Apresentação de “Grande Turismo”, de João Pedro Vala, nas Correntes d’Escritas

por Mário Rufino,    2 Março, 2022
Apresentação de “Grande Turismo”, de João Pedro Vala, nas Correntes d’Escritas
Apresentação de “Grande Turismo” / DR

As ruas da Póvoa de Varzim confluem para o Cine-Teatro Garrett nos dias em que as Correntes d’Escritas animam os poveiros. São já 23 edições onde novos autores convivem com autores já estabelecidos nos gostos dos leitores. É o caso do crítico e tradutor João Pedro Vala (1990). 
Na Sala de Atos, o autor nascido em Lisboa, apresentou o seu primeiro romance. 

“Grande Turismo” (Quetzal) teve a primeira apresentação nacional no maior festival literário do país, agora regressado aos abraços e às palmas, depois de um ano em regime on-line devido à pandemia. 
Na sua companhia esteve a editora Lúcia Pinho e Melo e Afonso Reis Cabral, vencedor do Prémio José Saramago 2019. 

Segundo Afonso Reis Cabral — primeiro leitor deste livro —, João Pedro Vala fala de coisas sérias com humor. O romance está-se a marimbar para a realidade. As várias linhas condutoras são as realidades que interessam para o autor. 

Apresentação de “Grande Turismo” / DR

O humor e a ironia de João Pedro Vala, que se confunde com o personagem homónimo, subvertem a relação com leitor.  
Na sua auto-caracterização ficamos a saber — além de pertencer à classe média-alta, ter namorada e recorrer a referências literárias — sobre o amor, a amizade, a “orfandade de pais vivos” e da sua “sexualidade pedinte”.  

Seja como for, o leitmotiv do romance, para Afonso Reis Cabral, é a acção versus a inação com recurso a estratégias proustianas na narrativa (recordemos que João Pedro Vala finalizou o curso de doutoramento com uma tese sobre Proust). 
A grande tragédia do narrador é a normalidade, principalmente quando se tem a necessidade de pedir desculpa pelas qualidades. 

Por sua vez, João Pedo Vala disse que “Grande Turismo”, apresentado na capa como “provavelmente um romance”, concentra 16 histórias de um “tipo” chamado João Pedro Vala. 
O autor olhou para a sua vida à procura dos momentos mais interessantes para transformá-los em ficção, ou seja, apoiou-se na sua vida para chegar a um sítio que queria chegar. Esse sítio é a ficção. 
«O “Grande Turismo” é mais sobre mim a tentar falar convosco, à procura da maneira certa para eu olhar para a minha vida, como um miúdo que desmonta um relógio a tentar perceber o que é o tempo; é sobre mim a ver se encontro algum consolo no meio desta confusão toda que consiste em ver o mundo, em ver-vos, a partir de fora, e cá fora está frio e muitas vezes é solitário e triste. É sobre mim a tentar fazer sentido de tudo e — “spoiler alert” — não consigo. Foi bom enquanto o fazia — e eu sei que vos maltrato enquanto leitores — foi bom imaginar-vos desse lado a fazerem-me companhia e a dizerem que estava tudo bem e que estavam aqui comigo.» 

O livro será apresentado em Lisboa, no dia 11 de Março. 

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