Carlos Moedas defende financiamento público do Tribeca Festival dizendo que há festivais que recebem mais
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, disse hoje haver “muitos festivais” com mais financiamento do que o Tribeca e referiu que a autarquia aumentou o orçamento para a cultura para poder ajudar mais eventos do género.
Questionado pelos jornalistas sobre os critérios e procedimentos tidos em conta para aprovar a transferência de dinheiro para o financiamento do Tribeca Festival Lisboa, Carlos Moedas afirmou que atualmente, na capital, há “muitos festivais que têm muito mais financiamento” do que o que decorreu em 18 e 19 de outubro no Hub Criativo do Beato, com filmes, conversas e atuações musicais, entre outros.
“O caso do Leffest de Paulo Branco, o DocLisboa, todos os outros – nós aumentámos o orçamento para a cultura exatamente para poder ajudar mais festivais”, explicou o social-democrata à entrada para o Seminário em Ética, Integridade e Prevenção da Corrupção, destinado a cerca de mil trabalhadores da autarquia, no Dia Internacional contra a Corrupção.
Moedas referiu que muitos dos festivais que acontecem pela cidade “não são ajudados diretamente pela Câmara, mas por empresas municipais”, como é o caso da Lisboa Cultura/EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural ou da Turismo de Lisboa, “quando têm esse pendor”.
“Portanto, [os apoios são feitos] dentro da normalidade e teremos cada vez mais destes festivais. Eles são importantes para a cidade, trazem retorno económico, mas trazem sobretudo Lisboa como centro da cultura mundial e isso é aquilo que eu sonho para a cidade, que é a cidade da inovação, tecnologia, mas também da cultura”, sublinhou.
A organização do Tribeca Festival Lisboa recebeu 750 mil euros de apoios públicos, incluindo 250 mil do município lisboeta, tendo a vereadora do BE questionado o presidente da autarquia sobre o motivo de o financiamento não ter sido votado pelo executivo municipal.
Num requerimento ao presidente, o BE referiu ter sido divulgado que a estação televisiva SIC, do grupo de comunicação social Impresa, “recebeu 750 mil euros de fundos públicos para organizar” o Tribeca Festival Lisboa – 250 mil euros do Turismo de Portugal, 250 mil euros do Turismo de Lisboa (da qual o município é um dos associados fundadores) e 250 mil euros da EGEAC.
“Este apoio foi atribuído sem que houvesse uma decisão pública ou deliberação em reunião de câmara”, apontou a vereadora bloquista Beatriz Gomes Dias, constatando que “o preço de acesso a este festival foi de 130 euros para dois dias, um preço inacessível para a maioria dos lisboetas”.
As questões do BE tiveram origem numa notícia da revista Sábado que cita o relatório de execução financeira do festival, remetido pela SIC/Impresa à EGEAC para receber os 250 mil euros.
Segundo a revista, a câmara organizou também um jantar privado com atores e apresentadores, com base em fotos partilhadas nas redes sociais ao lado do ator Robert de Niro, admitindo tratar-se de uma despesa que consta no Portal Base, de 6.230 euros, adjudicada por ajuste direto à empresa As Patrícias – Food at Home para “aquisição de um jantar para o evento Tribeca Film Festival”.
Além dos apoios públicos, o Tribeca arrecadou 615 mil euros de patrocínios, 95.985 euros de bilheteira e 3.389 euros de venda de comida e bebidas, totalizando 1.464.374 euros de receitas, mas as despesas somaram 1.825.168 euros, resultando num prejuízo de 360.794 euros.
Fonte oficial da Associação de Turismo de Lisboa, presidida por inerência por Carlos Moedas, enquanto presidente da câmara, confirmou à Lusa que “foi aprovada uma candidatura no valor de 250 mil euros, ao abrigo do Programa de Apoio a Eventos Promocionais”.
O regulamento do programa prevê o apoio a eventos que “demonstrem relevância turística e capacidade de gerar fluxos turísticos” ou que, pelo “seu posicionamento ou imagem internacional, possam aumentar a notoriedade ou projetar a imagem da marca Lisboa”.
O ator Robert de Niro e a produtora Jane Rosenthal elogiaram Lisboa como anfitriã, pela primeira vez a nível internacional, do festival Tribeca, que fundaram em Nova Iorque (Estados Unidos), mas não revelaram por quantas edições ficará em Portugal.
Durante dois dias, o programa contou com sessões de cinema, concertos, gravação de ‘podcasts’ e muitas conversas com algumas figuras de Hollywood e pessoas do entretenimento em Portugal, mas as deficientes condições de exibição e a reduzida oferta de filmes, além do preço elevado dos bilhetes, motivaram algumas críticas de participantes.