Está de volta o Aveiroshima2027, festival independente de música, performance e novos media

por Comunidade Cultura e Arte,    11 Maio, 2018
Está de volta o Aveiroshima2027, festival independente de música, performance e novos media
HHY & The Macumbas / Fotografia de Isabel Correia

Surgido de entre as cinzas de uma contracultura aveirense que apresentava todos os sintomas de envenenamento por radiação, o Aveiroshima2027 surgiu em Setembro de 2016 para contrariar a teoria de que não era possível organizar em Aveiro um evento absolutamente independente, de forma convictamente DIY e com um orçamento ridiculamente limitado mas que apresentasse, ainda assim, uma programação singular, disruptiva e de qualidade (in)discutível.

Ao longo das suas seis edições anteriores, o Aveiroshima foi-se afirmando enquanto um dos principais eventos alternativos de Aveiro, convidando à cidade uma abundância de artistas insólitos tais como os franceses Putan Club, o russo Guvibosch e os nacionais Estado de Sítio, Holocausto Canibal, Mada Treku, Baleia Baleia Baleia, Vive les Cones, Psicotronics, Dragão Inkomodo, Ohxalá, Mister Teaser, Fulano47 ou Señor Pelota, para citar alguns.

Originalmente nascido do esforço de João Peça (Má Ideia) e Manuel Molarinho (Zigur Artists), e realizado de forma relativamente periódica no espaço do GrETUA (Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Abeiro), o evento passou nesta 7ª edição a ser assinado por João peça e Hugo Branco (VIC // Aveiro Arts House). Definindo-se estilisticamente através da recusa em fixar-se a qualquer estilo, Aveiroshima 2027 atravessa campos como a música, os novos media, a performance e a arte sonora, combinando sem pudor abordagens sonoras tão diversas como o punk, a música experimental, o dub, o grindcore, o techno ou o hip-hop.

Nesta 7ª edição, o evento-manifesto dá um passo em frente —maior do que a própria perna, dirão alguns amigos preocupados— e aposta na programação mais ambiciosa até à data, com a já consagrada (Sonar, Primavera Sound, Neopop, Boom Festival…) actuação dos HHY & The Macumbas, o vibrante espectáculo multimédia do colectivo artístico Lucifer’s Ensemble, o ruidismo DIY do colombiano Jorge Barco (resgatado ao Museu de Arte Moderna de Medllín), a colaboração electrónica luso-russa Antippode e o DJ set de Dead Exploitation (aka Carlos Braz), radialista na RUC.

Dia 19 de Maio, em Aveiro, o evento radioactivo do mês patrocina mais um pontapé nos rins da inércia, mais uma facada nas costas do conformismo, mais um bom estalo de luva branca nas trombas do diz-que-disse.

HHY & The Macumbas / Fotografia de Isabel Correia

HHY & The Macumbas (Portugal)

Ensemble que, desde 2010, tem vindo a explorar as intercepções entre a percussão, o sopro e o eco. Operando a partir de formas musicais e sonoras periféricas, numa investigação contaminada pela eletricidade, percussão cerimonial, caos extático e pelas paisagens suburbanas, HHY & The Macumbas usam o Dub para desvendar o espectro sônico da selva mental. Editaram o single Legba/Houmfort e o álbum Throat Permission Cut, preparam agora o novo disco Beheaded Totem a sair em 2018. Tocaram em festivais como Sonar, Amplifest, Primavera Sound, Out.Fest, Neopop, Boom Festival e Milhões de Festa.

Lucifer’s Ensemble / Fotografia de Daniel Sampaio

Lucifer’s Ensemble (Portugal)

Fruto de residências artísticas em espaços como a Sonoscopia (Porto), Zaratan (Lisboa), Oficinas do Convento (Montemor o Novo) ou Salão Brasil (Cpoimbra), Lucifer’s Ensemble é um projecto de performance musical que combina o teatro físico, as tecnologias interactivas e a arte sonora. O colectivo vem ao Aveiroshima2027 apresentar “LOA”, uma reflexão sobre o Voodoo do Haiti e da Louisiana: na intersecção entre a arte, a antropologia, o experimentalismo e a ancestralidade, “LOA” toma como ponto de partida o trabalho da coreógrafa, bailarina, escritora e realizadora Maya Deren.

Jorge Barco

Jorge Barco (Colômbia)

Artista e produtor cultural radicado em Medellín, Jorge Barco explora as práticas artísticas associadas ao ruído como um campo de investigação de carácter estético, ontológico e de reflexão crítica sobre as tecnologias a partir da criação de objectos sonoros, projectos e performances ao vivo. Coordenador do departamento de New Media do MAMM (Museu de Arte Moderna de Medellín), conta com diversas participações em encontros e festivais latino americanos e europeus dedicados à divulgação e promoção das artes electrónicas, à formação e à arte sonora.

Antippode

Antippode (Rússia/Portugal)

Baseada na utilização ao vivo de maquinaria analógica, a performance musical da dupla Luso-Russa combina sequências preparadas e muita improvisação, gerando as texturas fibrosas e os ritmos envolventes que definem a sua sonoridade característica. Num mergulho exploratório que os leva frequentemente muito além das fronteiras dos seus sintetizadores, samplers, pedais de efeitos e outra parafernália improvável, a música de Antippode traz a descoberto inesperados mundos sonoros que tanto podem emergir sob a forma de performances Techno de alta voltagem, como sob a forma de peças de sonoplastia do outro mundo, desenhadas para teatro, dança ou new media.

Dead Exploitation (Portugal)

Oriundo da margem direita do rio Mondego mesmo ali na eterna Lusa Atenas, Carlos Braz dá voz ao Hip-Hop desde 2006, no programa Suburbano da Rádio Universidade de Coimbra. Dead Exploitation DJ Set é a sua versão Hip-Hopiana mais sombria, dura e agressiva, assente em batidas cruas, hipnóticas e desprovidas de cerimónias. Do oldschool às novas tendências, Dead Exploitation significa essencialmente ego e atitude mordaz de faca nos dentes.

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