Encenador Peter Stein regressa ao Festival de Almada com “O aniversário” de Harold Pinter
O encenador Peter Stein regressa pela terceira vez ao Festival de Almada, a decorrer em julho, com a comédia “O aniversário”, de Harold Pinter, que no dia 12 se apresenta na Escola D. António da Costa, em Almada.
A informação foi avançada à agência Lusa pela Companhia de Teatro de Almada(CTA), que hoje assinala o Dia Mundial do Teatro com o anúncio dos três espetáculos internacionais já garantidos para a 40.ª edição do Festival que organiza, a decorrer em Almada e Lisboa, de 04 a 18 de julho, e a oferta de ingressos para o espetáculo a realizar esta noite, na sala principal do Teatro Joaquim Benite.
A Batsheva Dance Company, de Israel, com a sua nova criação, “Momo”, um alerta contra o crescimento da extrema-direita, e a Companhia Nacional de Teatro Clássico de Espanha, com ”A vida é sonho”, de Pedro Calderón de la Barca, pelo britânico Declan Donnellan, são as outras duas confirmações avançadas pela CTA, entre as 12 criações internacionais e oito nacionais que vão constituir a 40ª edição do Festival de Almada.
“O aniversário” que chega a Portugal, com direção do encenador alemão Peter Stein, é uma coprodução italiana, dos teatros Tieffe de Milão e Nacional Stabile de Veneto, estreada no outono do ano passado, que conta com a atriz Maddalena Crippa, como protagonista.
Escrita em 1957, quando Pinter tinha 27 anos de idade, a obra é definida como uma das “comédias de ameaça” do autor britânico, Nobel da Literatura em 2005, situando-se entre o cómico e o trágico, disse a CTA à Lusa.
“Ainda havemos de ouvir falar muito deste autor e deste texto”, escreveu Harold Hobson, crítico do jornal The Sunday Times, no dia seguinte à estreia absoluta da peça de Harold Pinter, ocorrida em Cambridge, em 1958.
Nunca “estamos seguros de as personagens nos dizerem a verdade, ou estarem pura e simplesmente a mentir: os espectadores são mantidos num estado de incerteza contínua”, escreve o encenador alemão Peter Stein, o decano dos diretores de teatro e de ópera, que se estabeleceu na companhia Schaubühne am Lehniner Platz, com sede no teatro no bairro de Wilmersdorf, em Berlim, que tornou na vanguarda do teatro alemão.
A 40ª edição do Festival de Almada vai reunir “alguns dos mais destacados criadores e companhias nacionais e internacionais”, em 20 espectáculos de teatro, dança e novo circo, a apresentar em nove palcos de Almada, como o Teatro Municipal Joaquim Benite, a Escola D. António da Costa, o Fórum Romeu Correia, a Incrível Almadense e a Academia Almadense, e em Lisboa, no Centro Cultural de Belém (CCB), segundo a folha de apresentação da CTA.
O “’teatro da palavra’, ancorado na literatura, está este ano representado por um conjunto de encenadores que se têm dedicado à montagem de peças seminais da dramaturgia universal”, entre os quais Peter Stein, que em 2013 já levara ao Festival “A última gravação de Krapp”, de Samuel Beckett, protagonizado por Klaus Maria Brandauer, e “O prémio Martin”, de Labiche, acrescenta a informação da CTA, que tem direção artística de Rodrigo Francisco.
“O regresso a casa”, de Harold Pinter, (2015) numa encenação de Peter Stein para o Teatro Metastasio Stabile della Toscana de Itália, foi outro dos espetáculos com que o encenador alemão já marcou presença no certame.
Garantida na 40.ª edição do Festival está também a israelita Batsheva Dance Company que se apresenta nos dias 13 e 14 de julho, no CCB, com a sua nova criação, “Momo”, com coreografia de Ohad Naharin, em colaboração com Ariel Cohen. A banda sonora assenta no álbum “Landfall”, que Laurie Anderson gravou com o Kronos Quartet.
Segundo a CTA, que cita o diário israelita Haaretz, “Momo”, “apesar da ironia constante, consiste num contundente alerta contra o crescimento da extrema-direita”, dando a crer que “a fé que Naharin tinha na capacidade de as pessoas tomarem uma posição parece ter dado lugar a um certo desespero”.
Quanto a ”A vida é sonho”, de Pedro Calderón de la Barca, pela Companhia Nacional de Teatro Clássico traz a Portugal, é dirigida pelo encenador Declan Donnellan, com cenografia de Nick Ormerod, dupla que fundou a companhia Cheek by Jowl, em 1981, baseada em Londres.
O encenador, realizador e cenógrafo britânico Declan Donnellan regressa também ao festival português onde, em 2014, marcara presença com “Rei Ubu”, de Alfred Jarry.
Da programação da próxima edição, destacam-se ainda as três récitas do monólogo “Eu sou a minha própria mulher”, de Doug Wright, uma produção do Teatro Experimental de Cascais com encenação de Carlos Avilez, protagonizado por Marco D’Almeida, “espetáculo de honra” votado pelo público na edição do ano passado para regressar este ano.
“Eu sou a minha própria mulher” terá representações nos dias 07, 09 e 11 de julho, no Fórum Municipal Romeu Correia, em Almada.
Vencedor de prémios, entre os quais um um Pulitzer e um Tony Award, o texto “Eu sou a minha própria mulher” conta a biografia de Charlotte von Mahlsdorf, que viveu sob o regime nazi e, terminado o segundo conflito mundial, na parte oriental de Berlim na então República Democrática Alemã.
A peça apresenta-nos uma personagem real que desvenda o seu “museu-antiquário” em cuja cave apresentava clandestinamente espectáculos para a comunidade gay de Berlim.
A programação completa do 40.º Festival de Almada será divulgada a 16 de junho, às 21:00, na Casa da Cerca, adiantou a CTA à Lusa.