A Web Summit
Faltam poucas horas para se iniciar mais uma edição da Web Summit. Ao que parece todos os bilhetes (caros e baratos) foram vendidos. Muitas centenas de empreendedores de todo o mundo chegarão a Lisboa com ideias, cartões de visita e ambição. E muitas centenas de portugueses lá estarão também.
Encontramos na Web Summit gente interessante, ideias novas e originais caminhos. Mas a Web Summit não celebra, ao contrário do que se pensa e diz, um mundo novo, o que celebra é o mais velho pecado humano: o da ambição. Fechar negócios, ser visto, entregar o cartão às pessoas certas.
E ser aos olhos dos outros o que os outros esperam que se seja. Afirmativo, otimista, comunicador, global e vendedor (na maior parte dos casos de banha da cobra). Uma feira de gente adaptada a este tempo e que, na maior parte dos casos, se está a borrifar para o mundo. O que os atrai são os casos de sucesso, pessoas comuns transformadas em bilionários, o que os comove é a boa vida, o sucesso, as cotações de bolsa, os IPO’s.
O que celebramos na Web Summit é também a tragédia de um tempo em que os problemas reais de milhões de pessoas são secundarizados face ao progresso do virtual e do advento de novos génios parecidos uns com os outros. Muito engraçados. Muito vivos. Muito egocêntricos. Muito cosmopolitas. Muito bem-postos, cheirosos e persuasivos. Muito high tech, muito crowdfunding, muito pitch, muito fablab, muito hub, muito kickstarter, muito tec labs, yield e zeal. E muito networking, o mais importante de tudo.
Muito bom para Portugal ter a Web Summit. Mas não me peçam para glorificar um mundo que é feito do que parece. Gente muito agitadinha que me dá sono e vontade de não conhecer mais ninguém.