“Árvore da Vida” de Joana Vasconcelos e Mário Cesariny nas novas exposições do MAAT
A exposição “Plug-in. Joana Vasconcelos”, que incluirá “Árvore da Vida”, e “O Castelo Surrealista de Mário Cesariny” (1923-2006) estão entre as exposições que são inauguradas a partir de 29 de setembro no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa.
A nova exposição de Joana Vasconcelos será a primeira a inaugurar, reunindo um conjunto de peças da artista, seguindo-se, a 05 de outubro, data do aniversário do museu, a dedicada a Cesariny, e ainda, “Álbum de Família. Obras da Coleção Fundação Carmona e Costa”, e “Ciclóptico. Paulo Lisboa”, indicou à Lusa fonte da comunicação do MAAT.
A “Árvore da Vida” – uma estrutura de 13 metros, representando as emoções vividas no confinamento, com a expectativa de um recomeço mais harmonioso – esteve instalada na Capela do Castelo de Vincennes, em Paris, em abril deste ano.
Inicialmente projetada para a Villa Borghese, em Roma, o que não chegou a concretizar-se devido à pandemia, “Árvore da Vida” nasceu do trabalho feito durante esse período. A equipa de Joana Vasconcelos ficou confinada em casa a bordar as folhas da árvore que passaria a ser dedicada à vida, associada à ideia de recomeço, explicou a artista numa entrevista à agência Lusa, em abril passado, em Paris.
A obra, inspirada no mito de Dafne – em que o primeiro amor do deus Apolo, da mitologia grega, o rejeita, e pede ao pai que a ajude a fugir, acabando por transformá-la num loureiro – foi concebida para a Temporada Cruzada entre Portugal e França, inicialmente prevista para 2021.
“Foi algo produzido em plena pandemia, a partir de reciclagem de materiais e tecidos que tinha no ateliê. Foi a ocupação de muita gente durante muitos meses e foi o foco das emoções – até o desespero e ansiedade – e a pergunta ‘o que será o futuro?’. Todas essas emoções fazem parte deste projeto. Disse à equipa e a mim própria, que tinha de fazer algo positivo e fantástico para comemorar a saída desse período”, explicou a artista, antes da inauguração em Paris.
Joana Vasconcelos criou uma “árvore luxuosa e sensual” em tons de vermelho, castanho e dourado, com um intrincado tronco de tecido, em várias técnicas artesanais com lãs e outros materiais, que se propaga depois na copa em dezenas de ramos que acolhem cerca de 140 mil folhas, algumas em bordado de Castelo Branco, outras cobertas de lantejoulas, e ainda folhas de couro, onde foram instaladas milhares de luzes LED.
Esta obra devia ter sido inaugurada em setembro de 2022, de forma a encerrar a Temporada Cruzada entre França e Portugal, mas devido a problemas técnicos, a abertura foi adiada para abril, para a Capela do Castelo de Vincennes, em Paris, e virá a 29 de setembro para o museu junto ao Tejo, em Lisboa
A 05 de outubro – data do sétimo aniversário do MAAT – o museu irá inaugurar três novas exposições: no ano do centenário do nascimento de Mário Cesariny, será celebrada a figura do Surrealismo português, numa mostra com curadoria de João Pinharanda e cocuradoria de Afonso Dias Ramos e Marlene de Oliveira.
“Não se restringindo a uma exposição monográfica, nesta mostra exploram-se as fontes que alimentaram a criatividade do artista e poeta, bem como outros percursos que o acompanharam, procurando na criação nacional e internacional a genealogia que, para si mesmo, e para o surrealismo português, Cesariny inventou”, refere um texto sobre a programação MAAT 2023.
Recuperando o título da obra que dedicou ao trabalho do casal de artistas Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szénes, a exposição contará com a colaboração de entidades como a Fundação Cupertino de Miranda, em Famalicão, que detém a maioria do espólio de Cesariny, e integrará um conjunto de atividades complementares e publicações.
Na mesma data, irá inaugurar, com curadoria de João Pinharanda e Manuel Costa Cabral, a exposição que apresenta a Coleção Carmona e Costa, reunida por Maria da Graça Carmona e Costa – uma das maiores mecenas privadas do país – ao longo de 50 anos, mas que nunca foi mostrada de modo sistemático.
Esta exposição, intitulada “Álbum de Família – Obras da Coleção Fundação Carmona e Costa”, pretende dar conta do gosto da colecionadora e de parte significativa da história da arte portuguesa nas últimas décadas, explicitando o modo como nela interveio Maria da Graça Carmona e Costa, através das duas instituições que criou: a galeria Giefarte e a fundação em seu nome.
Paulo Lisboa, e a sua investigação plástica será alvo de uma outra exposição – “Ciclóptico” -, a inaugurar na mesma altura, na sala Cinzeiro 8, com desenhos, objetos e projeções que colocam questões essenciais relacionadas com a prática técnica do desenho e a faculdade da visão.
Nesta mostra, o artista nascido em Lisboa em 1977 – que estudou artes plásticas e pintura na Escola Superior de Tecnologias do Instituto Politécnico de Tomar – apresenta obras recentes, em que aprofunda as suas linhas de trabalho, sobre a luz e a sua ausência.
Paulo Lisboa realizou, entre outras, a exposição individual “Um esqueleto entra no bar…”, na Fundação Leal Rios, em Lisboa (2020), e participou na coletiva “Muitas vezes marquei encontro comigo próprio no ponto zero”, no Atelier-Museu Júlio Pomar, em Lisboa (2019).