Entrevista. Luís Severo: “Tenho intenção de lançar [novo disco] em Setembro de 2021”
Tendo o festival Micro Clima como pano de fundo, Luís Severo falou com o Espalha-Factos e desvendou novidades sobre o novo trabalho.
Antes, de mais, em nome do Espalha-Factos agradeço o tempo que nos estás a dispensar para conversarmos um pouco. Vou começar com uma pergunta talvez um pouco inusitada. Tentei fazer uma pesquisa mas não consegui encontrar resposta. O teu nome artístico é Luís Severo…
Não. É o meu apelido familiar do lado da mãe.
Ah! Não sabia. Estava mesmo convencido que era um heterónimo musical.
Foi uma vontade que fiz à minha avó. Acho que existe um bocado esse equívoco, mas, na verdade, achei que fazia sentido usar esse apelido na música. Isto surgiu porque a minha avó materna tem um filho do sexo masculino mas não tem descendência e como o nome Severo corre sérios riscos de não continuar, decidi optar por esse nome, mas não foi só por isso.
Para além de quereres respeitar o legado da tua avó, quais foram os outros motivos?
Tem também um sentido bastante lógico na minha cabeça que é o lado mais artístico, que veio da minha mãe, enquanto que o apelido do meu pai é o que paga as contas e que vai às Finanças. Herdei da família paterna esse lado mais ‘sério’, pois foram responsáveis por ensinarem-me a tratar desses assuntos.
Foi uma explicação muito bonita. Obrigado por esclareceres.
Aliás o nome Gravito também associo também aos meus tempos de faculdade, porque sempre me trataram pelo meu apelido [risos].
Acabaste de fazer o soundcheck para o concerto que vais dar daqui a bocado. Já conhecias a SMUP?
Sim. Já cá tinha tocado por duas vezes. Uma foi no sótão e outra no palco com a cortina fechada e onde o público estava também no palco. Foi algo muito intimista. Não toco aqui há uns quatro ou cinco anos. [A SMUP] é um sitío que associo a ‘boas vibes’. No outro dia, estava a falar com uma pessoa e disse que isto [o festival] ficava no subúrbio e ficou meio ofendida. Eu sou também do subúrbio, sou de Odivelas e disse-o sem qualquer tom depreciativo. Acho importante que as pesssoas do centro [de Lisboa] comecem a vir mais a estas zonas e não fazerem ‘filmes’ para chegarem cá.
Vais abrir a terceira edição do Micro Clima. Quais são as expectativas?
São muito boas. Pelo que percebi vamos ter sala cheia. Vai ser um concerto diferente para mim, porque, como tenho tido a felicidade de tocar em teatros e em espaços onde a noite é só minha, vou ter que respeitar o tempo da atuação. Ou seja, será um concerto mais rígido do que é hábito muito centrado nos temas que o público quer ouvir, tanto de ‘O Sol Voltou‘ como do disco anterior.
Falando do teu último disco, O Sol Voltou está quase a fazer um ano desde que foi editado [maio de 2019]. Que balanço fazes desse trabalho?
O melhor balanço que posso fazer é que é um disco que me sabe muito tocar ao vivo. Acho que deu algo que ainda não tinha e é muito importante para mim. É a coisa mais diferente que já fiz em relação às outras e isso fez-me sentir que posso ir para sítios que, na minha cabeça, ainda são novos. Se compararmos um tema como Uma Boa Companhia [do álbum homónimo] com a Acácia [de O Sol Voltou], percebe-se que [a última] é uma canção mais densa e entendo que não seja tão fácil [de compreender em termos musicais]. Não posso fazer um mau balanço, porque, felizmente, não me lembro da último vez em que não tive uma sala cheia, graças a esse disco. Sinto também que [O Sol Voltou] catapultou os álbuns anteriores.
Foi uma porta de entrada para muitos novos fãs…
Sim. Sinto que tenho mais pessoas a conhecer o disco homónimo desde o último. Isso é muito fixe.
E os números do Spotify não mentem. Da última vez que vi, tens cerca de 30 mil ouvintes mensais.
Sei que as audições desses dois discos estão muito “taco a taco”. O Cara d’Anjo não tem tantas. Com base nessas informações, eu baseio muito o alinhamento dos concertos nesses discos, enquanto que o Cara D’Anjo toco uma coisa ou outra de forma pontual. Sei que já estou a pensar num novo disco também.
Era isso que ia perguntar… o que podes dizer sobre um novo álbum?
Quero que seja [um disco] muito que seja diferente. Quando penso num novo álbum, crio uma relação de “amor ódio” com o anterior. Se calhar até é mais de ódio. Neste momento só me reconcilio com O Sol Voltou quando toco ao vivo. No estúdio, quando estou a compôr novas canções, a minha tendência é “ódio”. Claro que não o é verdadeiramente, mas serve para distanciar-me em termos criativos. Posso dizer, em primeira mão, que está a ser gravado com muita calma e tenho intenção de lançá-lo em setembro de 2021.
Isso vai fazer com que fiques focado no estúdio ou vais tocar mais vezes este ano?
Não. Eu quero muito tocar ao vivo até ao final deste ano. Depois, em 2021, até quando o álbum sair, não vou atuar.
E sobre o projeto Flamingos? Estão num hiato ou há planos para um regresso?
Estamos a pensar em voltar mas não sabemos a data de regresso. Eu tenho espaço para conciliar as duas coisas, porque mentalmente um projeto não rouba nada ao outro. Nos Flamingos, todas os temas foram compostos juntos [o outro elemento é João Sarnadas], portanto não há conflito.
Entrevista realizada por João Pardal e originalmente publicada em Espalha Factos.