Entrevista. Pedro Filipe Soares: “O BE não defende os regimes da China, Venezuela ou Cuba, ao contrário do PCP. O Livre é mais submisso à Europa do que o BE”
Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), é o quarto convidado do projeto “Os 230”, nesta que é mais uma entrevista conduzida por Francisco Cordeiro de Araújo. Numa conversa onde, entre os vários assuntos, destacou a importância do diálogo na vida política, o deputado fez ainda referência à necessidade de o próprio cidadão ser exigente no que toca a esta matéria.
O líder parlamentar do BE mostrou-se muito satisfeito por, durante a sua “vida parlamentar”, ter estado perante situações bastante diferentes, como, por exemplo, nos casos de governos minoritários ou de dar “apoio” ao governo. Apesar de reconhecer que os casos são díspares, Pedro Filipe Soares acredita que em todos eles o diálogo entre deputados é importante: “Esse diálogo faz parte da vida de parlamento, apesar de muitas vezes não se ver porque não passa nas câmaras na televisão“, afirmou o deputado.
Quando questionado sobre linhas vermelhas, o líder parlamentar do Bloco considera estarem mais associadas ao relacionamento dos deputados do que com o debate em si. É neste sentido, e garantindo não ter dogmas no debate político, que Pedro Filipe Soares acredita que ambas as partes devem estar abertas a discutir qualquer assunto. Por isso, ressalvou na entrevista: “não é tanto o consenso que cria o diálogo, mas sim o respeito pelo outro”.
Do jovem de Castelo de Paiva com consciência política ao adulto que entra para a Assembleia da República a sentir-se um “extraterrestre” por ser dos poucos da área de matemática, Pedro Filipe Soares começou, numa primeira fase, como independente. E nesta entrevista explica por que razão decidiu escolher o BE, apesar de reconhecer que, anteriormente, tinha algum preconceito em relação à atividade partidária, “até porque o que via noutros partidos considerava errado“.
Numa conversa onde explicou de forma sucinta alguns pontos que caracterizam o Bloco, Pedro Filipe Soares não tem dúvidas que existem preconceitos em relação à política. Considerando que há realidades que demonstram que este preconceitos “não são ocos”, o deputado acredita também que não explicam toda a realidade. “Um preconceito tende a sobrepor-se à realidade e isso é errado”, afirmou.
Havendo ainda tempo para falar sobre o 5G, Pedro Filipe Soares fez também referência a uma possível proximidade entre político e cidadão difícil de encontrar noutro país. O líder parlamentar do BE chegou mesmo a afirmar que “as pessoas ficam de boca aberta quando dizemos que ninguém fica à porta da Assembleia”. “Quem vier cá pedir para falar com qualquer grupo partidário entra e é recebido”, assegurou.
Noutro habitual momento das entrevistas, designado por “Verão Quente de 1975”, ficamos a saber que Pedro Filipe Soares prefere, por exemplo, cães a gatos, e, na área da gastronomia, ovos moles a pastéis de nata. Num dos dilemas apresentados, Bernie Sanders é também um dos escolhidos pelo líder parlamentar do BE, ao invés do antigo Presidente dos Estados Unidos Barack Obama.
Artigo escrito por Ana Filipa Duarte, colaboradora do projecto Os 230.