Estreia nos cinemas portugueses série e filme que mostram o cinema feito por mulheres
Inicialmente marcada para 13 de Maio, a estreia e lançamento em DVD e nos videoclubes da grande obra de Mark Cousins, “Women Make Film”, uma história do cinema feita apenas com filmes realizados por mulheres e com 14 horas de duração, teve que ser adiada para 3 de Junho próximo, no cinema Ideal em Lisboa, assim como a estreia de “Be Natural: A História nunca contada de Alice Guy-Blaché”.
Haverá entretanto outras sessões em várias salas, mas em Lisboa haverá assim uma semana especialmente dedicada em exclusivo pelo cinema Ideal ao lançamento desta série e filme.
A edição de “Women Make Film – As Mulheres Fazem Cinema” está também já em pré-venda no Cinema Ideal e na FNAC.
Women Make Film – As Mulheres fazem Cinema de Mark Cousins e “Be Natural – A História Nunca Contada de Alice Guy-Blaché”: A Primeira Mulher Realizadora da História do Cinema de Pamela B. Green são dois trabalhos fundamentais, porque demasiadas vezes a História do Cinema se conta no masculino, e por isso não se reconhece ou é totalmente apagado da história o nome de realizadoras que foram inovadoras, imprescindíveis e que realizaram filmes extraordinários.
Quem sabe quem foi Alice Guy-Blaché? Quase todos reconhecem o nome dos irmãos Lumière, mas quantos saberão o nome da primeira mulher a realizar um filme? Contemporânea dos Lumière e inovadora na forma como se serviu do cinema para contar uma história. “Be Natural – A História Nunca contada de Alice-Guy Blaché” – A Primeira Mulher Realizadora da História do Cinema, narrado por Jodie Foster e realizado por Pamela B. Green, retrata a carreira desta secretária da Gaumont que um ano depois de realizar o seu primeiro filme se torna directora de produção da empresa, realizando dezenas de filmes. Uma carreira que duraria mais de vinte anos, realizando e produzindo mais de mil filmes em França e nos Estados Unidos (onde foi a primeira mulher a fundar um estúdio de cinema. E, no entanto, hoje poucos conhecem o seu nome. É esse apagamento que se pretende corrigir com este documentário.
E se em “Be Natural” se faz justiça à primeira mulher realizadora, Cousins em: “Women make Film – As Mulheres Fazem Cinema” faz a reescrita necessária de toda a História do Cinema.Depois de há meia dúzia de anos editarmos o seu trabalho monumental sobre a História do Cinema: “The Story of Film – An Odyssey”, 15 horas de uma grande viagem pelo grande cinema, lançamos agora uma nova obra, de igual dimensão e duração, mas muito mais extraordinária: “Women make Film – As Mulheres Fazem Cinema”, um épico que lhe tomou quatro anos de trabalho, sobre a história do cinema realizado por mulheres, com excertos de mais de mil filmes realizados desde os primórdios do cinema. Através do olhar de algumas das melhores realizadoras do mundo, Cousins questiona como os seus filmes são feitos, filmados e montados; como as histórias são moldadas e como retratam a vida, o amor, a política, o humor e a morte.
Narrado por Tilda Swinton, Jane Fonda e Debra Winger, entre outras mulheres, esta é uma viagem em direcção ao desconhecido ou ao que raramente foi visto por aquilo que é.Segundo Cousins, muitos trabalhos sobre a história do cinema retratam apenas o trabalho de realizadores. Com este filme, ele cria uma “escola de cinema em que todas as professoras são mulheres”, porque há muita ignorância e cegueira sobre as mulheres cineastas. E o que ele pretende é desafiar essa cegueira e fazer luz sobre o trabalho extraordinário de inúmeras mulheres no cinema. O foco não está nas biografias das cineastas, ou nos obstáculos que elas enfrentaram, mas na sua arte.
Este trabalho monumental está organizado em capítulos temáticos em que Cousins explora as questões de como filmar uma cena de abertura; como apresentar uma personagem; como filmar o sexo, a dança e a morte; como retratar o trabalho ou o amor; e como se exploram os diferentes géneros cinematográficos – comédia, melodrama, ficção científica. As realizadoras apesar de tudo mais conhecidas são naturalmente retratadas, mas também muitas outras que foram sendo remetidas ao esquecimento em todos os períodos da história do cinema e em todos os continentes.
Alguns dos seus nomes são-nos familiares: Akerman, Arzner, Bigelow, Campion, DuVernay, Harron, Kopple, Lupino, Spheeris, Varda. Mas preparem-se para inúmeras descobertas entre os 150 filmes em mais de 30 línguas citados neste épico. Vão descobrir a animadora britânica Alison de Vere ou a sobrevivente de Auschwitz Wanda Jakubowska ou a actriz japonesa que se transformou em cineasta Kinuyo Tanaka. O espectador pode sentir-se confrontado com o seu embaraço ao descobrir falhas no seu conhecimento cinéfilo ou sentir-se enraivecido pela forma como tantas destas cineastas permaneceram na sombra. Mas o mais provável é que todos esses sentimentos se transformem em deslumbramento ao assistir à riqueza e abundância do trabalho das cineastas retratadas.