Cinema japonês contemporâneo é exibido em Lisboa
A marcar o regresso do cinema ao Auditório do Museu do Oriente, o ciclo “Sozinhos Juntos” realiza-se de 28 de Agosto a 19 de Setembro, com sessões gratuitas às sextas-feiras e sábados, para assinalar os 160 anos de relações diplomáticas entre o Japão e Portugal.
As relações humanas – românticas, familiares, sociais e profissionais – sob o signo da melancolia, são o fio condutor dos quatro filmes contemporâneos, cada um apresentado em duas datas distintas e legendados em português.
O ciclo inicia-se, a 28 de Agosto (com repetição a 12 de Setembro), com “The Tokyo night sky is always the densest shade of blue” (2017), de Yuya Ishii. O filme conta a história de Mika, uma enfermeira durante o dia, uma anfitriã de um ‘bar feminino’ à noite, sujeita a sentimentos de ansiedade e isolamento, e incapaz de expressar ternura para com qualquer pessoa. Sosuke Ikematsu, um dos jovens actores mais importantes do Japão, interpreta o papel de Shinji, que enfrenta o dia-a-dia como trabalhador da construção civil com uma sensação de destruição iminente, mas que ainda tenta encontrar a fonte de uma esperança inominável que sente por dentro. O cenário é Tóquio, em 2017, onde palavras vazias, um sentimento de desgraça e sentimentos de isolamento coexistem com esperança, confiança e amor.
“Dear Stranger” (2017), de Yukiko Mishima, é apresentado a 29 de Agosto e 4 de Setembro. Neste filme, um homem de 40 anos vê a sua vida mudar quando a esposa engravida. Ele já tem uma filha do primeiro casamento, que raramente vê, e duas enteadas do primeiro casamento da esposa. A enteada mais nova está ansiosa por um irmão ou irmã bebé, mas a mais velha não aceita as notícias e de repente decide que quer morar com o pai. E como se isso não bastasse, ele é forçado a sair do cargo elevado na empresa onde está para uma posição inferior.
A 5 e 11 de Setembro, “Three Stories of Love” (2015), de Ryosuke Hashiguchi, mostra três histórias distintas que trilham um fio de esperança, amor, rejeição e abandono. Atsushi é um trabalhador da construção civil que ficou viúvo após um assassinato não premeditado. O marido de Toko não está interessado nela, nem em como a sua mãe a trata. Shinomiya é um advogado cuja homossexualidade levou a um amor incompatível.
“Life on the longboard 2nd wave” (2019), de Ichiro Kita, encerra este ciclo, a 18 e 19 de Setembro. A história centra-se em Kotaro Umehara, um surfista, que quando via boas ondas para o surf, esquecia o trabalho, os compromissos, e assim vivia o seu dia-a-dia em Shonan, com trabalhos precários. Um dia, a namorada acabou por aborrecer-se com ele e mandou-o embora do apartamento onde moravam. Kotaro, então, foi até à ilha de Tanegashima, na prefeitura de Kagoshima, contando com Kudo Ginji, surfista que o tratara sempre como irmão. No entanto, na loja de surfistas de Ginji, recebeu a notícia que este já tinha morrido e foi a sua filha, Mika Kudo, que o atendeu. No entanto, Mika, que dirigia a loja sozinha, começou a afugentar Kotaro que não tinha um tostão. Sem nada para fazer, Kotaro pediu a Mika para levá-lo à praia de Kanehama, onde encontrou um belíssimo mar, com ondas maravilhosas, local de paragem diária para muitos surfistas. Este filme retrata a história do renascimento de um homem que havia desistido do seu sonho, mas que depois tentou erguer-se de novo, enfrentando-se a si próprio, através do surf, cercado pela bondade das pessoas ao seu redor.
Uma co-organização da Embaixada do Japão, Fundação Oriente, Japan Foundation e Câmara Municipal de Nishinoomote, o ciclo insere-se no âmbito dos 160 anos de relações diplomáticas entre o Japão e Portugal.