“Ant-Man and the Wasp” é infelizmente um passo atrás para a Marvel
“Ant-Man and the Wasp” é o vigésimo filme do universo da Marvel. Realizado por Peyton Reed conta com o Paul Rudd a interpretar mais uma vez o papel de Scott Lang/Ant-Man e a partilhar o holofote com a Evangeline Lilly como Hope/Wasp.
Os acontecimentos deste filme ocorrem antes dos eventos de “Avengers: Infinity War”. Em “Ant-Man and the Wasp” encontramos Scott Lang condenado a dois anos de prisão domiciliária por ter quebrado o Tratado de Sokovia na emblemática batalha do aeroporto (relatada no filme “Captain America: Civil War”) onde Scott teve de abandonar o seu papel de herói. Porém, a poucos dias de cumprir a pena, ele tem um estranho sonho com Janet Van Dyne, a esposa de Hank Pym desaparecida no reino quântico subatómico há já vários anos. Ao procurar Hank, para tentar compreender a mensagem contida no sonho, é recrutado para uma missão de extraordinária importância. Por consequência, Scott Lang terá de alternar entre o seu papel de pai e o de super-herói.
“Ant-Man and the Wasp” é infelizmente um passo atrás em relação aos últimos filmes que a Marvel lançou como “Thor Ragnarok”, “Black Panther” e “Avengers: Infinity War”. O filme em si pouco contribui para o franchising dos filmes de Ant-Man ou para os filmes em que partilha o seu universo. Um enredo em que o objectivo é resgatar a mãe de Hope para depois nos créditos, esta desaparecer novamente, por causa dos eventos de “Infinity War”. Não faz sentido, tal como a própria sinopse do filme.
Ant-Man é uma das personagens mais cativantes e mais ridículas da Marvel e, tecnicamente é uma das mais poderosas. Há muito potencial nos seus poderes bizarros, mas não são realmente explorados nesta história.
Este filme segue mais do que nunca, a famosa fórmula da Marvel, de ter muito humor, com
vilões esquecíveis, bons momentos de acção e heróis carismáticos. Quanto ao humor, algumas piadas funcionam, mas parece que têm necessidade de dizer uma piada a cada minuto e, devido a isso, sente-se uma comédia forçada. O melhor momento cómico pertence mais uma vez, a Michael Peña. Quando o actor aparece, rouba quase sempre toda atenção do público, como já o fez no primeiro filme.
A Marvel preocupou-se, nesta 3.ª fase dos seus filmes, em melhorar os seus vilões por ter sido vítima de uma crítica negativa constante no passado. Em “Ant-Man and the Wasp”, aparentemente, pouco se importou com isso. A personagem Ghost interpretada por Hannah John-Kamen surge ameaçadora ao início, mas pouco tempo depois torna-se num cliché. Em menos de meia hora, ela já proclama o seu monólogo sobre o seu plano e a sua trágica história de vida.
Seguidamente na acção existem dois momentos distintos: o primeiro, com a Wasp numa cozinha, é visualmente estonteante, mas grande parte da sua prestação é mostrada nos trailers e por isso não existem grandes surpresas. O segundo é um conjunto de perseguições emocionantes onde se nota que investiram mais neste momento e que exploraram os poderes das personagens numa forma criativa e inovadora.
Ao longo do filme, ainda existem alguns encontros com a vilã Ghost que acaba por ter momentos de acção pouco ambiciosos e previsíveis de socos e pontapés, em que encolhem e aumentam de tamanho.
No entanto, não é só coisas más. Ant-Man é um herói modesto, terra a terra, com amigos, trabalho e preocupações. Paul Rudd consegue explorar bem este aspecto de simplicidade e ainda mostrar uma inocência, junto com a estupidez da personagem que faz com que a personalidade desta seja distinta de outros heróis também engraçados. Hope está no centro do arco emocional do filme, já que é uma missão de resgate para a sua mãe e Lilly é capaz de levar adiante esse enredo dramático, bem como as partes de acção. Wasp surge como alguém competente, confiante e responsável, diferenciando-se assim bastante de Ant-Man.
Por fim, “Ant-Man and the Wasp”, é um filme divertido, mas medíocre, que tem como intenção contar uma história alegre e independente dos acontecimentos do último filme da saga (“Infinity War”). Infelizmente sente-se um filme inferior em todos os sentidos em comparação aos últimos filmes que a Marvel tem vindo a habituar-nos.
Texto escrito por João Fernandes