ESTE – Estação Teatral, no Fundão, celebra 20 anos com espectáculo, documentário e exposição de fotografia
“Descaminho” é o espectáculo que assinala o 20.º aniversário da ESTE – Estação Teatral, em cena até 3 de Novembro no Auditório da Moagem (Fundão) com sessões de 5.ª feira a sábado às 21h30 e aos domingos às 17h00, realizando durante a semana sessões especialmente dirigidas às escolas da cidade.
“Descaminho” parte de um levantamento de testemunhos orais na zona raiana da Beira Interior e de material de arquivo, obras documentais e literárias e caminhadas de pesquisa pelas rotas de contrabando transfronteiriças. As histórias secretas e as relações de clandestinidade, as entre-histórias políticas e pessoais e o seu eco no imaginário social desta zona, constituem a pedra angular de um espetáculo que, apesar de começar por uma pesquisa etnográfica, antropológica e de arquivo, culmina numa transposição poética, assente nas linguagens do teatro físico, máscara e objetos, bilíngue, na fronteira entre o real e a ficção, entre o vivido e a pós-memória. O espectáculo conta com encenação de Sofia Cabrita e interpretação de Joana Poejo, Javier Ariza e Tiago Poiares.
No âmbito do seu aniversário a ESTE promoveu a realização de um filme/documentário sobre o espectáculo DESCAMINHO, gravado ao longo dos três meses em que decorreu o processo criativo. Este documentário realizado por Ruben Páscoa terá a sua primeira apresentação no dia 3 de Novembro, às 18h30, no Auditório da Moagem, seguindo-se uma conversa/debate com o público e a equipa artística da ESTE.
A exposição “Entre Caminhos” nasce do trabalho documental de preparação para a peça “Descaminho”, criada pela ESTE – Estação Teatral. Neste projeto, Mário Melo Costa e Mafalda Silva apresentam uma visão conjunta sobre as fronteiras que atravessam o nosso mundo — sejam elas físicas, políticas, culturais ou imaginadas.
Nas obras, um fio de bordar vermelho percorre as paisagens capturadas, evocando de forma minimalista as barreiras que nos dividem e nos conectam. A presença delicada do fio, quase imperceptível, contrasta com a profundidade e textura das imagens em infravermelho, sugerindo tensões entre continuidade e separação. Este fio transforma-se num símbolo poderoso pela sua simplicidade, sublinhando a fragilidade e a persistência das fronteiras, sem interromper o fluxo natural das paisagens.
Este trabalho conjunto não faz distinções entre técnicas ou meios, mas revela-se como uma linguagem unificada, onde fotografia e arte têxtil se entrelaçam para refletir sobre o impacto das barreiras visíveis e invisíveis. A exposição convida o público a explorar as divisões que moldam a sua realidade, oferecendo uma meditação visual sobre a relação entre espaço, pertença e exclusão.
A exposição de fotografia de Mário Melo Costa e Mafalda Silva ficará patente na Moagem de 24 de Outubro a 3 de Novembro.