Entrevista. Exposição da Casa da Arquitetura vai mostrar contributo da arquitetura na democratização do país
A Casa da Arquitetura está a preparar uma retrospetiva sobre o contributo da arquitetura para a democratização do país, essencialmente no acesso a habitação, que assinalará os 50 anos da revolução de 1974, avançou à agência Lusa o diretor.
“A arquitetura deu um contributo muito importante para este processo de democratização”, considerou Nuno Sampaio em entrevista à agência Lusa.
Além da habitação, os arquitetos foram chamados a construir outros equipamentos nos últimos 50 anos, realizados de diferentes formas.
“Vai notar-se perfeitamente o que é a produção da arquitetura e a qualidade com que se produziu, em diferentes formas e em diferentes momentos nestes últimos 50 anos, da entrada na União Europeia, na crise da ‘troika’” e em vários outros contextos, antecipou o responsável pela Casa da Arquitetura, localizada em Matosinhos.
“É uma visão muito importante e que vai extrair muitas ilações sobre como se produziu cidade e se construiu”, acrescentou o arquiteto.
Ao olhar para o percurso que medeia entre 25 de Abril de 1974 e 2024, Nuno Sampaio observou que também os arquitetos “aprenderam à razão da encomenda”, projetando escolas, centros de saúde, museus, habitação.
“Houve uma encomenda e uma perspetiva do Estado que permitiu que houvesse essa execução e a arquitetura portuguesa respondeu de forma muito eficiente, a ponto de ser muito reconhecida pelos prémios que recebe lá fora”, afirmou, destacando os dois Pritzker: Siza Vieira (1992) e Souto Moura (2011).
Além destes dois prémios, considerados os Nobel da arquitetura, são inúmeras as distinções e concursos que os arquitetos portugueses têm alcançado fora das fronteiras do país.
“É muito reconhecida no estrangeiro [a arquitetura nacional]. Devemos estar orgulhosos dessa produção, orgulhosos, enquanto sociedade, de um setor ter conseguido ter o ´know-how´ para conseguir produzir tanta coisa em tão curto espaço de tempo e ter um reconhecimento internacional que ombreia muito Portugal”, disse.
“Julgo que em nenhuma outra área do saber — talvez na área do desporto, do futebol propriamente dito — Portugal tenha tanto reconhecimento no estrangeiro”, estimou o arquiteto, dando conta de discursos de reitores no exterior e apreciações de críticos de arquitetura sobre o trabalho produzido e premiado num país com dez milhões de habitantes. “É absolutamente fantástico!”, exclamou.