Entrevista. José Luís Ferreira: “Custa-me a crer que existam partidos ecologistas que não sejam de esquerda”
Prosseguindo com a missão de entrevistar todos os deputados da Assembleia da República, o projeto 230 divulga a sexta entrevista. À conversa com José Luís Ferreira, deputado do Partido Ecologista os Verdes (PEV), Francisco Cordeiro de Araújo, fundador da iniciativa, aborda temas relacionados com o próprio partido, como também com o lado mais pessoal do deputado. O resultado, como tem sido regra, é uma entrevista sem qualquer corte desde o início até ao fim da conversa .
Natural de Vila Pouca de Aguiar, região que define como a “terra sem par”, José Luís Ferreira continua a eleger essa mesma vila de Portugal como destino das férias de verão e de natal. Numa conversa onde explica que foi Presidente da Associação de Estudantes no secundário e dá a conhecer parte da sua infância, o deputado garante que o “bichinho da política” já estava presente antes de ter sido eleito para esse cargo.
De que forma José Luís Ferreira se define quando era criança? “Era o miúdo que tinha opinião e que, às vezes, até chocava os outros pela convicção com que defendia os valores e princípios que acreditava e nos quais continuo a acreditar”, conta.
Indeciso entre estudar Filosofia e Direito, a escolha residiu na segunda opção, mas acabando por se tornar “autodidata” na área da Filosofia. Agora, e depois da experiência que tem tido como deputado, explica aquela que considera ser a importância daquilo que faz diariamente, apesar de dela fazerem também parte dias onde o desânimo fala mais alto. “Quando percebemos que podemos contribuir para melhorar a vida das pessoas e defendermos os valores em que acreditamos, como o desenvolvimento sustentável ou o ambiente, sentimos que vale a pena continuar”.
Partido Ecologista os Verdes: como o definir e o que defende?
Numa conversa onde explica uma diferença que considera ser evidente entre o PEV e o PAN, José Luís Ferreira explica que o PEV é um partido de esquerda, enquanto o PAN se assume numa posição “neutra”. E, sobre isto, o deputado tem uma opinião clara: “custa-me a crer que possa haver partidos ecologistas que não sejam de esquerda”.
Para José Luís Ferreira, e ajudando a esclarecer valores defendidos pelo PEV , “não basta que se extraiam do planeta os recursos que apenas precisamos. É preciso um sentido de justiça na distribuição e no acesso dos recursos do planeta”.
As touradas foram outro assunto abordado durante a entrevista, com José Ferreira a garantir que o PEV assume uma posição contra. Falando deste tema de uma perspetiva mais pessoal, o deputado mostra também uma forte oposição em relação às touradas, consideradas pelo próprio como um ato de “convidar o touro para a festa e depois apunhalá-lo pelas costas”.
“Verão Quente de 1975”
Na segunda parte da entrevista, José Luís Ferreira dá a conhecer algumas curiosidades. Assumindo-se um grande admirador do trabalho de Ricardo Araújo Pereira, o amante da escrita revela ainda com que personalidade gostaria de almoçar se tivesse a oportunidade de escolher: o antigo Presidente da Bolívia, Evo Morales. Mas muitos outras questões fora da esfera política, e não só, foram abordadas na entrevista.
Houve também a oportunidade de fazer referência a questões mais relacionadas com a sua vida profissional. O deputado destaca, por exemplo, o momento que mais o marcou entre as comissões em que esteve presente, esclarecendo ainda o que pensa sobre o orçamento do Estado para 2021 e uma reforma do sistema eleitoral.
Artigo escrito por Ana Filipa Duarte, colaboradora do projeto Os 230.