode ser traduzida num transe na voz doce de Tommy Hogg que nos leva ao Nirvana do ser. Segue-se “Seal My Fate“ e agradecemos que não existam cânones estabelecidos para a criação musical, uma vez que a originalidade destes senhores é merecedora de uma vénia. Um suor criativo digno do reconhecimento de uma das melhores bandas portuguesas da atualidade. “Baby Don’t You Know” consolida aquilo que tem vindo a ser escrito. Estamos perante um álbum de criatividade e originalidade. Quando começam os primeiros acordes de “There Was a Light”, já se sente saudade deste trabalho e a condição de que irá ser repetido lá por casa vezes sem conta. É um arranjo lindíssimo. Mais uma vez, a harmonia entre a voz e os instrumentos é algo de transcendental. O final do álbum chega com “Beginning to End”, e, de novo, vemo-nos envolvidos na voz de Tommy Hogg — e, de novo, a harmonia presente no álbum deixa-nos rendidos a The Lazy Faithful.
Tecer uma crítica em relação a algo é sempre muito subjetivo. Afinal, nada mais é do que opinião de outrem, e isso vale o que vale. O certo é que depois de ouvir este trabalho, a consolidação dos The Lazy Faithful como uma das melhores bandas portuguesas da atualidade é real, e o seu trabalho comprova-o. A originalidade na sua criação faz deste álbum um dos mais bem conseguidos na música portuguesa nas últimas décadas, um daqueles álbuns que inevitavelmente vamos acabar por riscar das inúmeras vezes que o pusermos a tocar.