Companhias Baro d’Evel e Le Fils du Grand Réseau abrem Festival de Almada na sexta-feira

Duas peças, uma no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, e outra no palco grande da Escola D. António da Costa, em Almada, abrem, na sexta-feira, a 42.ª edição do Festival de Almada, que homenageia a atriz Lia Gama.
“Qui som?”, dos franco-catalães Baro d’Evel, um espetáculo que procura refletir sobre quem somos e quem queremos ser, sobe ao palco do Grande Auditório do CCB, pelas 20:00, regressando ao mesmo local ao fim da tarde do dia seguinte.
Estreado na edição 2024 do Festival d’Avignon, o espetáculo dos Baro d’Evel – nome que significa “Pelo amor de Deus” em língua manouche – reúne um grupo de bailarinos, músicos, acrobatas, palhaços e um ceramista, que conceberá uma peça ao vivo, num “universo verdadeiramente poético, cheio de humor” e “a meio caminho entre o circo e a dança”, segundo a sinopse da peça, no programa do Festival.
Duas horas depois do espetáculo do grupo oriundo das artes circences, a Escola D. António da Costa acolherá os franceses da Compagnie Le Fils du Grand Réseau, com a peça “Les gros patinent bien – cabaret de carton”.
Prémio Molière em 2022, o espetáculo que abre o certame na cidade anfitriã acabará por revelar o cartão – pedaços de cartão -, como verdadeiro protagonista.
“Numa língua que parece inglês, mas não é, um roliço ator shakespeariano conta-nos a história da incrível epopeia de um homem (possivelmente seu antepassado) através da Europa e dos séculos. A seu lado, permanentemente afadigado, um ator franzino sua as estopinhas para que o público entenda o que é contado. Como ferramenta, tem apenas uma imensidão de cartazes feitos a partir de caixas de cartão”, lê-se no programa do festival sobre a peça concebida e interpretada por Olivier Martin-Salvan e Pierre Guillois.
Vinte espetáculos de teatro e dança, num total de 46 representações, e 16 concertos ao ar livre preenchem a 42.ª edição do Festival de Almada, até ao próximo dia 18.
Esta edição conta pela primeira vez com o coreógrafo William Forsythe, com o espectáculo “Friends of Forshyte”, exploração das “origens da dança folclórica, hip hop e do ballet”, segundo o programa.
Ao longo do festival, assistir-se-á ainda à estreia de “Um adeus mais-que-perfeito”, com texto do escritor austríaco Peter Handke, Nobel da Literatura, pela Companhia de Teatro de Almada, estrutura anfitriã.
“Telhados de Vidro”, do Teatro da Trindade, “A casa morreu – Diário de uma República III”, pela Amarelo Silvestre, a partir de fotografias de Augusto Brázio e Nelson D´Aires, “Há qualquer coisa prestes a acontecer”, com direção artística de Victor Hugo Pontes, e “As aves”, da mala voadora e das Comédias do Minho, são outras produções portuguesas na programação. Na Culturgest estará em cena “A colónia”, de Marco Martins.
“History of Violence”, de Édouard Louis, com encenação de Thomas Ostermeier, será apresentada pela Schaubühne Berlin, e o coletivo francês Petit Travers irá pôr em cena “S’assurer de ses propres murmures”, um espetáculo de Julien Clément & Pierre Pollet, a partir do primeiro verso de um poema de René Char (1907-1988).
“El Rey que fue”, dos espanhóis da Els Joglars, “El mar – Visión de unos niños que no lo han visto nunca”, por Xavier Bobés, “Marius”, da companhia Louis Brouillard, numa criação de Joël Pommerat, “Teatro Delusio”, sob direção de Michael Vogel, pela Familie Flöz, e “Zugzwang”, dos franceses do Galactik Ensemble, são outros espetáculos em cartaz.
Na véspera e no último dia do festival, a Companhia Nacional de Bailado apresentará “Quatro Cantos num Soneto & The Look”, e o coletivo Teatro Biondo Palermo, com “Extra Moenia”, de Emma Dante, encerrará o certame.
De regresso a Almada estará ainda o espetáculo de honra do ano passado, “La tempesta”, pela companhia marionetista Carlo Colla & Figli.
O curso de formação “O sentido dos mestres”, este ano sob o mote “Literatura em chamas”, será ministrado pelo dramaturgo e poeta espanhol Alberto Conejero Lopez.
Os colóquios vão regressar à esplanada com atores e espectadores, os habituais Encontros da Cerca são este ano coorganizados com a Comissão para as Comemorações do V Centenário de Nascimento de Luís de Camões, e haverá ainda três exposições: “Espetáculos de honra, escolhas do público”, com conceção plástica de José Manuel Castanheira, Linogravuras de Jorge Nesbitt, e uma instalação dedicada à atriz homenageada, Lia Gama, “Na casa dos espelhos”, também com conceção gráfica de Castanheira.