‘A Moment Apart’ encontra os Odesza no espaço, mas acompanhados
Em 2012, o duo eletrónico de Seattle Odesza, que integra Harrison Mills e Clayton Knight, formou-se. Ex-colegas de faculdade, contam já com três álbuns nestes 5 anos que nos separam da sua criação.
Pelo caminho, temos cerca de 22 milhões de visualizações no YouTube de “Say My Name”, e o remix da mesma, pelo DJ português RAC, foi nomeado em 2016 para o Grammy de Best Remixed Recording. Não estamos perante um grupo de somenos no panorama da música eletrónica.
O terceiro álbum, A Moment Apart, lançado no dia 8 de setembro, pela editora criada pelo próprio grupo, Foreign Family Collective, é constituído por 16 músicas. É de ressalvar a grande variedade de colaborações que o grupo se predispõe a realizar, mostrando a ambição de quem parte à conquista de novos horizontes. A própria narrativa e fotografia, a que os cinco singles já lançados recorrem, incide sobre a temática dos novos horizontes futuristas e espaciais.
A introdução, de um minuto e seis segundos, é evocativa da exploração espacial através de um monólogo sobre como um astronauta se pode manter são nos confins do espaço. A faixa que dá nome ao álbum remete-nos para terras orientais. Maioritariamente instrumental e com pouca voz, é uma ótima entrada para o álbum, sendo provavelmente a música que mais se identifica com o trabalho anterior de Odesza. As colaborações foram audazes e existem para todos os gostos, o que acaba por retirar alguma unidade ao álbum e à história que se pretendia contar.
A primeira das várias colaborações, “Higher Ground”, conta com Naomi Wild e vários remixes surgirão desta faixa, pois camadas instrumentais e letras sobre dúvidas amorosas não escasseiam. “Line of Sight” com WYNNE e Mansionair é um dos singles deste trabalho. É a faixa mais electropop de todo o disco. “Late Night” não conta com nenhuma colaboração e foge do ambiente chill, sendo a canção mais energética do álbum. Rapidamente o ambiente muda com “Across the Room” e a colaboração de Leon Bridges. É música de fim de verão, onde a voz de Leon encaixa na perfeição na batida calma e relaxada que a vai acompanhando. “Everything at Your Feet”, com The Chamanas, é extremamente simples, cantada em espanhol e pouco arriscada. O alinhamento do álbum muda após esta música, tornando-se mais calmo e melancólico.
“Just A Memory”, com Regina Spektor, é uma balada glacial a que os Odesza ainda não nos tinham habituado, e onde a voz de Spektor é protagonista. “La Ciudad” leva-nos finalmente a dançar, novamente com ritmos latinos e quentes, e é provavelmente a melhor música do álbum para a pista de dança. As duas últimas colaborações vão para Sasha Sloan, com “Falls”, em que nos diz que tudo vai ficar bem mesmo que tudo corra mal, e para “Corners of The Earth”, com o australiano RY X, balada que finaliza A Moment Apart num registo sombrio, com direito a coro e sem festa.
O terceiro álbum de Odesza peca por falta de coesão, acabando por tornar-se menos de Odesza e mais um produto de todos os que nele colaboraram. Talvez por terem tentado seguir um caminho semelhante (mas difícil de concretizar) de outros grupos, nomeadamente Disclosure, o som de Odesza deixou de ser dos próprios e tornou-se pouco identificável. Especial exemplo são as faixas “Just a Memory” e “Corners of The Earth”, que, apesar de serem boas músicas, não serão identificadas enquanto pertencentes ao duo. O grupo tem tournée marcada até fevereiro de 2018. Contudo, até ao momento, nenhum das datas passa por Portugal.