‘As You Were’: a estreia a solo de Liam Gallagher não convence
Liam Gallagher é um nome que a ninguém é estranho, na indústria da música. Mítico membro dos Oasis, viria a formar os Beady Eye antes de embarcar agora numa carreira a solo. Há duas formas de encarar este novo trabalho de Liam Gallagher: a continuação da sua carreira como músico, depois de Oasis e Beady Eye, ou o início de uma nova etapa, sem expectativas ou cânones passados associados a si. Apesar do artista encerrar em si um legado já pesado, devemos receber este novo álbum como ele é: a estreia de um artista a solo, sem criar grandes expectativas prévias. A voz inigualável continua lá, trazendo de volta lembranças de outrora. Contudo, este é um novo Liam, despido da imagem de frontman de uma banda de Manchester; está agora a solo em palco, apresentando As You Were.
O álbum arranca com “Wall of Glass”, um dos singles de avanço do álbum, novamente com pesadas influências do trabalho que Liam houvera feito em Beady Eye. Sem fôlego para conquistar, este tema acaba por sobressair pelos riffs e o refrão que fica no ouvido. A melodia calma de “Bold” une dois favoritos de qualquer fã de Liam Gallagher: a sua voz e uma guitarra acústica, que assentam este como sendo um tema razoável. “Greedy Soul” é o tema seguinte, e mais um que continua a não convencer.
“Paper Crown” traz-nos de volta o duo de guitarra e voz de Liam, que, até agora, podemos dizer ser o melhor do álbum. Na falta de coesão dos arranjos e das letras, a sua voz acompanhada por guitarras acústicas em melodias doces traz a harmonia que salva o álbum. O álbum segue com “For What It’s Worth”, que tem uma melodia muito semelhante aos trabalhos anteriores de Beady Eye, em adição à voz que lembra os tempos épicos de Oasis. Contudo, falta-lhe algum fôlego para alcançar a classe que vislumbra no horizonte. “When I’m in Need” encerra em si uma letra belíssima, mas não consegue transpor essa beleza para a melodia, acabando por ser uma balada fraca.
“You Better Run” e “I Get By” trazem uma sonoridade mais rock ‘n’ roll. Todavia, Liam Gallagher continua a não convencer com as suas composições, dando mais provas de que este é um álbum bastante fraco a nível de letras, arranjos e melodias, muito aquém das suas capacidades criativas. “Chinatown” é mais um dos temas de avanço deste trabalho, sob a forma de balada. Talvez não seja a melhor do álbum, mas mais uma vez demonstra que o melhor deste álbum se encontra nas baladas.
Segue-se “Come Back to Me”, em mais uma espécie de fusão dos últimos álbuns de Oasis com a sonoridade de Beady Eye, que não mostra grande poderio, contudo. “Universal Gleam” afirma-se como a música mais bem conseguida do álbum, fazendo lembrar os tempos memoráveis dos Oasis, com a voz de Liam a acompanhar esta reminiscência. O álbum encerra com “I’ve All I Need”, que se destaca pelos arranjos vocais harmoniosos. Contudo, deixa ainda algo a desejar.
Conhecendo o talento do artista, este álbum fica aquém daquilo que se esperaria do mesmo, ao falhar na composição e arranjos, que deixam muito a desejar. No entanto, a voz de Liam destaca-se como uma forte memória dos primórdios de Oasis.