Como o Teletexto abriu caminho para a Internet
Antes da Internet… havia o Teletexto.
Apesar de nos dias que correm ser pouco mais do que uma relíquia do passado, foi graças ao Teletexto que uma grande parte da população pode obter, pela primeira vez, informação digital atualizada em tempo real e on demand sem sair de casa, muitos anos antes da World Wide Web sair do papel.
No vídeo seguinte percorrem-se as origens do serviço que nasceu há quase 50 anos no Reino Unido e que chegou a Portugal já nos últimos anos do século XX.
Desde os anos 60 que a britânica BBC andava a tentar descobrir uma forma de transmitir texto interativo através do sinal analógico da televisão. A ideia era responder essencialmente a dois desafios: legendar a programação para a tornar mais acessível aos espetadores com dificuldades auditivas e preencher as horas de fecho da emissão.
Depois de algumas experiências menos bem sucedidas, a resposta surgiu em 1971 quando o engenheiro da Phillips John Adams conseguiu colocar informação codificada no espaço entre os frames da emissão. Com o recurso a um descodificador era possível aceder a esta informação e transformá-la em páginas de texto.
Depois de um par de anos em emissões teste, o serviço foi lançado oficialmente a 23 de setembro de 1974 com o nome de Ceefax, o serviço de Teletexto da BBC que viria a criar uma pequena revolução na forma como a informação era distribuída.
A plataforma funcionava como uma espécie de revista digital com uma redação dedicada a escrever os conteúdos que chegavam quase instantaneamente a milhões de casas. As páginas do Ceefax tanto podiam informar os espectadores da programação diária dos canais da BBC como podiam transmitir notícias de última hora. No fundo, estava no ar o primeiro órgão de comunicação social exclusivamente digital.
O teletexto começou então a espalhar-se um pouco por toda a europa e com o aumento de utilizadores e de criadores, começaram também a surgir formas cada vez mais criativas de utilizar o serviço e de esticar ao máximo as suas limitações. Tivémos jogos, questionários, salas de chat e até tiras de banda desenhada exclusivas. A imaginação era o limite.
Em Portugal, o Teletexto só chegou nos últimos dias de 1996, primeiro na RTP e só depois nas televisões privadas. Mas os serviços nacionais nunca foram especialmente criativos e inovadores, talvez por terem chegado já quando as atenções se viravam para a internet, a ferramenta que viria a continuar o trabalho que o Teletexto tinha começado.
O canto do cisne do Teletexto aconteceu já no início do século XXI. No dia 11 de setembro de 2001, quando excesso de tráfego bloqueou a internet, o Teletexto não tremeu e muitas pessoas voltaram ao aceder ao serviço para se manterem informados.
Apesar do Ceefax ter sido encerrado em 2012, o Teletexto ainda está ativo nos canais nacionais. É uma viagem no tempo à distância de um botão do telecomando.