Cinema do realizador Pedro Costa vai ser exibido no Festival de Avignon, em França

O cinema do realizador português Pedro Costa vai ser exibido em Avignon, no âmbito da secção paralela Territoires, por iniciativa da coreógrafa Marlene Monteiro Freitas, artista cúmplice da edição deste ano do festival dedicado às artes de palco.
Para este ciclo, Marlene Monteiro Freitas indicou cinco filmes do “cineasta português e realizador de ‘Vitalina Varela’, que destacam as vozes das populações mais desfavorecidas de Lisboa e dos imigrantes cabo-verdianos”, segundo o texto do programa.
Além de “Vitalina Varela”, distinguido com o Leopardo de Ouro do Festival de Locarno em 2019, serão exibidos outros quatro filmes premiados de Pedro Costa – “Casa de lava” (1994), “No quarto de Vanda” (2000), “Juventude em Marcha” (2006) e “As filhas do fogo” (2023) – todos relacionados com Cabo Verde e com a comunidade cabo-verdiana em Portugal.
O ciclo “O cinema de Pedro Costa” estará em destaque em Avignon no próximo dia 12 e o cineasta é esperado para um encontro com o público, após a exibição de “As filhas do fogo”.
A secção Territórios Cinématográficos traduz-se num “diálogo entre a performance ao vivo e o cinema”, no âmbito do Festival d’Avignon, numa coleboração com salas locais de cinema.
“Este espaço explora as relações íntimas” que os artistas do festival “mantêm entre disciplinas e com o mundo, é um lugar para um olhar mais abrangente sobre os temas trazidos para palco”, segundo o festival.
No âmbito desta secção serão apresentadas produções de origem árabe, língua convidada do festival, como “200 metres”, do palestiniano Ameen Nayfef, centrado num casal separado pelo muro construído por Israel, “Capernaum”, da libanesa Nadine Labaki, sobre um rapaz de 12 anos, condenado por um crime violento, e haverá uma “Maratona Afegã” de filmes sobre exílio, identidade e resistência, propostos pela artista Kubra Khademi e a jornalista Caroline Gillet, entre outras obras.
“9 jours à Raqqa – La vie après Daesh”, documentário palestiniano dirigido por Xavier de Lausanne, centra-se na engenheira síria de origem curda Leila Mustapha, de 30 anos, autarca de Raqqa, que assumiu a reconstrução da sua cidade, anteriormente ocupada pelo Daesh, com o objetivo de reconciliar os seus habitantes e afirmar a democracia.
“No Other Land”, Óscar de Melhor documentário, dos realizadores Yuval Abraham, de Israel, Basel Adra e Hamdan Ballal, da Palestina, também faz parte da programação. O filme mostra o quotidiano da cidade de Masafer Yatta, na Cisjordânia, ocupada por soldados israelitas.
Na cerimónia dos Óscares, em 02 de março, em Los Angeles, o realizador israelita Yuval Abraham disse, no discurso de aceitação do prémio, que este filme tinha sido feito porque as vozes juntas de palestinianos e israelitas “são mais fortes”. Apelou ao fim da “destruição atroz de Gaza e do seu povo”, à libertação dos reféns israelitas, e a “um caminho diferente, uma solução política, sem supremacia étnica, com direitos nacionais para ambos os povos.”
A projeção de “No Other Land” será seguida de debate, promovido pela Amnistia Internacional.
No âmbito da secção Territórios também será exibida uma seleção de oito curtas-metragens realizadas por alunos da Escola de Cinema de Mosul, no Iraque, selecionadas pelo encenador Milo Rau, diretor artístico do Festival de Viena, que apresenta em Avignon “Le Procès Pelicot” e “La lettre”.
As curtas-metragens centram-se nas “cicatrizes da guerra” patentes na cidade iraquiana.
A 79.ª edição do Festival d’Avignon, a decorrer de sábado a 26 de julho, abre com o espectáculo “Nôt”, da coreógrafa cabo-verdiana Marlene Monteiro Freitas e estreia “La distance”, nova obra do encenador e dramaturgo Tiago Rodrigues, diretor artístico do festival.
Esta edição do festival inclui 300 apresentações de 42 produções, das quais 32 são estreias. A programação dedicada à língua árabe, convidada do certame, compreende doze produções de teatro, dança, música e multidisciplinares, com dezenas de representações em cena.