Hotel Quartet: “O Fado comunica emoções e encontrámos uma forma própria de as comunicar”
Começou ontem, dia 26 de Novembro, no Capitólio em Lisboa, o ciclo “O Fado também é nosso”. Depois de Ângelo Freire, um talento na guitarra portuguesa, ter subido ontem ao palco, é hoje a vez de Hotel Quartet se estrear.
Hotel Quartet é o quarteto de cordas constituído por Maria da Rocha (1.º violino), Denys Stetsenko (2.º violino), Bruno Silva (viola d’Arco) e Válter Freitas (violoncelo) formado originalmente para acompanhar Rita Redshoes na Tour “Her”. Com um espectáculo original dedicado às raízes portuguesas, revisitando vários clássicos do fado e guitarradas, não só com arranjos próprios como ainda a partir de consagrados compositores portugueses, numa perspectiva contemporânea. Ana Bacalhau, Marco Oliveira, Pedro Jóia e Rita Redshoes são os convidados especiais deste concerto.
Tivemos oportunidade para falar com os membros de Hotel Quartet para percebermos o que podemos esperar para a noite de hoje, 27 de Novembro.
Nos últimos anos temos assistido a um renascimento e a reinvenções do fado. Reinventar o Fado é a melhor forma de lhe prestar homenagem?
De facto, de forma a que uma tradição se mantenha viva existe a necessidade, por um lado, de investigar a tradição, conhecer os nomes que marcaram gerações e de que forma foram originais ou mostraram uma identidade no seu tempo, tornando certos nomes mais que outros, imortais. O Fado como fenómeno social, intimista, perante uma comunidade restrita é uma situação a ter em conta quando falamos de fado. No entanto, quando o fado passa para um palco, existe a meu ver, sempre, a necessidade de o re-inventar, pois o simples facto de ser um espectáculo, exige repensar a apresentação tendo em conta a intimidade e intensidade que um palco proporciona em relação a, por exemplo, uma casa de fado.
Reinventar o Fado tem vindo a ser feito das mais variadas formas ao longo dos tempos. Desde cruzamentos com outros estilos musicais à mudança da sua instrumentação original. De facto, tocar temas com a formação de quarteto de cordas é algo em si já diferente. No entanto, em pesquisas e experiências anteriores, muitas vezes os quartetos de cordas têm uma sonoridade muito clássica a tocar fado e pouco parecida ao ambiente intenso de improviso e de decisões feitas no momento que tornam as palavras do fadoconversar com os comentários dos instrumentistas. A forma como tentámos ultrapassar esta situação foi restabelecer este ambiente de fadista mais trio, alternando funções dentro do quarteto, encenando o fado, sempre tendo o contexto das palavras do poema que escolhemos em conta. Para além de termos escolhido temas clássicos que prestam homenagem a Amália, dentro da instrumentação do quarteto, temos também influências estilísticas que a experiência musical de cada elemento denota: clássico, contemporâneo, europeu, rock, metal. Também a escolha dos convidados assinala essa influência: Pedro Jóia, guitarrista de excelência que se dedica ao fado e flamenco como solista e acompanhador de grandes nomes; Rita Redshoes, cantora e madrinha do nosso projecto com sua voz única, que canta em português um novo discurso de empoderamento da mulher, bem diferente daquilo que era apregoado no fado dos tempos da ditadura; Ana Bacalhau, que dispensa apresentações, Marco Oliveira, fadista e guitarrista, autor dos seus fados que nesta noite irão contar com os arranjos do compositor Tiago Derriça. Contamos ainda com um arranjo para quarteto de cordas do Maestro e Compositor Vitorino d’Almeida.
27 Novembro | Hotel Quartet e convidados especiais
Abertura de portas: 20h30
Início do concerto: 21h30
Bilhetes: 15€
28 Novembro | +351 FADO – Os fados de João Gil e João Monge
Abertura de portas: 20h30
Início do concerto: 21h30
Bilhetes: 15€