Doclisboa e SOS Racismo criam ciclo de cinema e debates “O Cinema para uma luta Anti-Racista”, no Padrão dos Descobrimentos

por Comunidade Cultura e Arte,    8 Julho, 2021
Doclisboa e SOS Racismo criam ciclo de cinema e debates “O Cinema para uma luta Anti-Racista”, no Padrão dos Descobrimentos
Fotografia de Portuguese Gravity / Unsplash
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Doclisboa e a SOS Racismo apresentam no Padrão dos Descobrimentos, de 19 a 25 de Julho, um ciclo de cinema e debates que propõem a reflexão sobre a identidade do sujeito racializado presente no olhar colectivo da nossa sociedade.

As sessões serão o ponto de partida para um conjunto de debates diários sobre as diversas questões políticas e raciais levantadas pelos respectivos filmes.

Programa

19 Julho / 18h00
Olhares sobre o Racismo
de Bruno Cabral, Eddie Pipocas e Dércio Ferreira
Portugal / 2020 / 30′
Um documentário produzido numa parceria conjunta entre a SOS Racismo e a BANTUMEN que condensa os contributos de várias figuras da mobilização social e política para a causa e reflete a interseccionalidade, a diversidade e a transversalidade das várias frentes do combate contra o racismo em Portugal.

Com a presença de Dércio Ferreira.

20 Julho / 18h00
Racismo à Portuguesa
“Racismo à Portuguesa” é uma série realizada por Joana Gorjão Henriques e Frederico Baptista que analisa as desigualdades raciais em Portugal, em diversas áreas, recolhendo testemunhos de quem se sente vítima de diversas formas de racismo.

A justiça em Portugal é “mais dura” para os negros
de Joana Gorjão Henriques e Frederico Batista
Portugal / 2017 / 19′
José Semedo Fernandes recorda uma das muitas situações em que, à saída do Bairro de Santa Filomena, onde cresceu, foi mandado parar por um polícia. Nesse dia quis saber qual o fundamento que o tornava suspeito. O polícia respondeu-lhe de forma directa: “um preto é sempre um suspeito.” Agora advogado, José acredita que esta visão ainda perdura. É assim que explica os cartazes espalhados pela Amadora, onde as câmaras de videovigilância do concelho são anunciadas recorrendo a uma família branca e ao slogan “Olhamos por si”. “Uma pessoa branca que olhe para isto vai pensar que está a ser protegida de pessoas como eu”, acusa.
Neste primeiro trabalho da série Racismo à Portuguesa,  analisa-se o panorama do sistema judicial português, desde a actuação policial até às prisões, onde se verifica uma sobre-representação dos cidadãos negros.

Há uma preferência “óbvia” dos senhorios em arrendarem casa a brancos
de Joana Gorjão Henriques e Frederico Batista
Portugal / 2017 / 18′
O difícil acesso à habitação por parte de pessoas negras e imigrantes é uma realidade. A maioria, ao viver nesta situação, acaba por construir a sua própria casa em bairros clandestinos, muita vezes sem luz ou água canalizada.
Neste segundo trabalho da série Racismo à Portuguesa, analisa-se o acesso à habitação, desde a procura de casa à construção informal de bairros.

Com a presença de Joana Gorjão Henriques

21 Julho / 18h00
Mikambaru 
de Vanessa Fernandes
Portugal / 2016 / 31′
“Mikambaru” é uma palavra inventada pelo alter-ego de um dos personagens. O filme faz uma reflexão sobre a diáspora africana pós-colonialista, e a relação com o “Outro”. Questiona as fronteiras mentais que se vão alterando de geração em geração, através do poema “Construir” de Alda Espírito Santo. É um conto de fadas de estereótipos, arquétipos e figuras religiosas que contam a sua própria história.

Com a presença de Vanessa Fernandes

22 Julho / 18h00
Treino Periférico 
de Welket Bungué
Portugal / 2020 / 20′
Dois artistas saem para treinar, não cabem nos padrões do seu bairro, da sua cidade, nem da sua cultura impostora. “Acredito que a vossa descrição tão sensível me remete à capacidade que temos, de nos desenvolvermos para nos mantermos vivos nesse território que nos foi “devolvido” pelos colonizadores…”, palavras do personagem Raça (Bruno Huca) ditas a Coragem (Isabél Zuaa). Este é um filme feito na periferia da “grande Lisboa” e discursa poética e assertivamente sobre ocupação territorial, pós-colonialismo e desigualdade social ainda vigente na cultura portuguesa.

Com a presença de Lucila Clemente

23 Julho / 18h00
Nôs Terra 
de Ana Tica
Portugal / 2020 / 70′
Os pais vieram de uma antiga colónia portuguesa. Eles nasceram em Lisboa mas sentem-se mais cabo-verdianos. Saíra do bairro de infância para irem viver para o bairro social. Falam português mas também, desde muito cedo, aprenderam crioulo. Falam sobre a dualidade e a conflitualidade de pertencer a dois mundos que vivem de costas voltadas mas que, apesar de tudo, lhes pertencem como um só. “Nôs Terra” é um documentário centrado no processo de construção de um contra discurso protagonizado por jovens negros portugueses.

24 Julho / 18h00
O Canto do Ossobó 
de Silas Tiny
Portugal / 2017 / 100′
“Rio do Ouro e Água-Izé foram das maiores roças de produção de cacau em São Tomé e Príncipe durante o período colonial português. Milhares foram marcados pelo trabalho forçado equiparado à escravatura. Regresso ao meu país, para encontrar os vestígios desse passado.” Silas Tiny

25 Julho / 18h00
Era uma vez um arrastão 
de Diana Andringa, Mamadou Ba, Bruno Cabral, Joana Lucas, Jorge Costa, Pedro Rodrigues
Portugal / 2005 / 26′
10 de Junho, praia de Carcavelos. Muitos jovens juntam-se ao sol. Há tensão e insultos. Depois chegará a polícia. Às 20h, as televisões apresentam ao país o “arrastão”, um crime massivo, centenas de assaltantes negros, em pleno Dia de Portugal. O noticiário torna-se narrativa apaixonada de um país de insegurança e “gangs”, terror e vigilância. A maré engole o desmentido policial da primeira versão dos incidentes e vários testemunhos sobre uma “inventona”. O filme passa em revista um crime que nunca existiu, a atitude dos media perante uma história explosiva e as consequências políticas e sociais de uma notícia falsa.

Todos os filmes são legendados em português.
Programa sujeito a alterações

Bilhetes

Duas opções para aquisição de bilhete

1. Entrada mediante donativo para a SOS Racismo por transferência bancária (PT50 001 000 006 661 650 000 134) ou via Paypal (www.paypal.me/sosracismoe reserva com envio do respectivo comprovativo para doclisboa@doclisboa.org até 2 horas antes do início da sessão.
O levantamento dos bilhetes deverá ser efectuada no dia, até 30 minutos antes do início da sessão na bilheteira do Padrão dos Descobrimentos.

2. Donativo em numerário no local e levantamento imediato dos bilhetes. Disponibilidade dependente da lotação da sala.

*Donativos a partir dos 25 euros incluem a oferta do livro Dicionário da Invisibilidade, uma obra produzida pela SOS Racismo, que dá a conhecer, em mais de 600 páginas, nomes invisíveis das lutas sociais, contando com mais de três mil entradas representativas dos cinco continentes. A capa do livro é da autoria de André Carrilho, que também assina as 20 ilustrações que integram a obra.

De forma a respeitar as regras de distanciamento, foi reduzida a lotação das salas. E, por isso, deve ser feita a reserva antecipada dos bilhetes.

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