Em que estás a pensar, ego insuflado?
Este pedido do facebook, aparentemente inocente, sobre o que nos ocorre dizer ou mostrar à comunidade, é um belo exercício que põe em questão a necessidade do protagonismo. Se fossemos analisar as motivações das nossas publicações, porventura, a larga maioria delas seria fundamentada por pretextos fúteis e superficiais. Tal é bem patente se pensarmos naquilo que sentimos antes de publicar e depois de publicar. Raras são as vezes em que o nosso estado de espírito melhora após a publicação.
Antes, como é óbvio, sentimos uma necessidade de mostrar algo, mesmo que pouco pensado e precipitado. Depois, parece que sobre nós paira uma faculdade que antes não existia – a autocrítica. Apesar de anteriormente estarmos conscientes da inutilidade da publicação, por razões que nem nós próprios entendemos bem, o querer suplanta a razão e, curiosamente, como que movidos pelo péssimo feedback que especulamos da parte de quem nos lê, temos um sentimento de profunda rejeição por aquilo que acabamos de publicar.
Parece que a verdadeira necessidade já não é mostrar o que de facto pensamos (que na maioria das vezes consideramos desprezável), mas mostrar que é possível mostrar o que de facto pensamos sem nada nos acontecer, desafiando susceptibilidades e egos alheios, num meio que promete uma falsa liberdade.
Uns, porque são esquecidos em detrimento de outros que, falsamente, são glorificados, acabam por todos adormecer eternamente insatisfeitos perante uma ferramenta que lhes promete coisas vãs.