Chico da Tina no espaço Moche: um showcase com pujança

por Miguel de Almeida Santos,    8 Novembro, 2021
Chico da Tina no espaço Moche: um <i>showcase</i> com pujança
Capa de E Agora Como É Que É, novo álbum de Chico da Tina
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Chico da Tina desceu até à capital. O mais mediático tocador de concertina da actualidade veio até Lisboa para um showcase exclusivo de apresentação do seu mais recente álbum, E Agora Como É Que É, no espaço Moche. Os fãs encheram o local para ver o trapstar minhoto espalhar magia, num curto espectáculo que deixou os apetites aguçados para uma apresentação mais expressiva.

De mochila do Mickey às costas e Pedro Alexandrino ao pescoço, Chico da Tina fez-se acompanhar pelo hype man Co$tanza, com DJ Fredo a gerir os instrumentais e eddy0 para completar o gangue — este último muito acarinhado pelo público em “F#CK FOREX”. O palco em forma de half-pipe funcionou como uma homenagem a um dos amores de Chico da Tina, descrito ao vivo na potente “Resort”, um dos destaques do seu novo projecto.

Ao longo do espectáculo, o artista mostrou o seu carisma e foco em palco, incitando o público à desbunda e até oferecendo CDs aos sortudos das primeiras filas. Sentia-se um espírito de comunidade no ar, algo que “Põe-te Fino” deixou bem claro: instigado pelo seu autor (“Estamos no espaço Moche, temos de fazer um micro moche”), o público rendeu-se às azedas barras do minhoto com saltos e muita energia, e o tema que apresentou Chico da Tina ao mundo foi entoado de uma ponta à outra com grande entusiasmo. 

Apesar de “Deitei Tarde Acordei Late” ou “Minho Trapstar” terem lembrado projectos anteriores, o seu novo álbum foi o destaque da noite. “Dior FREESTYLE” e “Chico Uzi Vert” deslizaram pela setlist com o seu encanto e “Nós Pimba” foi recebida com a energia que um banger merece. Em “Ronaldo”, Chico da Tina cantou à capela algumas barras do tema, não sem rapidamente se juntar a ele grande parte da multidão que estava ali para o ver, antes de o instrumental completar o trio de intervenientes. Foi uma música cantada a alto e bom som por artista e público, unidos num coro familiar pela letra da mesma.

“Resort” encerrou o concerto em grande e de forma definitiva, apesar do encore exigido de forma barulhenta. Mas aqueles que ficaram mesmo até ao fim tiveram direito a um certificado de participação no concerto, autografado e carimbado pelo próprio Chico da Tina. É um toque pessoal que demonstra atenção ao detalhe e uma visão artística em sintonia com a sua música, abraçado por uns, abraçado de forma incrédula por outros. Na fila, antes de o concerto começar, um grupo de jovens discutia de forma jocosa o preço a que estaria o relicário que Chico da Tina colocou em leilão para promover o álbum. Ao mesmo tempo, um grupo de pessoas mais velhas falava sobre os números incríveis que o artista apresenta nas plataformas de streaming. Chico da Tina é um daqueles curiosos artistas que nos deixa a matutar. E, no final daquele concerto, ficou claro para todos que ele também sabe deixar o seu público a saltar.

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