António Reis e João César Monteiro: o que une “Jaime” e “Recordações da Casa Amarela”
As semelhanças entre “Jaime” e “Recordações da Casa Amarela”
Se, nos dias de hoje, sabemos que houve alguém chamado Jaime Fernandes — um simples trabalhador rural da freguesia de Barco, na Covilhã — diagnosticado com Esquizofrenia Paranóide e, consequentemente, internado no Hospital Miguel Bombarda aos 38 anos. Se sabemos que esse mesmo trabalhador rural, sem formação artística prévia, deixou uma obra elaborada, somente, nos seus últimos 4 ou 5 anos de vida, já depois da casa dos 60. Se, hoje, o presente texto está a ser escrito, tal se deve ao cineasta e poeta António Reis [1927-1991] pela realização do filme “Jaime”, que permite que o espectador comum vislumbre, veja e aprecie a grande riqueza do conteúdo dos desenhos deste simples trabalhador rural natural de Barco, que não mais se livrou do internamento até ao fim dos seus dias.
Foi em 1974 que o documentário, ou melhor, esta espécie de docuficção e já se vai explicar porquê — se estreou. Antes de “Jaime”, António Reis já havia co-realizado, no entanto, em conjunto com António Soares e Domingos Carneiro, o ‘Acto da Primavera’, de Manoel de Oliveira. Este filme etnográfico, de 1963, encena a ‘Paixão de Cristo’, popularmente dramatizada na aldeia da Curalha, do concelho de Chaves, terras transmontanas. Mas a ligação a Trás-os-Montes não se ficaria por aí. Já depois de “Jaime”, em 1976, realiza Trás-os-Montes, uma etnoficção, a primeira do género, sobre as origens, hábitos seculares e históricos desta região a norte de Portugal.
Estas são as bases das docuficções portuguesas. A docuficção, tal como o nome indica, é uma mistura entre o género documentário e a ficção. Não se trata, por isso mesmo, de um documentário tendo um ponto de vista mais real, mais jornalístico. Neste género, o realizador pode enveredar por interpretações, por exemplo, dramatizações, ou pode adoptar um olhar muito mais poético sobre o que se pretende dizer ou retratar. António Reis é relembrado, exactamente, por isso mesmo, resgatar raízes etnográficas de uma forma mais profunda e verdadeira do que se fizesse, apenas, um retrato fiel utilizado as mesmas técnicas de um documentário banal. Quando o próprio João César Monteiro questiona António Reis sobre o futuro trabalho sobre o nordeste transmontano — se iria utilizar, ou não, som directo — o realizador diria o seguinte, “…Dir-me-ás que é falsear o real, mas, no nosso sonho, não pretendemos atingir uma verdade absoluta..” Pode-se dizer que se trata de uma boa síntese da sua visão etnográfica e cinematográfica.
É curioso saber que João César Monteiro entrevistou António Reis, precisamente, sobre “Jaime” e que, de forma honesta, gostou do filme, caso se tenha em conta o “Recordações da Casa Amarela”, de 1989. Nas cenas imediatas antes do final — cena final essa que, aliás, denota uma clara influência do filme “Nosferatu”, de Murnau — a acção passa-se, justamente, no Miguel Bombarda, no panóptico do Rilhafoles. Segundo um artigo do Observador sobre o referido panóptico (edifício de observação total e que forma um círculo), que é nem mais do que o Pavilhão de segurança do Miguel Bombarda, este trata-se de “um museu da psiquiatria portuguesa.” (…) “Um dos raros existentes no mundo e como tal classificado pelo IPPAR”. O IPPAR é o Instituto Português do Património Arquitectónico.
Mas são visíveis, sim, influências de “Jaime” em “Recordações da Casa Amarela”, nas cenas gravadas no Miguel Bombarda. Um aspecto pelo qual se pode começar constitui-se pelos próprios gestos de trabalho, levando a uma indistinção entre funcionários, trabalhadores e internados. Em “Recordações da Casa Amarela”, por exemplo, é significativa a cena em que Lívio — a personagem de Luis Miguel Cintra — serve a sopa, no refeitório, a João César, ao mesmo tempo que se trata de um internado. Há uma razão para essa cena figurar dessa forma. Tem o mesmo efeito de uma cena de Jaime, na qual os internados estão a ser barbeados. João César Monteiro contrapôs António Reis com isso mesmo, com o facto da doença nunca estar presente no filme e os gestos de trabalho, entre os barbeiros profissionais e internados, serem idênticos. O que há de distintivo é mesmo a indumentária.
Outra influência directa é quando, em “Recordações da Casa Amarela”, há um frame em que se filma através de um círculo ou furo redondo da porta, mas em vez de se filmar para a pessoa observada, foca-se o olhar de quem observa. “Jaime” inicia sob uma espécie de lente ou de olho mágico pelo qual podemos espreitar para o relvado do Panóptico. Talvez porque panóptico signifique isso mesmo, um edifício de observação total sob um determinado ponto, daí a impressão do olho que espreita e observa. A diferença, neste aspecto, prende-se com o foco — em “Jaime” vemos o observado, em “Recordações da Casa Amarela” vemos, directamente, os olhos de quem observa. Se colocarmos estas cenas em sobreposição, quase que ficamos com um complemento — quem olha e quem é olhado.
Outros aspectos de influência notórios entre “Jaime” e “Recordações da Casa Amarela” surgem ainda na forma e disposição como os internados surgem filmados e até em Travellings, no relvado do panóptico. Em primeiro lugar, ambos os filmes dão a ideia de frisos quando os internados são filmados, de forma ordeira, sentados nos bancos que orlam o relvado, enquanto elaboram um trabalho, ou até mesmo quando estão na dita cena da barbearia. Friso, de forma geral e para o que interessa neste caso, é a repetição de um motivo ou padrão decorativo, sob uma única direcção, normalmente horizontal. Na arte clássica, por exemplo, de forma bastante básica, são as grandes faixas decorativas que, geralmente, separam as cornijas da arquitrave, no conjunto do entablamento, na parte superior do edifício. A forma como os internados surgem sentados nos bancos também apresenta similitudes com “Jaime”. Outras das semelhanças é quando João César Monteiro começa a andar e, depois, a correr desenfreadamente, junto aos bancos, dando a volta ao panóptico, ao mesmo tempo que a câmara o acompanha. Há a pretensão de mostrar o efeito circular do próprio panóptico. Esse efeito circular não só está presente em vários travellings de “Jaime” como, também, no início do filme, há um internado que anda de um lado para o outro, ao longo do panóptico.
Quando João César Monteiro entrevistou António Reis, sobre o filme “Jaime”
Todas estas semelhanças entre “Jaime” e as cenas de “Recordações da Casa Amarela” gravadas no Miguel Bombarda ganham uma outra vida e sentido, caso se leve em conta que, a pedido do realizador Fernando Lopes, João César Monteiro entrevistou, mesmo, António Reis sobre “Jaime”. Fernando Lopes era, então, director da revista “Cinéfilo” — revista de cinema, essencialmente, e artes — e o realizador que deu vida a “João de Deus” aceitou o pedido. Como curiosidade, o número da revista na qual a entrevista foi publicada, compreendia a semana de 20 a 26 de Abril, de 1974. A conversa entre os dois realizadores saiu, portanto, na semana em que se deu a “Revolução dos Cravos”.
A entrevista que, como seria de esperar, teve um tom mais de conversa, foi extensa, bastante extensa, mas com imensos pontos pertinentes. João César Monteiro partiu de uma apreciação global do trabalho de António Reis até então, 1974, seguindo, depois, para “Jaime”, o filme em estreia. Por essa mesma razão é que se trata de uma conversa bastante elucidativa.
Mas antes da entrevista em si, convém recordar o que significa a obra de Jaime Fernandes. Natural de Barco, Covilhã, Jaime foi internado aos 38 anos, então, no Hospital Miguel Bombarda. Aí permaneceu internado, até aos 69 anos, idade com que viria a falecer, em 1969, deixando viúva a sua esposa, Evangelina Gil Delgado. Foi um trabalhador rural e assim se manteve até ao seu internamento, com um diagnóstico que acusava Esquizofrenia Paranóide. Não consta que tivesse nutrido, na sua juventude, interesse pelo desenho ou que tivesse qualquer tipo de formação na área. O seu trabalho só viria a ser desenvolvido, sensivelmente, 4 ou 5 anos antes da sua morte, ou seja, depois dos 60 anos. Foi algo que brotou, além dos seus inúmeros escritos — escrevia compulsivamente — da sua pura necessidade e vontade espontânea.
Em Portugal, o pintor Jaime Fernandes é o expoente máximo de “Arte Bruta”, ou seja, de forma geral, arte que procura desvincular-se de qualquer influência padrão ou formal, devendo muito à fenomenologia — portanto, pode-se dizer que é arte que brota da mais funda espontaneidade. No caso do Brasil, este tipo de arte anda de mãos dadas com a arte concreta, um estilo com uma forte incidência em figuras geométricas. Tal aconteceu, porque foram os exemplos espontâneos demonstrados pelos internados de “Engenho de Dentro”, sob a atenção e cuidado da psiquiatra Nise da Silveira. Acreditava-se, também, que a forma do geometrismo, por si, funcionaria melhor como oposição às formas da natureza, à arte figurativa e naturalista. Seriam, portanto, as formas que estariam mais libertas de qualquer tipo de influência.
Nise da Silveira achou que a teoria junguiana — principalmente no ênfase dado às mandalas, à forma circular e à teoria arquetípica — seria a que mais se adaptaria ou explicaria melhor estes casos de arte espontânea. O trabalho dos seus pintores surge, por isso mesmo, pensado e analisado à luz dos arquétipos junguianos. A principal diferença é que no Brasil formou-se um grupo entre os internados do “Engenho de Dentro”. Foi esse mesmo grupo que acabou por relançar as bases da Terapia Ocupacional, nas terras de “Vera Cruz”. Os artistas não estavam sozinhos, pois usufruíam do amparo da psiquiatra Nise da Silveira e do pintor Almir Mavignier, que então trabalhava como voluntário no mesmo hospital psiquiátrico que Nise da Silveira — gerou-se, portanto, um acervo para a conservação das obras dos pintores.
No caso de Jaime Fernandes, pelo que se sabe actualmente, no seu tempo tratava-se de um caso isolado no Miguel Bombarda (frisa-se aqui, pelo que se sabe) e, pelo menos de forma anunciada e divulgada, não consta que, contemporaneamente à data do seu internamento, o seu trabalho tenha sido pensado ou analisado à luz de qualquer teoria psicológica ou psiquiátrica de raíz. Como consequência, grande parte da sua obra perdeu-se e, outra tanta, se dispersou, perdendo-se uma essencial ideia de conjunto.
Por essa mesma razão é que o documentário de António Reis se torna tão importante. Foi das primeiras (ou mesmo a primeira) porta de entrada para um reconhecimento mais cuidado e transversal de Jaime Fernandes. É por causa desse documentário que o artista que calhou ter sido trabalhador rural é falado ainda hoje.
De forma geral, o seu trabalho caracteriza-se por texturas densas, compostas por uma fusão de linhas feitas a tinta esferográfica. Essas linhas tanto podem dar a ideia de redes, como as redes dos pescadores; pontilhados subtis que podem despertar a ideia de estrelas ou de noite; rios ou, então, redes com a função de uma grade que prende. Quanto à composição, há o alinhamento e enquadramento dessas mesmas linhas com figuras de forma animal e humana, tal como muitas das figuras de ordem mitológica. Na parte animal, também, em alguns casos, não se pode dizer com clareza ou exactidão qual animal se trata, sendo essa uma conjectura mais indefinida do que, propriamente, definida. Recordando o que já se disse sobre geometria, também em Jaime são visíveis trabalhos com forte noção geométrica e simétrica. A par dos seus desenhos, outro aspecto que o filme de António Reis não descurou, tem a ver com a grande quantidade de escritos que Jaime deixou, repletos de frases marcantes como, por exemplo: “Ninguém, só eu”; “Estrelas. Depois olhai as nuvens. Metermos nelas 1000 homens dentro” e, talvez, a mais impactantes, “Oito vezes Jaime morreu já cá.” A mais impactante porque faz pensar, directamente, na questão retórica de quantas vezes é possível morrer e voltar a nascer numa só única vida.
Por todas estas simbioses, é que António Reis não gostava que se referissem a “Jaime” como um documentário. Era mais do que isso. Para se falar de “Jaime” e do seu trabalho, havia de se ter em conta as suas mundividências interiores e a sua correlação com os aspectos da natureza e da sua vida rural, como também, a sua morte e o seu renascimento como um outro “Jaime”, aquando do seu internamento.
João César Monteiro começa por confessar, na introdução da entrevista, que, em primeiro lugar, conhecia pouco de António Reis. “E que sabia eu de António Reis? Que escrevera os diálogos de, já tão longínquo, Mudar de Vida, de Paulo Rocha? Que publicara dois (ou mais?) livros de poemas (Poemas Quotidianos e Novos Poemas Quotidianos) que nunca li? Que nasceu no Porto e por lá viveu até há pouco, o que, ainda por cima, não era, antes pelo contrário, nenhuma recomendação especial, sabido como é que o Porto já deu o cineasta que tinha a dar e, como se isso não fosse já bastante, houve ainda que honrá-lo como instituição cinematográfica à lusa escala?” Para depois concluir o seguinte: “Estou a falar de António Reis e do dia em que o conheci e que, por acaso profissional, coincidiu com a primeira vez que vi Jaime, quanto a mim, um dos mais belos filmes da história do cinema, ou, se preferem: uma etapa decisiva e original do cinema moderno, obrigatório ponto de passagem para quem, neste ou noutro país, quiser continuar a prática de um certo cinema, o cinema que só tolera e reconhece a sua própria austera e radical intransigência. (…) António Reis pode, por um lado, pontuar exemplarmente a altitude moral a que nos obriga a nossa responsabilidade de cineastas e, por outro, suscitar um tipo de reflexão e discussão que torne algum cinema português mais próximo de formas de cultura de expressão genuína, e nascidas do duro conflito capaz de as desvincular de pesadas e sufocantes heranças ideológicas, o que nada tem a ver, Deus me livre, com o chavão muito em voga, e que não significa nada que sentido faça, de que «são precisos filmes que falem da realidade portuguesa.»”
Esta parte final, por si só, remete para duas ideias essenciais — “Jaime” não é um documentário, tendo em conta um ponto de vista realista e, claro, aqui não está em jogo uma verdade absoluta. Como António Reis responde quando João César Monteiro lhe diz que “são muito estranhas as tremuras” que a viúva de Jaime tem, “… e nunca digam que, no filme, esse aspecto é documental, porque eu zango-me. Não tem nada a ver com um documentário, nem biográfico, nem nada. É uma espécie de memória e de imaginação.”
Quanto à questão dos frisos, já abordada, o realizador de “Recordações de Casa Amarela” relembra: “No final da panorâmica, na barbearia, falaste em friso e, realmente, as figuras são dispostas em friso. Ao que António Reis comenta: “Ainda é uma metáfora do Jaime a pintar, cuja obsessão e fascinação ouvimos na banda sonora. E as figuras que lá estão ainda são as figuras obscuras que o Jaime dizia pintar. Na obra expressionista dele há um contraponto entre a pintura animalista e o humano, as partes animalistas são os arquétipos do campo, dos campos, de qualquer época, e aquelas figuras expressionistas são não só os seus companheiros de hospital, mas os companheiros de qualquer quartel, de um hospital que não seja de alienados, de uma cadeia, de um orfanato, etc. São, digamos, os homens com número. O friso que aparece no final da panorâmica é o homem submetido ao ordenador. Ordenador da época, ou não. A construção do filme entra e sai dos desenhos. Quer dizer: não há desenhos de um lado e vida real do outro. Entra-se e sai-se livremente. Faz tudo parte de uma unidade que é o filme. Na realização há uma estilização das figuras de Jaime e, nas figuras de Jaime, pela estilização que se operou, o real hospitalar acaba também por ser reflectido.”
O friso no final da panorâmica, refere-se ao plano da barbearia, o tal que impressionou João César Monteiro por não haver distinção, quanto aos gestos de trabalho, entre barbeiros profissionais e os internados. A resposta que é dada a João César Monteiro é a seguinte: Nesse friso, até queria chamar a atenção para o facto de poderes encontrar figuras das mais admiráveis, desde figuras que poderiam ser de grande estatuária românica, barroca, a homens do dia-a-dia. De resto, se uma preocupação tive, e poderia ser um princípio moral, foi indeterminar e destruir a fronteira da normalidade e da anormalidade, sem «parti-pris» [preconceito, opinião pré-concebida], mas pela razão simples de me estar no sangue e na inteligência, até porque estou convencido que grande parte dos anormais estão cá fora e muitos normais, hospitalizados. Classifico mesmo essa divisão, em extremo, como racista. É um dos grandes problemas do nosso tempo, em qualquer parte do mundo, e tentar destruir esse preconceito era, para mim, muito importante. (…) Trabalhei com eles com grande alegria. Foram admiráveis em tudo o que lhes pedi e em tudo o que ajudaram.”
Falta ainda averiguar a questão do início de “Jaime”, a falta de visibilidade ou espraiamento para o espaço, no seu geral, criando a ilusão de alguém que observa sem ser observado, ou a ideia de um tal olho mágico circular. Concretamente, João César Monteiro pergunta sobre esse tal jogo circular do início, jogo circular esse que, segundo o realizador de “Branca de Neve”, consta em todo o filme. Para António Reis, “podia dizer-se que se espreita para qualquer sítio, assombrado com o que se vê, ou para não ser visto, e não se pode mostrar o espaço todo. É uma selecção visual, não há espraiamento. O compromisso de a câmara ter sido usada à mão, e representando, em certa medida, o desmunido do olho humano, pareceu-nos a maneira mais certa de chegar a uma certa crueza de observação.”
É impossível não pensar em “Jaime” como um filme de conjunto. Sim, um filme de conjunto, essencial para resgatar e nos pôr em contacto com a obra de Jaime Fernandes, quando grande parte desta se encontra dispersa ou desaparecida. Nele figuram as arcas abertas que Jaime deixou para trás e para as quais queria voltar, os seus barcos, os seus rios – a água era um elemento constante e bastante importante — as tremuras da sua viúva. Por oferecer essa ideia de conjunto e extrapolar o lado concreto que o documentário, no geral, oferece, é que António Reis gostaria que “Jaime” fosse considerado um filme de fundo. António Reis e João César Monteiro parecem aliar-se nessa mesma ideia — a deixada por Novalis, “quanto mais poético verdadeiro”. Daí haver uma complementaridade entre os dois realizadores.
Como António Reis reitera, “o que se tentou foi mais uma dialéctica da pintura do Jaime, com todas as implicações poéticas, dramáticas, biográficas, etc. É por isso que acho injusto que não se considere “Jaime” um filme de fundo, um filme de ficção. Não é uma história, mas é um filme onde tudo tem importância. Até o seu aspecto descascado, sem preciosismo.”