Companhia de Dança de Almada leva peça de São Castro aos EUA, Croácia e Lituânia

A Companhia de Dança de Almada leva a criação “The Process of Burning in Reverse” aos Estados Unidos, Croácia e Lituânia, numa digressão internacional que começa a 07 de junho, com estreia no Festival Internacional de Dança de Seattle.
A peça, assinada pela coreógrafa São Castro, será apresentada pela primeira vez fora de Portugal naquele festival em Seattle, entre 07 e 15 de junho, segue depois para o Festival de Dança de Šibenik, na Croácia, em julho, e em outubro chega à Lituânia, segundo a organização.
“The Process of Burning in Reverse” estreou-se em 2024, no âmbito de uma proposta da companhia para assinalar o centenário da morte de Franz Kafka (1883-1924), autor de origem checa conhecido por obras como “A Metamorfose”, “O Processo” e “O Castelo”.
O espetáculo criado por São Castro conjuga o corpo e o seu potencial expressivo com a narrativa do autor, remetendo para a decisão do amigo Max Brod (1884-1968) – escritor e biógrafo – ao não cumprir o desejo de Kafka de destruir os seus escritos após a morte.
Ao preservar a obra de Kafka, garantiu o seu lugar central na literatura, tornando-o um dos escritores mais influentes do século XX. Brod conheceu Kafka na Universidade de Praga em 1902, e manteve uma amizade próxima até à morte do escritor em 1924, na Áustria.
A peça explora a relação entre palavra e corpo, tema recorrente no trabalho de São Castro, que desenvolve há vários anos uma metodologia própria de “corporização da palavra”, em que o físico se transforma em discurso visível e emocional, mesmo na sua expressão mais abstrata.
Este espetáculo, que começou a ser desenvolvido no Teatro Viriato, em Viseu, no âmbito do programa de residências “Mi casa tu casa”, e foi concluído em residência artística em Almada, tem nesta digressão internacional, segundo a companhia, o culminar de um processo criativo “com raízes profundas no território português”.
A apresentação em Portugal teve lugar no contraDANÇA da Guarda e em Mafra, não estando previstas para já novas datas a nível nacional, ainda segundo um texto da organização disponível ‘online’.
Fundada em 1990 por Maria Franco, a Companhia de Dança de Almada tornou-se uma referência na criação artística, formação e programação cultural em dança contemporânea em Portugal, organizando, desde 1992, a Quinzena de Dança de Almada para promover o intercâmbio entre artistas portugueses e estrangeiros.
A companhia tem no seu repertório mais de uma centena de obras de coreógrafos nacionais e estrangeiros e mantém uma presença regular em palcos internacionais.
Em 1998, criou a Ca.DA Escola, uma estrutura de ensino artístico especializado homologada pelo Ministério da Educação.
São Castro iniciou a sua carreira como bailarina no Balleteatro, na Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo e no Ballet Gulbenkian, afirmando-se como coreógrafa desde 2009.
Em 2015, foi distinguida com o Prémio Autores de Melhor Coreografia, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores. Colabora regularmente com António M. Cabrita, com quem assinou obras marcantes como “Dido e Eneias” para a Companhia Nacional de Bailado, em 2017.
A bailarina e coreógrafa é fundadora da PLAY FALSE, associação cultural.
A criação “The Art of Losing”, apresentada pela Companhia de Dança de Almada em 2016, foi o início da colaboração de São Castro com esta estrutura.
O espetáculo estará nos EUA com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, e na Croácia com o apoio do Instituto Camões, segundo a organização.