“Breakfast in America” dos Supertramp celebra 40 anos
Os britânicos Supertramp lançavam a 29 de Março do ano de 1979, o seu sexto álbum de estúdio, intitulado por Breakfast in America. Um título que, vindo de uma banda britânica conhecida pelo seu rock progressivo, conseguiu chamar à atenção de um publico exigente da época. Numa altura em que eram adicionadas novas vertentes ao rock, nomeadamente o pop e algumas tonalidades do post-punk, Breakfast in America é um bom exemplo daquilo que de melhor houve na música dos anos 70. Gravado entre Maio e Dezembro de 1978 e composto por dez faixas, este é considerado por muitos críticos, a par de Crime of the Century lançado em 1973, como um dos maiores trabalhos musicais dos Supertramp. A capa exibe uma janela de um avião com um fundo onde está representada a cidade de Nova Iorque, cujos edifícios são feitos de chávenas, saleiros, embalagens e talheres.
Em grande plano temos uma waitress que, de modo alegre e na mesma pose que a Estátua da Liberdade, transporta consigo um menu e um copo aparentemente com sumo de laranja, conferindo-nos de imediato a indicação de que este seria mesmo um pequeno-almoço à americana. Assim, ao juntar o rock progressivo dos Supertramp – marcado pelas teclas e pelos instrumentos de sopro que enalteciam as suas canções – um toque de pop adicional que abriria portas para uma espécie de neo-art rock, este tornar-se-ia num apetitoso álbum musical. Álbum esse que acabou por conseguir um impacto e um número de vendas bastante consideráveis (venceu dois Grammy e vendeu cerca de 20 milhões de cópias em todo o mundo). Numa altura em que passavam praticamente dez anos após a sua formação, a banda londrina era liderada pela dupla Rick Davies, teclista, e Roger Hodgson, que tinha aptidão tanto para a guitarra como para os instrumentos de teclas. Estes alternavam a interpretação, composição e autoria de grande parte das canções. Ainda com John Helliwell nos instrumentos de sopro, Dougie Thomson na guitarra baixo e Bob C. Benberg na bateria e nos instrumentos de percussão, os Supertramp mostravam-se maduros e à altura de um público e de uma indústria musical com sede de novidades musicais. Hoje, passados quarenta anos desde o seu lançamento, as faixas de Breakfast in America fazem parte do repertório de um passado de ouro que permite ainda inspirar outros tantos que procuram adicionar novas vertentes à música.
Para começar este breakfast, nada melhor do que uma ida a Hollywood com a faixa Gone Hollywood que inaugura este álbum. Uma canção composta por Rickie Davies e que exibe algumas das novas tendências, com a implementação de coros e vocais numa típica canção de rock progressivo. Logical Song, uma das mais imponentes canções dos Supertramp composta por Roger Hodgson, apresenta toda a sua lógica numa letra que fala do crescimento intrínseco do ser humano. É a partir dele que, ao termos uma noção mais ampla do mundo que nos rodeia, com o tempo, surgem questões cujas respostas não são imediatas, e adversidades que são muitas vezes difíceis de encarar. Segue-se Goodbye Stranger, uma melodia marcada por uma combinação alegre de teclas com as guitarras, interpretada pela voz de Rick Davies, com o apoio vocal de Roger Hodgson no refrão. O pequeno almoço à americana, que intitula o álbum, surge finalmente na quarta-faixa. Composta e interpretada por Roger Hodgson, Breakfast in America foi uma das canções mais célebres de uma década repleta de novidades musicais onde os Supertramp eram uma das bandas mais influentes. Dando um contributo maior ao rock que ainda se mostrava vivo e com vontade de perdurar.
Passando para um registo mais calmo segue-se Oh Daring, canção composta por Rick Davies na qual os instrumentos de teclas predominam pela canção. Take the Home Way Long, que se inicia com tons estridentes de harmónica- que voltam a surgir ao longo da canção ao misturarem-se com o clarinete de John Helliwel- é também uma das mais conceituadas canções da banda britânica. Lord Is It Mine, trata-se de uma canção em compasso mais lento do que as anteriores, interpretada ao estilo próprio de Roger Hodgson. Just Another Nervous Wreck mostra um pouco mais de rock comparativamente a outras faixas, não havendo uma emancipação dos teclados e uma maior conjuntura dos instrumentos musicais. Já Casual Conversations, interpretada por Rick Davies surge em tom calmo, ao compasso de uma balada. O álbum termina com Child of Vision, a faixa mais longa do álbum. Exibe uma letra bastante trabalhada juntamente com o rock progressivo dos Supertramp, estando dividida numa parte mais vocal e noutra mais instrumental. Esta termina um álbum que mostra de forma ampla as potencialidades da banda, numa altura em que estava eminente uma nova era musical, com a década de 80 à porta com outras sonoridades.
Breakfast In America, viria assim a exibir uma boa conexão entre rock e pop, que levaria outros tantos a adaptar vertentes nestes dois estilos musicais. Para uma banda que teve uma variadíssimas entradas e saídas de músicos ao longo de meio século de existência- embora com hiatos e com períodos de reunião e uns deixando mais a sua marca do que outros- os Supertramp conseguiram ter uma influência predominante na música ao longo de vários anos, estando ainda o seu trabalho presente na inspiração de músicos do presente. Assim, os Supertramp conseguiram escrever uma das mais belas histórias que ainda hoje nos dá gozo revivê-la, ao ouvirmos este álbum como se ontem tivesse sido lançado.