Entrevista. Francisco Guimarães. “O mote do livro foi a curiosidade”

por Magda Cruz,    19 Dezembro, 2021
Entrevista. Francisco Guimarães. “O mote do livro foi a curiosidade”
O recém autor Francisco Guimarães no Ponto Final, Parágrafo (Foto: Gustavo Carvalho)
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Se tivesse de ser entrevistado para o próprio livro, “Convocatória”, o tema a falar seria a curiosidade. Francisco Guimarães conta que a sua curiosidade vai muito para além do futebol e prova disso são as diferentes atividades onde está envolvido, para além do curso universitário que está a frequentar. Neste episódio conhecemos melhor o primeiro livro de Francisco e ficamos a saber que quarteto de livros leva a jogo.

Francisco Guimarães é embaixador para a integridade no desporto, comentador de futebol na Sport TV, cronista, orador e agora autor. Aos 15 anos foi o treinador de futebol mais novo de Portugal. Treinou clubes como o Linda-a-Velha, Estoril Praia, 1º de Dezembro e internacionalizou-se no Delhi United, na Índia. E ainda recebe os parabéns dos jogadores indianos que treinou. Nestes clubes, orientou muitas vezes jogadores mais velhos do que ele. 

Neste episódio, que não girou só à volta das quatro linhas, conversámos com este leitor ávido, que publicou o livro “Convocatória – conversas para ir a jogo”, editado pela Casa das letras. O livro tem entrevistas a uma seleção nacional, 23 pessoas, de variadas áreas, divididas pelas posições de futebol. Como escreve Afonso Reis Cabral, num dos prefácios do livro, viver sem decidirmos o nosso onze parece um desperdício, e por isso, Francisco entrevistou personalidades como Albano Jerónimo, Laurinda Alves, Fernando Santos, Miguel Araújo, Miguel Sousa Tavares, José Mourinho e Afonso Cruz. Cada entrevista tem reflexões sobre um tema. 

No livro, César Mourão falou das vantagens de ter sentido de humor, Mafalda Ribeiro chamou a atenção para a beleza que a vida nos traz, da resiliência e identidade. Carlos Fiolhais ajudou a perceber que a física não é muito diferente do futebol. Laurinda Alves trouxe a amabilidade e compreensão do outro para cima da mesa e Fernando Santos, o selecionador nacional, falou com uma fé inabalável. 

Francisco Guimarães durante a entrevista ao Ponto Final, Parágrafo (Foto: Gustavo Carvalho)

Fazer esta seleção foi “um grande desafio”, para Francisco Guimarães. Ao podcast Ponto Final, Parágrafo revela que tinha uma lista com cerca de 40 pessoas “partindo de vários princípios: primeiro, a admiração pessoal e profissional”, mas a esta última não lhe chegava. “A humanidade da pessoa também me interessava e, no fundo, era também isso que eu ia explorar no livro. Não só a parte mais técnica e específica, mas como eram temas — o livro fala sobre temas, que, na realidade são a vida de cada um de nós — precisava desse lado mais humano de cada uma das pessoas para além da competência técnica, porque o livro fala sobre a vida”. Esses foram os primeiros critérios, mas, como em qualquer projeto, Francisco também teve de lidar com a disponibilidade das pessoas. Por fim, teve de perceber se não havia incompatibilidade de temas “porque havia temas que se sobrepunham e havia pessoas que iam falar sobre o mesmo tema, então tive de optar”. 

Foi por se interessar mais por perguntas do que por respostas que escreveste um livro nestes moldes, como até apontou o amigo Francisco Geraldes, no prefácio. “Acima de tudo”, explica o autor, “foi olhar para cada uma das pessoas e perceber o que cada uma delas me poderia dar. Primeiro foi um exercício muito egoísta. Depois foi perceber que o livro ia ter uma amplitude e abrangência tais que podia ser para qualquer pessoa. O livro fala daquilo que existe no coração do ser humano: desde a morte, à beleza, à relação com a adversidade, o sentido de equipa, uma quantidade enorme de temas, que interessa a cada uma das pessoas que existem na Humanidade”.

Algumas das escolhas literárias de Francisco Guimarães (Foto: Gustavo Carvalho)

Neste episódio falamos ainda de “Dia do mar”, de Sophia de Mello Breyner; “Cartas a um jovem poeta”, de Rilke; “A morte de Ivan Ilitch”, de Tolstoi; e de “Diário, 1941-1943” de Etty Hillesum.

Na gravação do episódio, Francisco dava-nos em primeira mão a novidade de que as entrevistas do livro passariam a estar também em podcast. Já há vários episódios disponíveis. Podem ouvir o episódio 1 com César Mourão, sobre adversidade, improviso e alegria — ingredientes para o sucesso; o episódio 2, com José Avillez; o episódio 3, com Carlos Moedas, o episódio 4, com Leonor Beleza; e o quinto, com o Padre Pedro Quintela.

Ponto Final, Parágrafo é um podcast sobre literatura, conduzido por Magda Cruz, na ESCS FM em parceria com a Comunidade Cultura e Arte. Já conta com 53 episódios principais em quatro temporadas. Pode ser ouvido em todas as plataformas de áudio.

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