Escolas procuram professores para 400 horários ainda vazios
As escolas ainda procuram professores para cerca de 400 horários que continuam vazios, sendo os docentes de Informática, Português e Matemática os mais procurados, segundo uma análise feita pelo diretor escolar Arlindo Ferreira.
Hoje foram conhecidos os resultados da primeira reserva de recrutamento, que permitiu às escolas contratar quase três mil professores: “Foram colocados 1.769 professores contratados em horários completos e incompletos e outros 1.006 docentes dos quadros”, contou à Lusa o professor Arlindo Ferreira, especialista em estatísticas da educação.
No entanto, acrescentou, continuam a faltar professores, em especial na área metropolitana de Lisboa, mantendo-se o padrão da semana passada.
Esta semana, por exemplo, quase um terço dos professores contratados ficou numa escola da zona de Lisboa e da Península de Setúbal (conhecida como QZP 7), sublinhou o diretor do Agrupamento de Escolas Cego do Maio, Póvoa de Varzim.
Os números mostram que 558 docentes foram colocados esta semana em escolas do QZP 7, o que é “mais do dobro dos que foram colocados no QZP 01”, que corresponde ao norte litoral, abrangendo Braga, Viana do Castelo, Tâmega e Porto.
Até às 17:00 de hoje, dia em que arranca a 2.ª reserva de recrutamento, os diretores escolares já tinham publicitado cerca de 400 horários, “mas provavelmente este número vai continuar a aumentar”, revelou Arlindo Ferreira.
A meio da tarde de hoje, as disciplinas com mais horários vazios eram Informática (33 horários), Matemática para os alunos do 3.º ciclo e secundário (32 horários), Português do 3.º ciclo e secundário (31 horários), Físico-Química (27) e, finalmente, Biologia e Geologia, Inglês e História (os três com 24 horários por preencher).
Arlindo Ferreira sublinhou ainda o facto de estar a aumentar, semana após semana, o número de horários anuais para os grupos de recrutamento de Português e Matemática.
Na semana passada estavam em falta seis horários a Português para os alunos do 3.º ciclo e secundário e agora são 31 e a Matemática passaram de 14 para 32, segundo um quadro feito por Arlindo Ferreira, com base nos dados disponibilizados pelas escolas.
O ministro da Educação, João Costa, anunciou na semana passada que estavam preenchidos 95% dos pedidos feitos pelas escolas, que correspondiam à colocação de quase 13 mil docentes.
A falta de professores nas escolas, provocada em parte pelo envelhecimento da classe e pela pouca atratividade da profissão entre os mais jovens, levou o Governo a permitir às escolas que selecionassem docentes detentores de cursos reconhecidos como habilitação própria para a docência.
Entretanto, hoje, a Federação Nacional dos Professores alertou também para o aumento de alunos sem todos os professores atribuídos, uma situação que a Fenprof estima que se agrave com a saída estimada de mais mil professores para a reforma até ao final do ano.
“A falta de professores este ano vai ser um problema mais grave do que nos anos anteriores”, alertou hoje o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, defendendo que este ano letivo “vão aumentar os professores não profissionalizados e o número de alunos sem os professores todos”.