Cinemateca Portuguesa mostra “valor da liberdade” na programação de janeiro para os mais novos

por Lusa,    27 Dezembro, 2023
Cinemateca Portuguesa mostra “valor da liberdade” na programação de janeiro para os mais novos
“As sete ocasiões de Pamplinas”, de Buster Keaton
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A Cinemateca Júnior, que todos os sábados programa em Lisboa sessões de cinema para os mais novos, vai mostrar filmes em que “o valor da liberdade está muito presente”, segundo a programação anunciada para janeiro.

Os protagonistas dos filmes a exibir são “crianças muito livres, mesmo em tempos cinzentos e ordeiros, e um adulto deliciosamente infantil”, lê-se no texto de apresentação divulgado pela Cinemateca Portuguesa, numa referência a “O menino Nicolau”, criado por René Goscinny, “Aniki Bóbó”, de Manuel de Oliveira, “Hugo e Josefina”, adaptação dos livros para a infância da escritora sueca Maria Gripe, e a Buster Keaton, a “criança grande do mês”. 

O primeiro endiabrado será “Le Petit Nicolas”, personagem da literatura infantil e juvenil francesa, inicialmente concebido para banda desenhada, pelo criador de Astérix com o ilustrador Jean Jacques Sempé. 

O filme a exibir a 06 de janeiro data de 2009, foi dirigido por Laurent Tirard para assinalar os 50 anos d’”O menino Nicolau”, e mantém a irreverência e o gosto por evidências e perguntas que adultos não ousam fazer.

“As sete ocasiões de Pamplinas”, de Buster Keaton, que a Cinemateca define como uma obra-prima, vem de 1925, dos anos de independência do ator e realizador em relação aos grandes estúdios. 

Neste filme, “Buster Keaton eleva um dos temas narrativos centrais do cinema burlesco, a perseguição e fuga, à altura da grande arte”, escreve a Cinemateca, garantindo que o filme é “um tratado da arte visual do humor”.

Às proezas de Keaton como ator, “soma-se o génio experimental da linguagem cinematográfica, ensaiada no interior do sistema de Hollywood em que Keaton realizador foi pródigo”. O filme será exibido no dia 13, com música ao vivo pela pianista Catherine Morisseau.

Uma semana depois, em 20 de janeiro, será a vez de “Hugo e Josefina”, de Kjell Grede, uma produção sueca dos anos 1960 que celebra o espírito de liberdade das personagens de Maria Gripe – escritora distinguida com o prémio Hans Christian Andersen de literatura para a infância – e o modo como exploram o mundo em volta.

“Aniki Bóbó”, a primeira longa-metragem de Manuel de Oliveira, anunciada para dia 27, encerra a programação de janeiro da Cinemateca Júnior.

O filme é uma adaptação livre do conto de Rodrigues de Freitas “Meninos milionários”, tem por palco a realidade dos locais pobres da Ribeira do Porto e de Gaia, no início da década de 1940, e por protagonistas as crianças que os habitam.

O título do filme remete para o jogo infantil que divide ‘polícias’ e ‘ladrões’, numa das sequências da obra. 

A projeção será feita numa “sessão descontraída”, que conta com o apoio da associação Acesso Cultura. 

O filme de Oliveira também vai permitir discutir vida em comunidade, obediência e transgressão, numa oficina com o público mais novo (que exige inscrição até 19 de janeiro).

“Este filme é um ótimo ponto de partida para pensar no que significa pertencer a uma comunidade, partilhar valores e regras de convivência, pensar no natural conflito entre a liberdade do eu e a norma dos outros, no que é ser bem comportado e transgredir. Obedecer será sempre bom e transgredir sempre mau?”, interroga a Cinemateca, que desafia: “Vamos ser polícias e ladrões, disparar pensamentos para nos entendermos melhor e colocar cravos nas nossas espingardas.”

A programação da Cinemateca Portuguesa em 2024 será dominada pelos 50 anos do 25 de Abril, com a memória do país e dos “valores do ‘big bang'” da queda da ditadura a dialogarem com a toda a história do cinema e as suas muitas expressões.

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