Centro de Arte Moderna da Gulbenkian reabre este mês com festa de dois dias de entrada livre
A Coleção de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, estará “espalhada por todo o edifício” a ser inaugurado este mês, após remodelação profunda, com as reservas acessíveis aos visitantes.
No novo Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian já está quase tudo pronto para a reabertura ao público, marcada para o próximo dia 21.
A concretização do projeto do arquiteto japonês Kengo Kuma, que obrigou ao encerramento do edifício em 2020, trouxe mais quase mil metros quadrados de área expositiva, mais luz natural, novas zonas e uma nova entrada, enquadrada pelo novo jardim desenhado pelo paisagista libanês Vladimir Djurovic.
A Rua Marquês da Fronteira ganhou um novo número, o n.º 2, por onde se acede ao CAM.
A aquisição de terrenos permitiu à Fundação Calouste Gulbenkian criar mais área de jardim, aos quais a população pode aceder de forma gratuita durante todo o ano.
Antes de entrar no novo CAM tem de se atravessar a Engawa – um espaço de passagem, interior e exterior, encontrado habitualmente nas casas tradicionais japonesas -, que é uma peça-chave na remodelação.
O edifício tem agora mais paredes envidraçadas, que o enchem de luz natural e, de acordo com um dos arquitetos envolvidos no projeto, hoje durante uma visita de imprensa ao espaço, foi alvo de “um grande reforço sísmico”.
Já no interior, a “coleção estará espalhada por todo o edifício, apresentada em diversos contextos”, referiu o diretor do CAM, Benjamin Weil.
“Queremos que o novo CAM seja centrado no artista. Mas também queremos ser um interface, o mais eficaz, para que um público cada vez mais diverso possa aproveitar o poder transformador da Arte”, disse aos jornalistas.
No piso zero situa-se a Nave, onde serão apresentadas “obras por artista ou artistas convidados para um projeto específico”.
“A ideia é ter o artista no centro das nossas preocupações, dar carta branca a esses artistas. Acreditamos que uma colaboração estreita com os artistas é a melhor forma de apresentar os projetos artísticos mais atraentes”, referiu Benjamin Weil.
É a Nave que irá acolher, pelo menos uma vez por ano ‘Carta Branca’, “um novo formato de exposição” que é inaugurado pela artista Leonor Antunes, com a mostra “da desigualdade constante dos dias de leonor”.
Na exposição, Leonor Antunes faz uma intervenção no espaço, em diálogo com a arquitetura e a coleção do CAM.
Na galeria há obras suspensas do teto, sobre uma peça de chão em cortiça, que unifica a intervenção.
Já na mezzanine estão expostas obras que fazem parte da coleção do CAM, da autoria de artistas mulheres, bem como algumas obras emprestadas por outras instituições e outras encomendadas para a exposição, segundo a curadora Rita Fabiana.
Também no piso 0 situam-se o Espaço Projeto, onde serão apresentadas obras criadas no âmbito de um novo programa de arte sonora e ‘live arts’, e a Sala de Som, “uma nova sala para experimentar arte sonora”.
Esta nova sala será “para escutar, e não ver, arte”.
“É muito importante para nós ter vários tipos de experiências. Ali vamos apresentar obras da coleção e às vezes também playlists”, disse Benjamin Weil.
É ainda no piso 0 que está a HBox, uma sala de projeção vídeo, “onde o visitante pode escolher o vídeo que quer ver, através de um ecrã tátil”.
“Vamos ter novos espaços para outra experiência da arte. Parece-nos importante ter vários ritmos de visitas, várias possibilidades, entrar e ver algo por dez minutos, ou ficar duas horas. E a ideia de poder incluir a experiência da arte dentro de uma vida quotidiana”, disse o diretor do CAM.
O espaço Engawa, situado no C0 (zero), “que serve de ponto de partida para uma exposição” – que na inauguração será “O calígrafo acidental”, do artista multidisciplinar Fernando Lemos – irá acolher “às vezes experimentações, como novo formato de exposições”.
“Achamos muito importante uma instituição contemporânea ter um espaço onde se pode experimentar com novas formas de apresentação de arte. E talvez também para poder ter outro tipo de relação entre a arte e o público”, afirmou.
O piso C1 do remodelado CAM acolhe dois novos espaços do Serviço Educativo, e a Galeria da Coleção, na nova galeria do piso C2, terá patente uma exposição temática, com cerca de 80 obras que reflete a ligação dos artistas com o mundo natural, visitável durante dois anos.
É no piso mais subterrâneo que estão também as Reservas Visitáveis. Uma parte, com cerca de 220 obras, será sempre aberta ao público. Mas para poder aceder-se às cerca de 12 mil peças da Coleção de Arte Moderna será preciso fazer-se marcação, e as visitas acontecem às segundas-feiras.
Ali ao lado está também a nova Sala de Desenho, ainda em obras, que será dedicada “à enorme coleção de obras sobre papel da Coleção, que inclui mais de oito mil objetos”.
No sítio onde estará futuramente a Sala de Desenho, estará agora em exposição uma nova instalação vídeo do artista visual Gabriel Abrantes.
O CAM irá também “continuar a comissionar objetos para o jardim, como se fez no passado com Fernanda Fragateiro”, e a convidar artistas para desenvolverem projetos participativos, revelou Benjamim Weil.
O Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian reabre no dia 21 de setembro, com uma festa de dois dias de entrada livre, que inclui performances, concertos, conversas e exposições, às quais o acesso gratuito se mantém até 07 de outubro.