Entrevista. Lena D’Água: “A minha biografia tem de ter a minha linguagem, tem de ser escrita por mim”
O programa do “Eu Chico em Casa” tem como parceira a Comunidade Cultura e Arte.
Lançado em 2019, “Desalmadamente” marcou o regresso de Lena d’Água aos discos originais. A pandemia, no entanto, fez com que a edição em vinil do disco fosse adiada e alguns concertos deste ano fossem cancelados. Depois da gravação no programa “Eléctrico”, há algumas semanas no Capitólio, a Festa do Avante é o palco para o regresso aos concertos ao vivo com a sua banda. “Duvido que seja possível boicotar a Festa do Avante. Espero muito muito que aconteça e estou convencida que vai acontecer”, confessa Lena, depois de todas as polémicas com a organização do evento.
18 anos depois da participação no “Big Brother Famosos”, Lena d’Água recorda os 15 dias que esteve na casa mais vigiada do país. “Aquilo era uma casota comparada com o que está a acontecer agora. Só tínhamos vista para o céu. Mas foi uma experiência absolutamente incrível.”, acrescentando ainda, sobre o “BB 2020”, que é “sensata” e “num zapping, a fugir dos Covids e dos políticos, apanho o Diogo e fiquei agarrada pela atitude, pela figura e pela voz. Este puto, isto é da minha família.”.
A ligação de Lena com António Variações nos anos 80 foi imortalizada com o disco “Tu Aqui”, de 1989. “O disco foi gravado com poucos músicos, teve muitos computadores, na altura em que os computadores chegaram em grande força e tive um bocadinho de pena disso”. Já no novo século, em 2004, surge nova homenagem ao músico com os “Humanos”, liderados por Manuela Azevedo, David Fonseca e Camané. “Acho o projeto dos “Humanos” muito barulhento. O meu disco não chegou tão longe, tive pena, mas eles eram pesos pesados, artistas fantásticos, foi um êxito incrível. Mas trouxe ao conhecimento de uma nova geração o António Variações e as suas letras e melodias tão simples mas incríveis”, admite Lena d’Água.
A cantora confessa ainda que não viu o filme “Variações”, de 2019. “Não consegui ver uma pessoa a fazer de António. Vi fotografias do Sérgio Praia mas não conseguia rever a doçura daquele pequeno sorriso do António. Um dia quando passar na televisão hei-de ver mas quis deixar a memória do meu António intacta”. Sobre um possível filme sobre a vida e carreira da própria, a cantora confessa que “a Catarina Salinas seria uma possível Lena d’Água”, recordando a participação da vocalista dos Best Youth na série “1986”, da RTP, da autoria de Nuno Markl.
Um dos próximos passos na carreira de Lena d’Água passa pela escrita de uma autobiografia. “Já fui contactada mas os convites são sempre para falar com alguém e depois essa pessoa escrever. Não pode ser. Tenho que ser eu a escrever, a minha linguagem, tem que ser escrito por mim”.
“Eu Chico em Casa” estreou no início de abril e procura ser um talk show tradicional, com muito humor, bons convidados e atuações. Apresentado por Francisco Correia, o Chico, é uma oportunidade de receber pessoas em casa, sem correr qualquer risco. Pelo sofá do Chico já passaram Luís Severo, Ana Markl, João Loy, Joana Barrios, Wandson, Benjamim, Conan Osiris, Inês Lopes Gonçalves, Dino D’Santiago, Cláudio Ramos, Teresa Guilherme, Hugo van der Ding, Rosinha, Nuno Markl, Alba Baptista, Vaiapraia, Sofia Barbosa e Diogo Faro.
Escrito por Francisco Correia, José Paiva e Rodrigo Nogueira, cenário de Dead Mongol, com produção de Diogo Fernandes e a animação e ilustração a cargo do próprio Chico, todas as semanas há conversas animadas, sempre em casa.
Aos sábados à noite, novo episódio do “Eu Chico em Casa” no Instagram, Facebook e YouTube.