‘Borg Vs. McEnroe’: reviver o choque de titãs em Wimbledon
Dificilmente, um jogo de ténis, mesmo o épico encontro, na final de Wimbledon, em 1980, entre o sueco glacial Bjorn Borg e o intempestivo americano John McEnroe daria um bom filme. Puro engano. Teve de ser Janus Metz, um dinamarquês vindo da televisão, a quebrar essa barreira para o court central do ecrã de cinema no arrebatador Borg Vs. McEnroe, oferecendo-nos um dos melhores filmes sobre desporto de que nos lembramos.
Mais difícil é recordar esse choque de titãs em 1980 seguramente um dos eventos televisivos no ano em que em Portugal passaram a emitir regularmente a cores. Recordamos, seguramente, a final do torneio britânico do ano seguinte, com os mesmos adversários e um resultado diferente. No entanto, nada como este sensacional encontro, jogado dentro e fora do court, com a mesma intensidade.
De um lado, Bjorn Borg, o metódico e inabalável homem de gelo, a caminho da sua quinta final consecutiva; do outro, o rookie imprevisível e já com fama de desordeiro. Afinal de contas, os ingredientes capazes de proporcionar uma rica narrativa, independentemente de conhecermos o resultado final. É precisamente na rigorosa reconstituição de época, na documentação precisa desse torneio e, claro, a direção eficaz da dupla Sverrir Gudnason, impressionante Borg, e Shia Labeouf, igualmente escaldante como McEnroe, apesar de superar ligeiramente a idade do americano. De tal forma essa fusão é real deste épico encontro de cinco sets que quase nos faz esquecer os verdadeiras fisionomias dos dois tenistas.
Ao conseguir sublimar e transportar toda a estética, técnica e carga emotiva de um episódio vivido pela televisão (ou pelo youtube) para a sala de cinema, Janus Metz cria as principais emoções do cinema. E é talvez esse o melhor elogio a este filme impressionante.
Artigo escrito por Paulo Portugal / Parceria Insider Film