Entrevista. Duarte Marques: “Há uma grande desconfiança porque os políticos se colocaram a jeito e também há preconceito”
O projeto Os 230 continua a cumprir a missão de dar a conhecer todos os deputados da Assembleia da República. Desta vez, Francisco Cordeiro de Araújo, fundador da iniciativa, conversa com Duarte Marques, deputado do Partido Social Democrata (PSD).
Nasceu em Lisboa, mas sempre viveu na região de Mação, em Santarém. Considera que teve uma infância ‘à vontade’, com a maior segurança e um grande contacto com a natureza. Talvez por isso tenha nutrido uma paixão por defender a floresta, e tudo o que dela provém.
Trabalhou na Associação de Produtores Florestais (APFC), e considera que o maior problema das florestas portuguesas é a “falta de rentabilidade, falta de investimento e uma grande disparidade por parte dos proprietários e das próprias parcelas de terreno”.
“É preciso haver uma gestão mais concentrada, partilhada e equilibrada dos recursos, em que as pessoas delegam a gestão da sua terra a uma entidade que associe todos, para que se possa tirar rentabilidade. A floresta, se não for rentável, ninguém a vai tratar”, acredita.
Fez o liceu em Castelo Branco e licenciou-se em Relações Internacionais em Lisboa. Inicialmente procurava ser diplomata, mas acabou por ligar-se mais à política, tendo o pai como o seu maior exemplo. Acabou assim por se especializar nas questões europeias.
Relativamente ao seu percurso político, Duarte Marques começou por trabalhar como assessor do ministro Nuno Morais Sarmento. Acredita que, um dos desafios de dar apoio a um executivo é a “capacidade para resolver problemas”. Defende ainda que o poder executivo oferece uma “maior facilidade para resolver problemas concretos”.
Esteve ligado a organizações internacionais, como a União Europeia (UE) e o Conselho da Europa. É com orgulho que relembra a oportunidade de trabalhar com diversos nomes como Vasco Graça Moura, Assunção Esteves, Carlos Coelho, entre outros. Viu a UE “crescer, ganhar mais força e ter mais responsabilidade”.
O deputado acredita que as maiores formas feitas de Portugal são maioritariamente do PSD, em instituições como o Serviço Nacional de Saúde e o ensino superior, principalmente na década de Cavaco Silva. “Foi uma década de crescimento em Portugal, em que recebemos fundos europeus e que víamos uma democracia mais estabilizada”, conta.
Questionado sobre o que mudou desde que foi eleito deputado, Duarte Marques revela que se tornou mais calmo. Conseguiu ainda mudar algumas coisas no distrito que representa, tais como as lutas ambientais. “Sinto que me tornei alguém que as pessoas sabem que as tenta representar. Há aqui um papel nacional de abraçar os grandes temas, mas também há um papel mais pequeno, de resolver assuntos, defender causas e questões mais pequenas. E acho que tenho conseguido juntar as duas coisas”, reflete.
Confrontado com os problemas da banca, nomeadamente com os casos da Caixa Geral de Depósitos e do Banco Espírito Santo, o deputado afirma que o problema é “sempre o mesmo”, e que nas alturas de maior dificuldade e de maior crise, revelou-se os “podres da banca”.
E porque têm os portugueses uma falta de confiança nos seus representantes? O deputado do PSD acredita que isto acontece devido aos “políticos que não se souberam adaptar ao acesso à informação que a população tem”.
Relativamente na área da responsabilidade social, o deputado é vice-presidente da direção da Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (HELPO), com projetos em Portugal, Moçambique, São Tomé e Guiné. Revela que é muito raro falar sobre o projeto, e acredita que não é uma questão de responsabilidade social, mas sim porque através desta organização “conseguem fazer muito, com muito pouco”. Refere também alguns exemplos de atividade e como o projeto tem feito a diferença nestes países.
As escolhas do deputado do PSD
Na segunda parte da entrevista, Duarte Marques responde a perguntas de carácter mais dinâmico. Entre várias questões, considera que os deputados mais carismáticos da Assembleia de República são Jerónimo de Sousa e Luís Marques Guedes, e que o melhor rei português foi, sem dúvida, D. Afonso Henriques.
Entre Tomar e Castelo Branco, o deputado não hesita em escolher onde viveu, Castelo Branco. Já na escolha entre França ou Alemanha, o deputado escolhe onde ainda não viveu, a Alemanha.
E entre Rally e Fórmula 1? Sem dúvida, o Rally. Acredita ainda que 230 só em quilómetros hora, e que 180 deputados eram “mais que suficientes”.
Humildade ou Ambição, Rui Veloso ou José Cid, Ramalho Eanes ou Cavaco Silva, as figuras históricas que mais o inspiram, e até mesmo os livros e filmes que recomenda. São várias as escolhas do deputado do PSD, e que podes ficar a conhecer na entrevista completa.
Por último, Duarte Marques deixa uma mensagem aos portugueses: “Tentem conhecer os vossos deputados. Escrutinem-nos mais, perguntem o que eles andam a fazer. Façam as questões que lhes têm que colocar e exijam mais deles. Se for assim, vão saber se têm um bom deputado ou não. Se tiverem um bom deputado ou representante, vão ganhar um respeito maior pela ação política e parlamentar. Se virem que não presta, também deixam de votar nele e de o considerar. É importante perceber quem está empenhado em defender a sua causa e a causa da sua gente, ou quem está preocupado em seguir o partido em tudo aquilo que ele faz, de forma acéfala e resignada.”
Entrevista escrita por Daniela F. Costa