Assembleia Municipal de Lisboa aprova isenção do pagamento de taxas municipais no valor de cerca de três milhões de euros ao Rock in Rio

por Lusa,    26 Março, 2024
Assembleia Municipal de Lisboa aprova isenção do pagamento de taxas municipais no valor de cerca de três milhões de euros ao Rock in Rio
Fotografia de Edward Cisneros / Unsplash

A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou hoje a isenção do pagamento de taxas municipais, no valor de “cerca de três milhões de euros”, à organização da 10.ª edição do Rock in Rio, no Parque Tejo-Trancão.

A proposta teve os votos contra de BE, Livre, PEV, PCP, deputada independente Daniela Serralha (coligação PS/Livre), os deputados do PS Duarte Marçal e Hugo Gaspar, PAN, PPM e Chega, a abstenção de PS e IL e os votos a favor de PSD, MPT, Aliança, CDS-PP e o deputado do PS Luís Coelho.

A Iniciativa Liberal (IL) apresentou uma proposta para que a câmara partilhe informação que permita a fiscalização dos apoios a eventos que beneficiam de isenções de taxas municipais, recomendação que foi aprovada por maioria, com a abstenção de CDS-PP.

Ao abster-se na isenção de taxas à 10.ª edição do Rock in Rio, o deputado da IL Rodrigo Mello Gonçalves defendeu que “tem de existir um equilíbrio entre estas isenções milionárias e os pequenos e médios comerciantes que estão e trabalham todos os dias na cidade e para os quais não existe este tipo de benesses”.

Contra a proposta, Fábio Sousa, do PCP, lamentou a falta de informação sobre os critérios de atribuição deste apoio e as contrapartidas para o município, defendendo que o valor que a câmara prescinde deveria ser utilizado para intervir “de forma autónoma”.

Do grupo municipal do Chega, Bruno Mascarenhas comparou o Rock in Rio em Lisboa com o festival Mad Cool em Madrid, considerando que “não há comparação possível na qualidade do cartaz”, criticando o evento na capital portuguesa, inclusive os valores cobrados pelo passe vip.

Patrícia Robalo, do Livre, apontou o parecer favorável do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) sobre a realização do evento no Parque Tejo-Trancão, afirmando que o mesmo está “ferido de credibilidade” e defendendo um relatório técnico mais aprofundado sobre os riscos do ruído do festival para a avifauna existente no Rio Tejo.

O parecer do ICNF refere que é expectável que o festival de música possa dar origem a “alguns impactes negativos, mas pouco significativos uma vez que se realiza em junho, mês com médias mensais das populações mais baixas, para a maioria das espécies da avifauna estudadas normalmente ocorrentes no local”, pelo que “nada tem a opor à realização do evento”.

Carlos Reis, do PSD, lamentou a posição do Livre de “negacionista” quanto ao parecer do ICNF e comparou a intervenção do Chega a “um exercício típico de uma candidatura a uma associação de estudantes de um liceu”.

Do PS, Manuel Lage destacou a recomendação da IL para que haja mais informação sobre a atribuição de isenção do pagamento de taxas municipais e lembrou o compromisso do executivo de apresentar um estudo sobre o impacto deste tipo de apoios para eventos em Lisboa.

Em representação do executivo, o vice-presidente da câmara, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), afirmou que os eventos de música são objeto de isenção de taxas em todo o país, desde câmaras do PS a autarquias do PCP.

“É muito bom para a cidade, em vez de termos uma lixeira, termos um parque e julgo que é melhor para o ambiente, em vez de termos uma lixeira, termos um parque que tem festas”, declarou o autarca, em resposta à posição do Livre.

Antes de ser votada pela assembleia, a proposta de isenção de taxas à 10.ª edição do Rock in Rio foi aprovada pela câmara, em 19 de fevereiro, com o voto de qualidade do presidente da câmara em exercício no momento da votação, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), após empate, tendo a viabilização sido possível com a abstenção do PS.

O valor de taxas municipais a isentar é de “cerca de três milhões de euros”, estando em linha com o apoio atribuído em edições anteriores, que se realizaram no Parque da Bela Vista.

A 10.ª edição do Rock in Rio Lisboa, marcada para junho deste ano, vai ocorrer no Parque Tejo-Trancão, espaço que acolheu a Jornada Mundial da Juventude.

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