Entrevista. Scott Eastwood: “Para mim, ver o cinema a moldar a cultura em tempo real é o que mais me fascina”

por David Bernardino,    20 Maio, 2021
Entrevista. Scott Eastwood: “Para mim, ver o cinema a moldar a cultura em tempo real é o que mais me fascina”
Scott Eastwood em “Um Homem Furioso”, filme de Guy Ritchie / / Fotografia de Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Inc
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Estreia hoje o novo filme de Guy Ritchie que o junta de novo com Jason Statham, “Um Homem Furioso”, um filme de acção musculado que foge à comédia negra de crime que normalmente associamos ao realizador. Estivemos assim à conversa com os dois protagonistas do filme, Jason Statham e Scott Eastwood, onde se falou da experiência de trabalhar com Guy Ritchie, dos sentimentos de Jason Statham em relação ao cinema que está para trás e da grande motivação de Scott Eastwood enquanto actor.

Olá Scott. É a primeira vez que trabalhas com o Guy Ritchie e penso que ele fez um excelente trabalho a extrair as tuas melhores qualidades interpretativas enquanto actor. Interpretas uma personagem cínica e imprevisível. Como te sentes nessa pele e o que gostaste mais na personagem do Jan?
Scott Eastwood: Definitivamente não é uma personagem que eu já tenha interpretado antes. É alguém que não tem medo de fazer o que quer e quando quer, é muito ousado. Gostei muito de a interpretar, particularmente no que diz respeito aos seus impulsos humanos mais recônditos. Esta personagem deixa-os simplesmente tomar forma. Isso foi muito bom. Foi ao mesmo tempo estranho e libertador. Para mim, é óptimo ter estas mudanças, torna tudo mais excitante.

Olá Jason. começaste a tua carreira com o Guy Ritchie, que realiza este “Um Homem Furioso” (“Wrath of Man”), com o “Um Azar Nunca Vem Só(“Lock Stock and Two Smoking Barrels”) e mais tarde o “Snatch”. Esses dois filmes tinham um maior foco no humor negro, ajudando a moldar o subgénero de “british crime comedy”. “Um Homem Furioso” coloca esse humor negro de lado a favor de uma abordagem de acção pura. Sendo o mesmo realizador como é que sentiste essa mudança de estilo?
Jason Statham: Sabes, é bom trabalhar num filme diferente, isso faz parte da nossa jornada de actor e realizador que trabalham juntos. Adorei trabalhar com o Guy nesses filmes. Existem inúmeras personagens memoráveis no “Lock Stock and Two Smoking Barrels” e no “Snatch”, mas essas são coisas que eu não quero repetir porque já as fizemos e foram relevantes há 20 anos. Entrei no projecto do “Um Homem Furioso” através de uma chamada. Foi uma chamada muito interessante, bastou 30 segundos para me convencer. Gostei muito da premissa e sabia que iria abandonar o género mais típico de comédia do Guy, mas sabia também que este filme iria igualmente transbordar estilo.

Jason Statham em “Um Homem Furioso”, filme de Guy Ritchie / Fotografia de Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Inc

Scott, já te tinhamos visto antes em filmes de acção, particularmente a interpretar personagens militares. Em “Um Homem Furioso” a tua personagem também tem um background militarista na forma como se insere no grupo de antagonistas. Normalmente interpretas o herói e não o vilão e a tua imagem está muito ligada a isso. Como te sentes a interpretar o antagonista?
Scott Eastwood: Acho que é excelente poder chegar a um projecto e ter uma mudança deste género, ainda por cima trabalhando com o Guy Ritchie, o Jason Statham e todos os outros grandes actores que participam no filme. Foi uma grande experiência para mim, senti muita positividade. Foi muito gratificante para mim como actor fazer algo que nunca tinha feito antes. Acho que funcionou muito bem, o filme tem uma bela dinâmica entre personagens e isso é sempre bom.

Jason, reparei que “Um Homem Furioso” é na verdade uma espécie de remake de um filme francês de 2004 chamado “Le Convoyeur”. De que forma é que essa noção de remake impacta a tua performance, obviamente tendo em conta todas as diferenças de estilo introduzidas pelo Guy Ritchie.
Jason Statham: Bem, acho que não há qualquer problema quanto a isso. Não vi o filme original. Não estamos a tentar fazer um filme que alguém já fez ou a interpretar personagens que outros já interpretaram, preferimos ver este filme como algo novo. De certeza que é um grande filme mas prefiro não estar associado ao trabalho que outros já fizeram e por isso escolhi não o ver. “Um Homem Furioso” tem o cunho muito próprio do Guy Ritchie, a sua própria interpretação daquilo que é o filme e tenho a certeza que é muito diferente do outro e acaba por estar modernizado de certa forma.

Post Malone em “Um Homem Furioso”, filme de Guy Ritchie / Fotografia de Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Inc

Scott, li algures que és uma pessoa activa que gosta de fazer stunts nos filmes. Obviamente este é um filme de acção. Este é o tipo de filme onde te sentes mais confortável ou gostarias de diversificar para outros géneros como comédia ou mesmo drama?
Scott Eastwood: Pois, neste momento estou a trabalhar na rodagem de uma comédia romântica em Atlanta. É obviamente uma experiência completamente diferente do que trabalhar com o Guy Ritchie num filme hiper masculino. Enquanto actor considero que são experiências igualmente gratificantes, mesmo sendo totalmente diferentes. Se eu tivesse que fazer o mesmo género sempre provavelmente iria acabar por ficar aborrecido e provavelmente iria piorar naquilo que faço. Quando saltas de estilo e exploras coisas diferentes acabas por te sentir reenergizado e reinspirado para fazer mais e contar histórias diferentes.

Qual a tua visão sobre a época de prémios da indústria do cinema? Tens a ambição de um dia vires a ser nomeado para um Óscar ou um Globo de Ouro? Achas que existe algum preconceito quanto a premiar filmes de género tais como acção ou comédia romântica a favor do género dramático?
Scott Eastwood: Bem, eu faço filmes para contar histórias que sejam inspiradoras ou pretendam entreter o espectador. Se algum dia isso acontecer e for nomeado é óptimo, mas essa não é a minha ambição nem a razão pela qual faço filmes. Como sabes, apaixonei-me pelo cinema quando era muito novo e para mim eles eram magia, uma experiência completamente imersiva na qual estás dentro de um cinema, mas és transportado para outro sítio. Sair da sala e pensar sobre isso é uma coisa muito poderosa e pode abanar a cultura e isso é muito mais fascinante que os outros aspectos da indústria. Para mim, ver o cinema a moldar a cultura em tempo real é o que mais me fascina.

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