Estudo sobre ideação suicida nas pessoas Trans decorre até final de julho
Investigadores querem estudar os fatores que protegem as pessoas Trans de ter ideação e comportamentos suicidários, de forma a melhorar o seu acompanhamento pelos profissionais de saúde mental e sensibilizar a comunidade para o tema.
Luís Miguel Martins, estudante do 5º ano de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, está a desenvolver um estudo intitulado “Fatores Psicossociais Associados à Ideação Suicida na Pessoa Trans: Fatores de Proteção e Vulnerabilidade”, em colaboração com o Instituto de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e os médicos psiquiatras António Macedo, Susana Renca e Sara Magano e a psicóloga Julieta Azevedo. O estudo pretende avaliar o papel de algumas variáveis psicossociais e processos psicológicos – ex. aceitação, tolerância ao mal-estar psicológico, abertura à experiência e o apoio social – como possíveis fatores de risco ou de proteção para o desenvolvimento de ideação suicida entre a população Trans portuguesa.
A população Trans é, frequentemente, alvo de estigma social, violência e discriminação, o que em conjunto provoca aquilo a que se chama stresse minoritário sofrido, que tem impacto na saúde mental. Estes fatores causam, em algumas pessoas, níveis elevados de ansiedade, depressão, sentimentos de rejeição, comportamentos autolesivos e suicidários. De acordo com alguns dados globais, 55% das pessoas Trans têm ideação suicida e 29% tentam o suicídio. A tentativa de suicídio é maior em mulheres Trans do que em homens Trans.
Os dados sobre os comportamentos suicidários na população Trans portuguesa são ainda bastante escassos em comparação com outros países. No entanto, um estudo de 2019, revelou que as pessoas Trans portuguesas têm níveis elevados de ideação suicida, comportamentos suicidários e dor psicológica.
Embora vários estudos internacionais tenham identificado um elevado risco de ideação suicida entre as minorias sexuais, o conhecimento sobre como os diferentes fatores psicossociais e processos psicológicos interagem para que uma pessoa Trans progrida para comportamentos suicidários permanece incompleto. De igual forma, são poucos os estudos sobre possíveis fatores de proteção que possam auxiliar na intervenção psicoterapêutica e prevenção da saúde mental nestas pessoas, com vulnerabilidades contextuais inerentes a uma sociedade ainda discriminante e frequentemente aversiva às manifestações e revelação de identidades de género diversas.
O estudo apresentado pretende, assim, perceber quais as variáveis psicossociais e os processos psicológicos que protegem as pessoas Trans portuguesas de ter pensamentos negativos e comportamentos suicidários, com o objetivo de criar condições para uma atuação mais preventiva e um melhor acompanhamento pelos profissionais de saúde mental.
Para participar no estudo, é necessário responder a um questionário, com duração de cerca de 20 minutos, disponibilizado online, ter mais de 18 anos e identificar-se como pessoa Trans.
Como complemento à investigação, surgiu o “Projeto Transformar.”, uma página na rede social Instagram, que tem como objetivo informar, desmistificar e despatologizar os temas relacionados com a identidade de género, bem como alertar para as questões relacionadas com os comportamentos suicidários nas pessoas Trans.
Linhas de apoio e prevenção do suicídio em Portugal
(estas linhas garantem o anonimato tanto a quem liga como a quem atende)SOS Voz Amiga
Lisboa
Das 16h às 24h
213 544 545 – 912 802 669 – 963 524 660Linha Verde gratuita – 800 209 899 (Entre as 21h e as 24h)
Conversa Amiga
Inatel
Das 15h às 22h
808 237 327
210 027 159Vozes Amigas de Esperança de Portugal
Voades-Portugal
Das 16h às 22h
222 030 707Telefone da Amizade
Porto – Desde 1982
Das 16h às 23h
222 080 707Voz de Apoio
Porto
Das 21h às 24h
225 506 070