Agradecimento de um país a Simone de Oliveira

por Cronista convidado,    7 Abril, 2022
Agradecimento de um país a Simone de Oliveira
Fotografia de Oscar Keys / Unsplash
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Quando falamos de Simone de Oliveira, lembramo-nos logo da sua “Desfolhada Portuguesa”, dos teatros de Revista, do seu “Sol de Inverno” e de tantas outras canções com as quais ao logo dos últimos 65 anos deram tanto ao nosso país e á nossa cultura.

Ao longo de 6 décadas e meias, destacam-se 6 participações no Festival RTP da Canção (1964, 1964, 1968, 1969, 1973 e 2015), com duas vitórias e consequentes participações na Eurovisão, em 1965 (com “Sol de Inverno”) e em 1969 (com “Desfolhada”), uma participação no Festival da OTI, em 1980, participações em diversas telenovelas e programas (destaque para o programa Piano Bar, em 1988 e a versão de 2008 da telenovela “Vila Faia”), também participações em filmes e peças de teatro.

Mas Simone de Oliveira foi, é e será para sempre muito mais que a sua vastíssima carreira. Simone será para sempre um exemplo de luta, empoderamento e de persistência. Desde um primeiro casamento bastante problemático, ao facto de ter deixado o país perplexo quando a 24 de Fevereiro de 1969, cantou no palco do VI Grande Prémio TV da Canção Portuguesa as palavras “Quem faz um filho, fá-lo por gosto” naquele que foi talvez o seu maior sucesso, a “Desfolhada”.

Também por ter atravessado diversas doenças, como a perda de voz, em 1970 e durante cerca de dois anos, nunca perdeu a persistência e não podendo cantar, exerceu outras profissões, como jornalista, locutora de continuidade, apresentadora do concurso Miss Portugal na Figueira da Foz, sendo que recuperou a voz e logo em 1973, volta a participar no Festival da Canção com a canção “Apenas o Meu Povo” e ganha o Prémio de Interpretação e também tendo recuperado de um cancro da mama na década de 1980. Por tudo isto e também muito mais, pelo facto de ter sido sempre quem é e nunca ter tentado ser uma pessoa diferente, Simone continua a ser um exemplo, mesmo para as gerações mais novas.

O nosso país muito deve a Simone e um simples obrigado não chega, mas é o que podemos oferecer a esta enorme estrela que nos alegrou nas últimas 6 décadas e meia. Nesta hora em que disse adeus aos palcos, curiosamente no dia em que passaram 53 anos desde que no Festival da Eurovisão de 1969 cantou a nossa “Desfolhada” em Madrid, um Coliseu dos Recreios completamente cheio refletia o sentimento de um país inteiro ao ouvir pela última vez uma das suas vozes maiores. Não estive no Coliseu, mas também eu aplaudi e aplaudo de pé Simone de Oliveira!

Por tudo o que deu a Portugal, Obrigado, Simone de Oliveira!

Crónica de Iuri Barros.
Iuri é licenciado em História Moderna e Contemporânea no Iscte – Instituto Universitário de Lisboa e estudante de Mestrado na mesma área. É fã do Festival RTP da Canção e do Festival Eurovisão da Canção, sendo que está a desenvolver uma dissertação de mestrado sobre Portugal e a Eurovisão no Estado Novo.”

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