Chega hoje às livrarias a nova edição de ‘Odisseia’, revista e anotada por Frederico Lourenço

por Mário Rufino,    23 Fevereiro, 2018
Chega hoje às livrarias a nova edição de ‘Odisseia’, revista e anotada por Frederico Lourenço
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No seguimento da publicação da “Bíblia”, Frederico Lourenço continua a publicar na Quetzal as traduções de obras canónicas da literatura universal. E não foi coincidência o facto de a nova tradução da “Odisseia” ter sido anunciada na Cinemateca Portuguesa, local escolhido para a apresentação da tradução da Bíblia.

A intenção subjacente a esta nova edição, segundo o tradutor, é diferente da de 2003, então publicada pela Cotovia. Houve especial atenção com a beleza da linguagem e com a limpidez e a simplicidade que remetem para a língua original, sem abdicar do rigor.

Esta edição da Odisseia foi feita em moldes muito diferentes das edições anteriores, em que existiam gralhas que foram passando. Os apelos de leitores e a consciência de que as anotações iluminariam o texto serviram também de motivação extra para uma nova tradução.

Capa do livro

A Odisseia sempre foi a minha grande paixão“. É um texto que nunca o cansa e cuja tradução precisa de ser aperfeiçoada verso a verso, palavra a palavra. “É um texto inesgotável“, afirmou, sem deixar de sublinhar que não é perfeito. Existem incoerências próprias de um texto preparado para ser comunicado oralmente.
Quanto mais eu estudo a Ilíada e a Odisseia, quanto mais eu aprofundo estes textos, mais me convenço de que estes textos foram compostos com a ajuda da escrita, mesmo que fosse de um poeta que vinha da tradição oral e que compunha de acordo com todas as regras e a linguagem da tradição oral.

Depois de se ver o poema debaixo do microscópio, verso a verso, começa-se a perceber que a perfeição absoluta não está lá; não existe um hipotético planeamento, sem incoerências, até ao último pormenor.

De forma diferente às anotações presentes na Bíblia, que estão na própria página do texto sagrado, as anotações de a Odisseia encontram-se no fim de cada Canto, “para salvaguardar a ideia de que a Odisseia pode ser lida como um poema absolutamente deslumbrante e também pode ser lida como um poema crítico“. Esta nova edição dá essa dupla oportunidade. O leitor pode optar por esclarecer dúvidas e aprofundar o conhecimento, ou ficar-se pelo deslumbramento do poema.

Nas notas, o tradutor não tomou nenhum partido relativamente às muitas controvérsias existentes sobre a Odisseia. Tentou ser o mais isento possível em relação às diferentes teorias existentes e procurou reunir, nessas notas, diferentes pontos de vista com o objectivo de dar ao leitor a possibilidade de ele próprio formar a sua opinião.

Em consequência, esta edição da Quetzal tem mais cerca de 300 páginas (700 no total) do que a edição de 2003, publicada pela Cotovia.

 

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