David Lynch comemora hoje 71 anos
Realizador, actor, produtor, músico, tudo isto a seu tempo. Surrealista, explorador dos cantos mais recônditos e obscuros da mente humana, isto é-o sempre. Ainda não adivinharam de quem falamos? David Keith Lynch comemora hoje 70 anos e aqui recordamos a vida e obra de um dos realizadores (e músicos) que mais admiramos.
Inovador, perturbador, David Lynch gosta de abrir novos horizontes e de rejeitar o aprazível, o fácil, a mensagem óbvia de um típico filme de domingo à tarde. Só comparável ao génio Luís Buñuel, um dos maiores impulsionadores do estilo no cinema juntamente com o seu colaborador (muito) especial, Salvador Dali, ou a elementos de Bergman, Fellini, Jodorowsky, Wim Wenders, Del Toro, Terry Gilliam ou David Cronenberg, David Lynch tem um lugar especial no cinema, um lugar que é só seu.
Por cenas oníricas ou bem reais na sua loucura sã e desbravante de conceitos pré-feitos, o cinema “Lynchiano” perturba-nos e abana a nossa mente com cor vermelha num quarto contendo provavelmente algum anão sentado num sofá de psicólogo com uma voz vinda de um submundo, parecendo sussurrada num início qualquer de música que nos invoca a alma enquanto um anão já dança numa pista num passo bem calmo ao som de um jazz tranquilo. Uma carícia e um segredo, não estamos num sonho, afinal. É um filme de David Lynch, acordai.
Auto-estradas misteriosas, dunas de ficção científica, andando pelo fogo através de insanas obras cinematográficas, os nossos sentidos são despertados e desafiados numa nova linguagem que rejeita o convencional. No entanto, nem só de sonhos ou pesadelos é feita a obra de David Lynch. The Elephant Man com o grandioso Anthony Hopkins é humano, é proximidade, é sentimento.
Mas Lynch é Eraserhead, Lynch é o amor pelo bizarro, é o psicológico e é o culto. Eraserhead é o filme que começou tudo isto, através de um mundo distópico ao qual não falta a pitada normal de “body horror cinema”, mas não se preocupem, “in heaven everything is fine”.
Em 2016 tivemo-lo de volta no documentário The Art Life, um aperitivo para um 2017 onde estará de volta para nos levar a revisitar Twin Peaks, infelizmente já sem David Bowie.