Entrevista. Claraboia: “A única coisa que podíamos fazer era tentar ser melhores a cada música”

por João Estróia Vieira,    12 Novembro, 2018
Entrevista. Claraboia: “A única coisa que podíamos fazer era tentar ser melhores a cada música”
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Com praticamente três anos de existência, 2018 tem sido um ano de afirmação para os Claraboia, duo musical composto por Filipa Ribeiro e Rui Sequeira. Dia 5 de Novembro lançaram o seu primeiro single (que deixamos no final do artigo) do esperado álbum Letters e decidimos conhecer um pouco melhor este projecto que se deu a conhecer desde a cidade de Setúbal, uma verdadeira incubadora de talentosas bandas no nosso panorama nacional.

Quem são os Claraboia, como iniciaram este projecto e porquê o nome?

Os Claraboia são um duo formado por Filipa Ribeiro e Rui Sequeira no final de 2015.
Conhecemo-nos nos tempos de liceu e desde então temos tocado juntos em diferentes projectos ao longo dos anos. Claraboia surgiu num ponto em que decidimos levar mais a sério o processo de composição. Materializamos essas canções na gravação de um álbum que há de sair em breve.
O nome Claraboia vem do livro de José Saramago. Tal como o livro, o nosso nome também não tem acento. Este tipo de janela, não convencional, permite um olhar diferente para o mundo exterior e dá espaço à exploração do imaginário e das emoções – como tentamos fazer com a nossa música, numa sonoridade atmosférica.
Associamos também o nome Claraboia aos momentos de infância passados em sótãos, onde estas janelas nos faziam viver o espaço de um modo diferente.

 

Em termos criativos, alguém toma as rédeas ou é um processo conjunto?

É um processo conjunto. Normalmente um faz as melodias das músicas instrumentais e depois outro traz as letras e melodias de voz. No entanto, temos músicas em que o processo foi o oposto. Por isso não temos nenhuma regra. O mais importante é estarmos os dois confortáveis com o resultado de cada música e sentirmos que traduz aquilo que ambos queremos expressar com cada tema.

 

Ainda nesse campo, quais diriam que eram as vossas maiores influências musicais e como classificariam o vosso estilo?

Nestes últimos anos as nossas grandes influências musicais foram os Arcade Fire, Foals, Florence and the Machine, The Smiths.
Para nós é complicado classificarmo-nos com um estilo, no entanto já nos identificaram com Dream Pop e achámos que faz sentido.

 

Setúbal tem sido uma exportadora de grandes talentos musicais nos últimos anos. De que forma é que esse ambiente criativo e socioculturalmente dinâmico desempenhou e desempenha também um papel importante no vosso percurso?

Conhecemo-nos durante os tempos de liceu. Setúbal nessa altura era conhecida por ter uma banda de garagem em cada metro quadrado. Crescemos no fundo com essa pressão saudável de existirem tão bons projectos à nossa volta, não só ao nível da música, mas como no teatro, artes plásticas etc. A única coisa que podíamos fazer era tentar ser melhores a cada música que compúnhamos.

 

Para um projecto ainda relativamente recente, quais diriam que eram as maiores dificuldades e de que forma os Claraboia têm lidado com as mesmas?

Nesta era digital encontramos diariamente bandas pequenas e grandes dos mais diferentes estilos com uma qualidade fora de série. Atingir este nível é complicado, mas em cada ensaio existe sempre uma inquietação por melhorar aquilo que pensamos já estar bom.
Além disto, onde mais gostamos de estar é em cima do palco a tocar as nossas canções para o público e sentir cada reação que ele nos dá de volta. Por isso, andamos a trabalhar para tocar ao vivo tantas vezes como gostaríamos.

 

2018 tem sido um ano em grande para vocês. Já venceram o concurso de bandas do Concelho de Palmela, concurso de bandas Nova música de Lisboa, tendo recentemente tocado no Festival Nova Música e foram tocar também ao Avante. Que mais vai trazer este ano aos Claraboia?

2018 de facto tem sido um ano em cheio para nós. Esses concursos deram-nos o privilégio de partilhar o mesmo palco com grandes bandas em ascensão, mas também com gigantes da música portuguesa que sempre admirámos, tal como o B fachada e Samuel Úria.
No dia 5 de Novembro lançamos o nosso primeiro Single – New Picture – juntamente com o nosso primeiro vídeo clip. Este vídeo foi filmado na Casa da Avenida de Setúbal, uma antiga casa senhorial de que sempre gostámos muito. É um vídeo onde o foco são as memórias e o ensaio constante do futuro e que revela um pouco do que será o conceito do álbum.

 

Pergunta para “queijinho”: para quando o álbum de originais?

O álbum está gravado. Queremos muito que saia no início de 2019 e estamos a trabalhar para isso.

 

Com que projectos a nível nacional mais se identificam e vêem como “exemplos”, pelo seu percurso ou estilo musical?

Como exemplos de percurso, embora diferentes, temos o David Fonseca e o B Fachada, pelas suas capacidades de reinventarem a sua sonoridade e a estética da sua música.
Já pelo estilo musical destacamos Best Youth e Luís Severo.

 

Além do ansiado álbum, o que é que nos reserva o futuro dos Claraboia, seja a nível de concerto ou outras novidades?

Dia 16 de Novembro vamos ter a oportunidade de abrir o concerto de uma das artistas nacionais mais promissoras e de quem gostamos bastante, a Surma, na Casa da Cultura em Setúbal. Apareçam!
Já temos algumas datas fechadas para 2019, que anunciaremos em breve.
O álbum vai sair no próximo ano e queremos que seja o ano em que o damos a conhecer a toda a gente.
Fiquem atentos!

Vídeo do single “New Picture”:

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