Descomplicando a pandemia
É muito fácil dizer aquilo que as pessoas querem ouvir, o difícil é transmitir factos que prejudicam as vidas das pessoas, mas desta vez, aos poucos vamos construindo boas notícias. A variante Ómicron tem/teve um impacto brutal, mas mais ao nível da quantidade do que da gravidade, mais ao nível do absentismo e do impacto económico que isso tem, ainda que, ao nível de internamentos nos hospitais, e mesmo tendo em conta que houve muitos doentes Sars-Cov2 positivos que não tinham doença Covid relevante, foi necessário abrir enfermarias extra, e houve mais internamentos e mais mortos nesta vaga do que na 1a e na 4a e ainda estamos longe do fim da 5a vaga.
Hoje, dá ideia que chegamos ao pico. É o primeiro dia em que há uma inflexão no crescimento de casos, e a não subida de internamentos, desde há uns dias é o melhor que podíamos pedir nesta fase. É motivo para celebrar o fim da pandemia? Eu diria que não, infelizmente é uma meta que não se celebrará ao passar por ela, mas sim quando tivermos a certeza que vivendo sem restrições não haverá vagas com prejuízo relevante nos hospitais.
É tempo de pensar em descomplicar, aos poucos, por etapas, ir retirando as medidas que mais prejudicam a vida das pessoas. E passando uma mensagem honesta e não populista de que ninguém consegue prever o futuro, e temos que saber viver com alguma incerteza.
1) Acabar com as quarentenas. Eu diria que neste momento é a prioridade para o funcionamento das famílias e da economia.
2) Testes apenas para quem tem sintomas.
3) Certificados apenas entre países.
4) Máscaras (para já) apenas em espaços públicos, fechados, deixando os privados definir as suas regras.
5) Fim dos isolamentos dos infectados.
Atenção, eu não estou a dizer que estas medidas são para amanhã. São os próximos passos a ponderar, e que devem ser substituídos pelo bom-senso individual de cada pessoa, que deverá fazer o esforço de não contagiar outros, se se considerar infectada.
Nos EUA estão a dar os primeiros passos para que se aprove, a vacina dos 6 meses aos 5 anos. Como já se sabia, a segurança está comprovada, mas o benefício parece carecer de 3 doses, e teremos novidades sobre os estudos em curso, em breve.
Em Janeiro de 2022 morreram menos 260 pessoas por dia, por Covid, do que em Janeiro de 2021. Ainda há quem ache que ser antivacinas é liberdade de expressão, eu diria que é a liberdade de defender milhares de mortes evitáveis e o colapso dos serviços de saúde.
Aproxima-se mais uma fase de vacinação dos 5 aos 11, penso que já sabem que a minha opinião é a favor por vários motivos. É mentira que não há doença grave na criança, como alguns médicos irresponsavelmente dizem. É rara mas existe, e a vacina previne. No entanto, o meu conselho aos pais, é que não depositem demasiada ansiedade nesta decisão. Recebo muitas mensagens de pais em pânico, e acho mesmo importante que saibam que esta decisão não é, nem de perto nem de longe, a mais importante que vão ter que tomar para os vossos filhos. Portanto, se me permitem, não sofram com isso.
Fim das restrições, não é igual a fim de pandemia, mas são óptimas notícias e avizinham-se.