Ana Rocha de Sousa vai contestar decisão da Academia de Hollywood depois de esta rejeitar a candidatura de “Listen”
A Academy of Motion Picture Arts and Sciences (AMPAS) informou a Academia Portuguesa de Cinema que, após análise do filme “Listen” de Ana Rocha de Sousa, o International Feature Film Executive Comittee considerou a candidatura não elegível e solicita o envio de um novo candidato com a máxima urgência possível.
Apesar das particularidades da narrativa do filme justificarem o recurso a diálogos em língua inglesa, o fator de exclusão prende-se com um dos critérios de elegibilidade que obriga a que pelo menos 50% do filme candidato seja falado em língua não-inglesa.
“O que é mais importante? Contabilizarmos matematicamente a língua falada ou a causa que esse filme verdadeiramente expõe e dá a conhecer? É que neste caso ainda por cima a língua é forçosamente aquela. Eu não sei se ainda consigo ir a tempo de mudar esta regra mas não vou ficar quieta. Sou de causas, sou uma lutadora pela justiça e acho tudo isto inacreditável”, afirmou a realizadora Ana Rocha de Sousa à RTP.
Sobre o filme, protagonizadopor Lúcia Moniz, Ruben Garcia, pela atriz britânica Sophia Myles, Ana Rocha de Sousa adiantou também que “esta ideia surgiu em 2016, quando surgiram umas notícias sobre uma família portuguesa a passar por um caso de adopção forçada no Reino Unido. Na altura fiquei muito surpreendida e comecei a investigar. Fiquei, confesso, incrédula com o tema. Tinha sido mãe recentemente, a minha filha tinha 1 ano e eu, como tinha vivido no Reino Unido, sei exactamente que regras são regras lá. Sublinhando ainda o facto de estes casos acontecerem, sobretudo, com famílias de classes sociais desfavorecidas“, revelou a realizadora em Setembro deste ano.
Já segundo o Presidente da Academia Portuguesa de Cinema, Paulo Trancoso, “Ainda na fase de consideração de todos os filmes nacionais potencialmente elegíveis contactámos a AMPAS no sentido de obter esclarecimentos que fundamentassem a decisão de excluir ou incluir o filme de Ana Rocha de Sousa da lista de candidatos em consideração. Em resposta à APC, a AMPAS comunicou que apenas poderiam deliberar sobre a elegibilidade de um filme após o encerramento do prazo regular de submissões, existindo sempre a possibilidade de submeter um novo candidato caso o primeiro fosse rejeitado. Atendendo ao facto de que o filme justifica o recurso à língua inglesa por retratar a história de um casal imigrante português em Londres, e que uma parte considerável do mesmo tem diálogos em português e em língua gestual, o filme foi pré-selecionado pelo comité de seleção e acabou por ser o mais votado pelos membros da APC. Sabíamos que a aceitação do filme enquanto candidato de Portugal dependeria da flexibilidade do comité internacional da AMPAS e estávamos confiantes de que o contexto particular desta candidatura justificaria a sua aceitação, mas no final isso acabou por não acontecer.”
A Academia Portuguesa de Cinema abriu uma votação relâmpago às 00h de 18 de dezembro que terminará às 23h59 de domingo dia 20, durante a qual os membros da Academia votarão no novo candidato de Portugal aos Óscares 2021.
Os filmes em votação são os 3 nomeados pré-selecionados anteriormente: “Mosquito”, do realizador João Nuno Pinto, “Patrick” do realizador Gonçalo Waddington e “Vitalina Varela”, do realizador Pedro Costa .