Austrália preocupada com fim da verificação de factos da Meta nos Estados Unidos
O ministro das Finanças da Austrália, Jim Chalmers, disse hoje estar “muito preocupado” com a decisão da tecnológica Meta de acabar com o programa de verificação de factos no Facebook e Instagram nos Estados Unidos.
A Austrália, um dos países na vanguarda da regulamentação dos gigantes tecnológicos, está preocupada com o impacto da desinformação nas redes sociais, reiterou Chalmers.
“A desinformação é muito perigosa e temos visto isso explodir nos últimos anos”, disse o ministro à televisão australiana ABC.
“Este é um desenvolvimento muito prejudicial, que prejudica a nossa democracia. Pode ser prejudicial para a saúde mental das pessoas receber informações erradas nas redes sociais, e é por isso que estamos, naturalmente, preocupados com esta questão”, acrescentou.
A Meta vai acabar com o programa de verificação de factos nos Estados Unidos, dando um passo atrás no combate à desinformação, avançou na terça-feira o fundador da empresa, Mark Zuckerberg.
“Vamos acabar com os verificadores de factos e substituí-los por classificações comunitárias, semelhantes àquelas do X (antigo Twitter), começando pelos Estados Unidos”, declarou Mark Zuckerberg numa mensagem nas redes sociais.
Segundo o fundador do Facebook, “os verificadores têm sido demasiado orientados politicamente e têm contribuído mais para reduzir a confiança do que para a melhorar, especialmente nos Estados Unidos”.
A Austrália está a investir em fornecedores de notícias australianos de confiança, como a ABC e a agência nacional de notícias AAP, para garantir que as pessoas têm fontes de informação fiáveis, disse Chalmers.
A desinformação e a informação enganosa tornaram-se “uma componente cada vez mais importante dos nossos meios de comunicação social, particularmente das nossas redes sociais”, lamentou o ministro.
Também o ministério francês dos Negócios Estrangeiros expressou quarta-feira inquietação com a decisão da Meta.
“A liberdade de expressão, direito fundamental protegido em França e na Europa, não pode ser confundida com um direito à viralidade, que autorizaria a difusão de conteúdos falsos, afetando milhões de utilizadores, sem filtro nem moderação”, afirmou o porta-voz da diplomacia francesa.
O anúncio da Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp) surgiu numa altura em que os eleitores republicanos e o proprietário da rede social rival X, Elon Musk, se têm queixado repetidamente dos programas de verificação de factos, comparando-os a programas de censura.
“As recentes eleições parecem ser um ponto de viragem cultural que, mais uma vez, dá prioridade à liberdade de expressão”, afirmou o chefe da Meta.
Ao mesmo tempo, o grupo deveria rever e simplificar as suas regras de conteúdo em todas as suas plataformas e “pôr fim a um certo número de limites sobre temas como a imigração e o género, que já não fazem parte do discurso dominante”, acrescentou Zuckerberg.