Debate-Boca. Cartão do adepto
O Debate-Boca é o programa de debate da rádio da Escola Superior de Comunicação Social, a ESCS FM. O episódio do mês de novembro fala sobre o cartão de adepto.
A aplicação do cartão de adepto nos estádios portugueses foi um dos assuntos mais controversos da atualidade desportiva nacional. Há quem defenda que é a alternativa mais viável para que alcancemos um ambiente pacifico e seguro nos recintos desportivos, mas, por outro lado, há quem afirme que este é um documento que viola os mais básicos direitos de privacidade, que discrimina e prejudica os adeptos.
Mas do que se trata concretamente o cartão de adepto? O cartão do adepto é um documento de identificação que, segundo o Instituto Português do Desporto e Juventude, a entidade criadora do projeto, tinha como objetivos principais assinalar os adeptos que pretendem ocupar zonas especiais dos estádios de futebol e “promover as boas práticas de segurança e o combate ao racismo, xenofobia e intolerância nos eventos desportivos”. Estas zonas são onde as claques organizadas habitualmente se encontram. Para a sua obtenção seriam necessários dados como o nome completo, local de residência, número de identificação fiscal, endereço de correio eletrónico, número de telefone, clube que o adepto apoia, e, se este for o caso, claque em que está inserido. Para além destes dados seria ainda necessário fazer um pagamento no valor de 20 euros, tendo o documento a validade de 3 anos.
Este projeto foi posto em causa por várias entidades que afirmaram que o documento seria uma clara violação aos direitos de proteção de dados. O facto de só poderem ser utilizados adereços de apoio, como tambores e bandeiras nestas zonas restritas é outro alvo de críticas a esta medida. Os clubes, os principais afetados monetariamente pela baixa adesão ao cartão por parte dos adeptos, também se pronunciaram publicamente contra esta medida através das redes sociais. A revogação da obrigatoriedade do documento encontrou-se em discussão na Assembleia da República, tendo o apoio de partidos como a Iniciativa Liberal e o PCP, tendo vindo a ser aprovada. Será o cartão do adepto a alternativa mais viável para um ambiente seguro nos estádios portugueses? Será que certos adeptos devem ser encarados como uma fonte de instabilidade nos recintos desportivos? Que outras medidas podem ser tomadas no combate à violência, xenofobia e racismo no desporto nacional? Qual foi o caminho até à revogação do cartão? Com a moderação de Alfredo Cipriano, o tema do cartão de adepto é debatido entre Bernardo Blanco, assessor no gabinete parlamentar e membro da comissão executiva da Iniciativa Liberal, e Ângelo Sá, membro da direção da Associação Portuguesa de Defesa do Adepto.